Projetos cidadãos incentivam sonhos com uma Salvador sustentável

Exemplos inspiradores foram mostrados no Fórum Agenda Bahia para motivar engajamento

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  • Carol Aquino

Publicado em 31 de agosto de 2017 às 00:00

- Atualizado há um ano

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Quantos metros quadrados comportam o desejo de uma Salvador mais sustentável e acolhedora para seus moradores? Na sede da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), no Stiep, o auditório e outros espaços ficaram pequenos para comportar os sonhos das centenas de participantes do seminário Cidades, segundo evento do Fórum Agenda Bahia 2017, que aconteceu ontem, das 8h às 17h30, reunindo um público eclético e, na sua maioria, formado por gente jovem e engajada e por ativistas sociais; além de empresários, gestores públicos e especialistas de diversas áreas. Todos unidos para pensar e construir um futuro de transformações positivas.

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Para inspirar quem pensa em se envolver nesse tipo de iniciativa, esses sonhadores trazem exemplos  de projetos que são pequenas sementes regadas com ações voluntárias e muita articulação entre vizinhos. Querem um exemplo? Pois tem vários. Boa parte deles pode ocorrer, inclusive, a poucos metros de onde você mora.

Em Salvador, uma turma que gosta bastante de mergulhar entre os naufrágios de antigos galeões, no Porto da Barra, se reúne desde 2009 para catar as latinhas de alumínio descartadas no mar. Segundo Bernardo Almeida, do Fundo da Folia, a ação começou em um Carnaval, mas acabou se estendendo a outras épocas do ano. Todo o material reunido é entregue para recicladores de cooperativas da cidade.

Ali no Itaigara, Mauro Amici, da Apita (Associação de Amigos do Itaigara) mostrou o projeto de arborização que transforma calçadas, parques e terrenos baldios do bairro em lugares mais verdes e aprazíveis.

No auditório da Fieb, pouco antes do começo de uma palestra sobre mobilidade urbana, a servidora pública Marcella Marconi, 34, foi a única pessoa que levantou a mão quando foi perguntado se alguém da plateia tinha ido para o evento pedalando. Debaixo da cadeira em que estava sentada, a sua companheira: uma  bike dobrável. 

O caso de amor entre Marcella e as “magrelas” começou em 2013. Impossibilitada de correr, aderiu ao ciclismo por lazer.  “Muito rapidamente, comecei a ver a bicicleta como opção e recebi ajuda de  ciclistas mais experientes”.

Tão interessada no evento quanto Marcela estava  Daniela Pereira, 47, que trabalha com relações internacionais e soube do fórum pela televisão. Foi sua primeira vez no Agenda Bahia, que é promovido pelo CORREIO há oito anos, mas ela já pegou o espírito do evento, que é justamente fomentar ideias e legar sugestões para a cidade: "As palestras foram muito interessantes, mas acho que esses debates  são só o início, as discussões apresentadas  têm que continuar", conta ela.

No turno da tarde, Vicente Mattos, diretor de relações institucionais do Sinduscon-BA, comentou que o Agenda Bahia tem crescido ao longo dos anos e que o evento é um grande motivador para que as entidades estimulem os vários segmentos de Salvador a discutirem temas pertinentes. “Esse ano, a temática foi bem atual diante do cenário. Participei também das palestras pela manhã e achei que o evento como um todo é vitorioso e muito colaborativo para a cidade. Espero que as pessoas que tem poder de decisão possam assimilar isso e dar sequência a esse dia”. 

Lixo Zero em São Paulo

Para colaborar com as sementes de mudança, Mateus Mendonça, um dos palestrantes do seminário, trouxe de   São Paulo um exemplo de cidadania envolvendo um dos principais problemas dos centros urbanos, o lixo acumulado.

Na rua Laboriosa, Vila Madalena, na zona oeste da capital paulista, a aposentada Sônia Regina Amarante, que mora no local há 60 anos, começou, no final de 2015, a coletar todo o material reciclável que seus vizinhos jogavam fora. Ela juntava tudo no próprio quintal e, no único dia da passagem do caminhão da coleta seletiva pela rua, entregava os resíduos.

Da iniciativa solitária de dona Sônia nasceu o projeto Rua Lixo Zero. A iniciativa quer transformar a Laboriosa no primeiro local de São Paulo que destina para tratamento 100% do lixo que gera. 

“As mudanças não são fáceis e nem da noite para o dia, mas é importante a união entre vizinhos e voluntários", enfatiza Mateus. E aí, se animou para mudar a cidade?