Polícia faz reconstituição de ação da Rondesp que deixou 12 mortos no Cabula

Reconstituição da ação policial começou na noite desta quarta-feira (27). Caso aconteceu em fevereiro deste ano

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  • Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2015 às 19:24

- Atualizado há um ano

A ação policial da Rondesp que deixou 12 mortos na Estrada das Barreiras, no bairro do Cabula, em Salvador, começou a ser reencenada pela polícia na noite desta quarta-feira (27), e segue pela madrugada desta quinta-feira (28). O objetivo da reconstituição é esclarecer todos os fatos em torno do crime, que aconteceu no dia 6 de fevereiro de 2015, na Vila Moisés.

O Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), responsável pela investigação, vai acompanhar o trabalho do Departamento de Polícia Técnica (DPT). Polícia fará reconstituição de ação da Rondesp que deixou 12 mortos no Cabula.(Foto: Evandro Veiga/Correio*)O delegado José Alves Bezerra, diretor do DHPP, informou que 70 policiais vão atuar na reconstituição. Um ônibus da Polícia Civil, utilizado em grandes eventos, como Carnaval, e uma Delegacia Móvel darão apoio à ação. "Estamos aqui para dirimir todas as dúvidas, elencando a sequência cronológica dos fatos", explicou Bezerra.

Seis peritos do DPT são responsáveis por produzir no local as mesmas condições relatadas nos depoimentos. Para isso, a região teve o acesso bloqueado, até mesmo para moradores do bairro. Apenas os profissionais envolvidos na ação terão acesso ao local.Uma área foi disponibilizada para os veículos de imprensa que desejam fazer a cobertura da reconstituição. Integrantes da Companhia de Controle de Tumulto e Distúrbio Civil (CTDC) do Batalhão de Polícia de Choque, do Esquadrão de Motociclistas Águia e da 23ª Companhia Independente da PM (Tancredo Neves) estão presentes na ação.Casas vizinhas ao local onde aconteceu a ação foram atingidas pelos disparos.(Foto: Marina Silva/Correio*)Relembre o casoNa madrugada do dia 6 de fevereiro, 12 pessoas foram mortas e três ficaram feridas após um suposto confronto com a polícia no bairro do Cabula, em Salvador. De acordo com a Central de Polícia, o tiroteio aconteceu por volta das 4h, na Estrada das Barreiras, entre um grupo com cerca de 30 homens e uma guarnição da Polícia de Rondas Especiais (Rondesp Central).Segundo a Polícia Militar, a guarnição da Rondesp recebeu a informação de que o grupo planejava arrombar uma agência bancária na Estrada das Barreiras. A PM encontrou um veículo abandonado durante uma ronda na área, e ao investigar a denúncia, percebeu que cerca de 30 homens estavam escondidos em uma baixada.A guarnição foi recebida a tiros, e um sargento da Rondesp foi atingido de raspão. A PM revidou e feriu 15 homens durante o confronto. Eles foram socorridos para o Hospital Roberto Santos. Das vítimas, doze não resistiram aos ferimentos e morreram após dar entrada na instituição.

[[saiba_mais]]ExecuçãoO Ministério Público Estadual (MPE) concluiu, em investigação própria, que houve execuções na operação policial que resultou em 12 mortes na comunidade de Vila Moisés, no Cabula. A apuração, concluída na sexta-feira, foi baseada em depoimentos e laudos periciais. O resultado foi antecipado pelo CORREIO, no dia 2 de abril, com a publicação de informações exclusivas sobre os laudos cadavéricos que traziam, pelo menos, cinco indícios de execução na operação contra suspeitos de fazerem parte de uma quadrilha de assalto a bancos e terminais de autoatendimento. Mãe e avô de Alexsandro, um dos mortos, se desesperam durante o sepultamento"Ele gritava 'socorro', mas ninguém podia fazer nada", desabafou pai.(Foto: Arisson Marinho)Ao saber do resultado da apuração do MPE, um dos parentes dos 12 mortos comemorou. "Essa é uma boa notícia. Justiça é para ser feita, mas isso já é alguma coisa. É uma esperança. Peço a Deus que os culpados paguem", declarou a tia de um dos jovens mortos, que teve o nome preservado, por segurança.A conclusão do MPE contraria a versão de que houve um auto de resistência, assim divulgada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA).  No entanto, a promotoria diz que ainda não pode dizer se os réus serão acusados de cometer homicídio qualificado."As qualificadoras dependem do entendimento dos seis promotores", declarou Gallo, que lidera uma comissão que apura o caso, numa investigação independente do inquérito policial e militar também instaurados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e a Corregedoria da Polícia Militar. Comunidade de Vila Moisés, no Cabula, ficou marcada por mortes de 12 suspeitos deassalto a banco durante ação da Polícia Militar em fevereiro.(Foto: Evandro Veiga/Correio*)VingançaOs nove policiais militares envolvidos no caso planejaram o crime como vingança. Esta foi a conclusão que o Ministério Público da Bahia (MP-BA) chegou após denunciar os militares pelo crime de homicídio e lesão corporal contra outras seis pessoas.A chacina foi motivada por um confronto entre a polícia e traficantes da Vila Moisés no dia 17 de janeiro de 2015. Na troca de tiros, um tenente da Rondesp foi baleado no pé e dois jovens morreram. O MP-BA concluiu que a incursão na Vila Moisés no dia 5 de fevereiro foi premeditada e vista pelos envolvidos como uma "resposta a altura" ao tráfico de drogas na área. Foram denunciados pelo órgão público o subtenente Júlio César Lopes Pitta, identificado pelo MP como o mentor da chacina, assim como os soldados Robemar Campos de Oliveira, Antônio Correia Mendes, Sandoval Soares Silva, Marcelo Pereira dos Santos, Lázaro Alexandre Pereira de Andrade, Isac Eber Costa Carvalho de Jesus e Lucio Ferreira de Jesus, assim como o sargento Dick Rocha de Jesus.