Prejuízo com incêndios na boate é de R$ 200 mil

Valor foi estimado por sócio da XYZ e Zero; festas serão mantidas

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  • Raquel Saraiva

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 22:13

- Atualizado há um ano

Cheiro de queimado, equipamentos elétricos derretidos, cadeiras e chão cobertos de fuligem e paredes destruídas compõem o cenário que restou após dois incêndios seguidos em um local que funciona há menos de um ano. Assim terminou o final de semana na Pirâmide do Rio Vermelho, na Rua Conselheiro Pedro Luís. O prejuízo é calculado em cerca de R$ 200 mil, mas o acidente poderia ter sido pior. Isso porque as duas boates que funcionam no local - XYZ e Zero - juntas têm capacidade para 1.500 pessoas, mas estavam fechadas desde o Carnaval e só reabririam no próximo final de semana. Ninguém ficou ferido no incêndio.

Segundo Pedro Sarkis, sócio da XYZ, os locais contavam com isolamento acústico antichamas e sistema de segurança anti-incêndio adequados, como splinkers no teto e portas corta-fogo. “Fui o primeiro a entrar no local, junto com os bombeiros, que chegaram 10 minutos após a primeira chamada”, ele conta. 

Daniel Requião, sócio da Zero e da XYZ, disse que ainda não conseguiu avaliar todas as perdas. “Pelo que vi até agora, o prejuízo é em torno de R$ 200 mil”. O valor exato deve ser calculado após o resultado da perícia no local. As duas casas, que abriram em junho do ano passado, não tinham seguro contratado atualmente.

Chamadas seguidas Moradores que vivem próximos ao local teriam ligado para o Corpo de Bombeiros às 2h40 da manhã, segundo a assessoria. “O fogo estava em um ponto da Zero. Depois de controlar a situação, os bombeiros foram embora e eu ainda fiquei no local, para ver como estava o restante da boate, e parecia tudo sob controle”, lembra Pedro. 

Outro chamado foi feito no início da manhã. Por volta das 5h, os bombeiros retornaram ao local. Segundo a assessoria, os incêndios não tinham ligação e aconteceram em locais afastados.

De acordo com a assessoria do Corpo de Bombeiros, a causa dos incêndios só poderá ser revelada após avaliação da perícia técnica, que deverá ser divulgada em até 10 dias. A guarnição não informou quais são as exigências de segurança contra incêndio exigidas para um local com capacidade para 700 (Zero) ou 800 (XYZ) pessoas. 

Festas Segundo Pedro, algumas festas que já estavam agendadas devem ser relocadas para o Portela Café, também no Rio Vermelho. A parceria ainda está sendo acordada. As alterações serão divulgadas ainda esta semana nas redes sociais das boates.

“A XYZ não deve demorar de reabrir porque só parte do telhado foi danificado, mas a Zero vai demorar mais. Ainda temos que aguardar a perícia para poder mexer no local”, afirma Daniel. O outro sócio, Pedro, destacou que as medidas de segurança sempre foram uma preocupação dos sócios. “Nós trabalhamos com som, que gera vibração, então queremos ter segurança para fazer o que for necessário na estrutura antes da reabertura”.

Lei A lei que estabelece normas de segurança para o funcionamento de casas de espetáculos foi sancionada pelo presidente Michel Temer em 31 de março do ano passado. O texto trata de medidas de prevenção e combate a incêndios e desastres em estabelecimentos de reunião de público.

A Lei 13.425/2017, conhecida como Lei Kiss, foi sancionada com 12 vetos. Um dos trechos retirados definia que o descumprimento das normas seria considerado crime, sujeito à pena de prisão e multa.

À época, a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria criticou os vetos à lei. A tragédia na Boate Kiss ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria (RS). O incêndio deixou 242 mortos.