PM acusado de morte de empresário é executado em Feira de Santana 

Sargento ficou preso por dois anos

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  • Da Redação

Publicado em 15 de novembro de 2017 às 09:36

- Atualizado há um ano

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O sargento da Polícia Militar, Ailton Nascimento da Silva, conhecido como Careca, de 49 anos, foi morto a tiros no início da manhã desta quarta-feira (15), em Feira de Santana. De acordo com a polícia, o sargento estava dentro de casa quando recebeu uma ligação e ao sair foi baleado por um homem que estava em um carro. Ailton foi o 19º policial militar morto este ano, segundo a PM. Foram três em serviço, cinco da reforma ou reserva remunerada e 12 na folga. (Foto: Divulgação) A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a principal linha de investigação para o assassinato é o envolvimento do PM com "atividades ilícitas" - a mais grave delas, continua a SSP,  o homicídio de um corretor de imóveis na cidade, em 2014. Ailton, que integrava uma quadrilha envolvida com grilagem de terrenos, ficou preso por dois anos.

O policial era lotado na 67ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), de Feira de Santana, e foi morto por volta das 5h30. "O militar foi ferido gravemente por disparos de arma de fogo perto da residência e socorrido pelos familiares para o Hospital Geral Clériston Andrade, localizado na mesma cidade, porém não resistiu aos ferimentos. Segundo testemunhas um homem saiu de um veículo e cometeu o crime", afirmou a PM, em nota. 

Informações preliminares são de que a execução do sargento teria sido por tiros de fuzil - contudo a PM não confirma. A confirmação sobre o tipo de arma usada no assassinato do policial dependerá da perícia no corpo do militar, que será feita pelo Instituto Médico Legal de Feira de Santana. 

O sargento pertencia à corporação há 29 anos e deixa mulher e dois filhos. O sepultamento ainda não foi informado pela família. O crime será investigado pela Polícia Civil.

Liberdade provisória O sargento estava em liberdade provisória desde outubro do ano passado - por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele havia sido preso em agosto de 2014, acusado de envolvimento no assassinato do empresário Gil Marques Porto Neto, ocorrido no dia 21 de maio. Gil era dono da GP Imobiliária. Na época, o corretor foi morto com sete tiros.

Em nota, a PM informou que o sargento foi inocentado por falta de provas e o processo foi arquivado em 2017. "Durante dois anos, desde 2014, ele ficou preso no Batalhão de Polícia de Choque enquanto prosseguiam as investigações da morte do empresário Gil Porto", destacou a corporação. 

Já a SSP informou que a 1ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Feira de Santana) está investigando a morte do policial. "Ele esteve preso por envolvimento em práticas ilícitas, a mais grave delas o homicídio de um corretor de imóveis, no ano de 2014, apontado como mandante. Ainda não se identificou os autores e a linha de investigação gira entorno do envolvimento do militar com atividades ilícitas. Informações que ajudem na investigação podem ser enviadas através do 181 (Disque Denúncia para o interior) e 190", afirmou a SSP. 

Grupo de extermínio O ex-agente penitenciário Gregório Santos Teles, liderava a quadrilha que agia como um grupo de extermínio e contava com a ajuda do policial militar. Gregório é apontado como mentor e executor do assassinato de Gil. O crime foi causado por uma disputa de um terreno na Avenida Nóide Cerqueira.

A área tinha sido vendida pela imobiliária de Gil Porto Neto pelo valor de R$ 720 mil no ano de 2011. No ano seguinte, Gregório disse ser dono da área.

A quadrilha já tinha um esquema para invadir e negociar ilegalmente terrenos na cidade, sob comando de Gregório. Eles identificam um terreno, invadiam e se depois de cerca de dez dias não recebessem reclamação, erguiam um muro e se preparavam para negociar.

Depois de ser avisado da invasão, Gil foi até o local e encontrou uma placa de venda com o contato de Gregório. Depois de um confronto, a quadrilha recuou, mas meses depois voltou ao local e ergueu um muro. Gil voltou a procurar Gregório e houve uma briga entre os dois - o grileiro ameaçou o corretor.

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"Gil Porto vendeu legalmente o terreno, agiu como corretor, recebeu pela corretagem. Gil Porto foi defender o cliente dele. Ele morreu porque foi correto, porque foi direito, porque vendeu e queria entregar o terreno ao verdadeiro dono. Ele foi uma pessoa correta que foi vítima dessa quadrilha", explicou, à época, a delegada Dorean Soares.

Em abril deste ano, um dos envolvidos no caso também foi morto com 30 tiros.