Quando chega o tempo das promessas

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  • Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2017 às 10:48

- Atualizado há um ano

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Novembro chegou, o sol agora prevalece e os dias, as farras, o corpo, o juízo e tudo mais que sua imaginação quiser somar vão esquentando gradativamente à espera do Verão. E, como todos os anos, esse período marca também a abertura da temporada de promessas voltadas ao futebol.

Como o (mal feito) calendário do Campeonato Brasileiro se repete ano a ano, a reta final da competição bate sempre no mesmo período da folhinha e todo mundo começa a fazer contas e apelar para as forças ocultas, seja lá qual for a crença.

Geralmente, torcedores do Bahia e do Vitória se veem obrigados a fazer promessas para fugir da Série B, seja pelo risco de queda ou pela incerteza do acesso à Série A, quando estão na segundinha. Este ano, porém, os tricolores têm motivo mais nobre.

“Se o Bahia for pra Libertadores, no dia da Lavagem eu ando de Itapuã até o Bonfim!”, bradou o cidadão enquanto pisava na areia. A turma do baba fazia aquele aquecimento de migué, alongamento idem, quando ele completou o plano: “Em vez de bater o feijão no Mercado Modelo, vou bater lá em Itapuã ceeeedo. Depois ando minha porra até a colina!”. A boleirada praiana riu, mas, a bem da verdade, quem duvida?

Um amigo relata que, num dos seus milhares grupos de WhatsApp, dois ou três já assinalaram que, alcançado o mesmo objetivo, tomarão banho na Fonte das Pedras, aquela mesma que batiza a ladeira que leva à Fonte Nova. A isto, dá-se o nome de Promessa de Alto Risco (PAR).

Entretanto, do lado rubro-negro, ainda vigoram as promessas inspiradas por uma missão menos gloriosa e bem conhecida: escapar do rebaixamento.

Um bom amigo, que jogara a toalha no primeiro turno, ficou em êxtase com a reação no meio do torneio, caiu em desânimo há algumas rodadas e voltou a acreditar após o triunfo contra o Palmeiras, já avisou: se não cair, paga três “grades” pra galera. Certo de que o Vitória cai, um Baêa tentou transmutar aquilo num compromisso de aposta, mas o rubro-negro tirou o corpo: “Não entro em aposta. Promessa é promessa”.

Outro rubro-negro, pegando caminho oposto, garante: “Se o Vitória se salvar, fico um ano sem beber”. Analisando o currículo do rapaz, ninguém bota muita fé nisso, mas, caso o Vitória fique na primeira divisão, ele que arque com as consequências de não seguir o juramento.

Para completar, tem aqueles que baseiam seu compromisso numa análise combinatória, talvez pensando em, futuramente, dar um drible de corpo no pagamento. Muitos querem que o Bahia vá a Libertadores e o Vitória caia. Do outro lado,  os que desejam que o Vitória fuja da degola e, ao mesmo tempo, que o Bahia não consiga mais que uma vaga na Sul-Americana.

Assim, se apenas uma das premissas se realizar, o cara fica de boa e diz que não deve nada a ninguém, neste ou noutros planos, muito menos a sua consciência.

Coerente mesmo é Jorge, guardador de carros que atua no Centro da capital baiana. Esses dias, frente ao questionamento sobre o que faria se o tricolor fosse pra Libertadores, sequer titubeou: “Rapaaaz, vai ser cana até ‘umazora’!”.

É assim quando o pagamento da promessa já faz parte da rotina: não há problema nenhum em cumprir com a palavra.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.