Prédios públicos economizam até 30% de energia com medidas de eficiência energética

Programa da Coelba torna mais sustentáveis as instalações do Teatro Castro Alves, Instituto de Cegos da Bahia, Iperba e SDE

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  • Murilo Gitel

Publicado em 10 de setembro de 2017 às 15:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Obter o melhor desempenho na produção de um serviço com o menor gasto de energia possível é a base do conceito de eficiência energética. Um exemplo prático é o Programa de Eficiência Energética da Coelba, implantado em três prédios públicos de Salvador desde o ano passado e que agora contemplará também o Teatro Castro Alves (TCA).

Regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o programa já realizou a ‘eficientização’ do Instituto de Cegos da Bahia (ICB), Maternidade Iperba e Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE). Juntas, as três instituições geraram uma economia de 241 MWh/ano, o que equivale ao consumo de cerca de 2 mil residências baianas.  O investimento da concessionária nesses projetos foi de R$ 308,5 mil. 

O objetivo da iniciativa é assegurar a melhor utilização da energia distribuída pela companhia, por meio da implantação de medidas que promovam o uso racional da energia elétrica para esses consumidores. A primeira etapa consiste no levantamento de dados para o diagnóstico energético – tanto nas instalações quanto nos hábitos de consumo dos colaboradores das instituições.

Nesta fase, foram avaliados todos os sistemas que utilizam a energia elétrica, a exemplo da iluminação, aquecimento de água e ar-condicionado, a fim de detectar os pontos de desperdício de energia. A partir desse estudo, foram apontadas as soluções que, econômica e tecnicamente, melhor se aplicam para reduzir o consumo de energia e a demanda de potência.

Chamadas Públicas Na maternidade Iperba, conta de luz baixou de R$ 34 mil para R$ 28 mil mensais  (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) A gerente de Eficiência Energética da Coelba, Ana Mascarenhas, comenta a importância do projeto. “Os recursos para a eficiência energética estão na tarifa de energia, então eles são custeados por todos os consumidores. Damos uma atenção especial aos prédios públicos porque é um benefício que volta para a sociedade”. 

Ana Mascarenhas reforça que, além das medidas aplicadas aos prédios públicos, também há todo um treinamento sobre manutenção voltado aos funcionários que trabalham nesses edifícios, o que estimula a disseminação do tema. 

Segundo a gerente da Coelba, a Aneel não permite que a empresa escolha os prédios que serão contemplados, o que deve ser feito por meio de chamada pública , a próxima está marcada para 15 de setembro. Nesse caso, os prédios governamentais precisam apresentar projetos. “Se não apresentarem, esse dinheiro sobra e nós utilizamos o recurso em instituições que já haviam nos procurado”, explica. 

Economia

Identificar os benefícios da eficiência energética não é tarefa difícil. No Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), o valor da conta de luz, que chegava a R$ 34 mil mensais, hoje caiu para R$ 28 mil. “Nós tínhamos aqui aparelhos de ar-condicionado com mais de dez anos de uso. A Coelba nos doou 80 novos aparelhos e cerca de 900 lâmpadas de LED. Segundo nossas medições, só com a adoção de ar-condicionado mais eficiente, houve uma redução de 20% a 22% do consumo mensal de energia. As lâmpadas LED têm vida útil de 24 mil horas, contra 7.500 horas das fluorescentes antigas”, comemora Antônio Carlos de Cerqueira, coordenador de Manutenção da entidade. No Instituto de Cegos da Bahia, programa possibilitou troca de ar-condicionados antigos e de lâmpadas fluorescentes por LED (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) A parceria da concessionária com o Instituto de Cegos da Bahia (ICB) é antiga, e possibilita, por exemplo, que as faturas sejam impressas em braile para os clientes que têm deficiência visual. Agora, ela também envolve a sustentabilidade ambiental. “Até o ano passado nós tínhamos aparelhos de ar-condicionado de janela, sem o selo Procel, e a Coelba providenciou a troca desses equipamentos (cerca de 20) por outros mais eficientes. Posteriormente nos foram doadas lâmpadas LED (em torno de 300), que também propiciam uma economia fantástica. Vejo essa ação como algo positivo, partindo de uma empresa privada para uma instituição filantrópica, que a exemplo de todas as demais precisa correr atrás para sobreviver”, destaca João Bosco Dias, coordenador do Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação do ICB.

Estímulo

O diretor administrativo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, Rodrigo Coutinho, observa que a média do valor da conta de luz no órgão chegava a R$ 16 mil no primeiro semestre de 2016 (36 a 44 mil kwh/Mês). Com as novas lâmpadas, a média hoje é de R$ 11.500,00 (26 a 30 mil kwh/mês). 

“Houve a doação de 1.035 lâmpadas LED (tubulares e compactas), o que por si só já propiciou uma redução de 20% do nosso consumo mensal de energia. O Estado é um grande consumidor da Coelba, senão o maior. É uma forma de estimular as unidades estaduais e até dos municípios a buscarem meios alternativos e eficientes para a utilização de energia, isso poupa tanto no bolso quanto no meio ambiente”, ressalta Coutinho.

Teatro Castro Alves

Em andamento, o projeto da Coelba pretende agora reduzir, em aproximadamente 34%, o consumo atual de energia elétrica do Teatro Castro Alves, prédio que é tombado desde 2014 como patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No TCA, a ação foi iniciada em fevereiro com intervenções na central de água gelada e no sistema de iluminação. A conclusão de todas as ações está prevista para dezembro.

No sistema de iluminação haverá requalificação das luminárias instaladas com a substituição das lâmpadas fluorescentes e reatores por LED.  A previsão de redução do consumo é de 261,07 MWh/ano, o que representa uma economia em torno de R$ 132 mil.  A substituição dos equipamentos da central de água gelada vai gerar uma economia de 344,84 MWh/ano, cerca de R$ 175 mil.  A central de ar condicionado do TCA vai receber um novo chiller para garantir a climatização do ambiente com consumo de energia mais eficiente.

No sistema de iluminação geral do teatro, nos escritórios, Concha Acústica e na garagem serão substituídas aproximadamente 3.900 lâmpadas tubulares fluorescentes de 32W com reator, por LED tubulares de 18W. A diretora artística do TCA, Rose Lima, destaca a importância do projeto e da requalificação do local. “Estamos comprometidos em aprimorar as estruturas e garantir economicidade própria de um espaço público”.

As lâmpadas incandescentes de 3,2W, que fazem a sinalização das poltronas da sala principal, serão substituídas por LED de 1W. As do estacionamento lateral do teatro e do acesso à Concha Acústica serão substituídas por LED de 18W.  “O principal objetivo é minimizar o consumo de energia do teatro e, ao mesmo tempo, enfatizar sua bela e importante arquitetura”, explica Ana Mascarenhas.

Entre 2009 e 2016, a Coelba investiu, por meio do Programa de Eficiência Energética, R$ 3,54 milhões na eficientização de 17 prédios públicos em Salvador e no interior do estado, o que gerou uma economia de 1.667,95 MWh (megawatt/hora) por ano - equivalente ao consumo mensal de 15.100 residências baianas.

De acordo com informações da Coelba, os prédios que já foram ou estão sendo eficientizados são:  Teatro Castro Alves, Maternidade Iperba, Mansão do Caminho, Hospital Roberto Santos e Hospital Geral do Estado (HGE). Já em processo para serem contemplados, a gerente de eficiência energética da companhia cita o Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GAAC), Hospital Santa Izabel e Biblioteca dos Barris.

Combate ao desperdício

Os contratos firmados pelas empresas concessionárias do serviço público de distribuição de energia elétrica com a Aneel estabelecem obrigações e encargos perante o poder concedente. Uma dessas obrigações consiste em aplicar anualmente o montante de, no mínimo, 0,5% de sua receita operacional líquida em ações que tenham por objetivo o combate ao desperdício de energia elétrica, o que consiste no Programa de Eficiência Energética das Empresas de Distribuição.

As diretrizes para a elaboração dos programas encontram-se estabelecidas na Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000, bem como aquelas contidas nas resoluções da Aneel específicas para a eficiência energética