Radares registram mais de 730 mil infrações por alta velocidade na Bahia

BR-324 é a segunda que mais multa; BR-116 lidera

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 13:31

- Atualizado há um ano

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Foto: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO Se tem um trecho da BR-116 que o caminhoneiro Leslie Barreto Ferreira, 39 anos, hoje em dia fica atento quando trafega em sua lida diária transportando cimento, feijão ou açúcar é o da ponte sobre o Rio Pardo, em Cândido Sales, no Sudoeste do estado.

Entre janeiro e março deste ano, durante suas passagens pelo local, a bordo da sua Scania modelo G470, com carroceria bitrem de oito eixos, ele foi multado três vezes por trafegar com velocidade acima dos 40 km/h.

As multas de Leslie estão entre os 731.673 autos de infração por excesso de velocidade registrados por radares nas estradas federais e estaduais da Bahia em 2017, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra), responsável pela instalação, manutenção e encaminhamento das multas aos infratores.

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O prejuízo do caminhoneiro foi de R$ 170 por multa, mas ele se livrou dos 21 pontos que receberia na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) porque a carreta está em nome de uma empresa que repassa ao motorista apenas os valores das multas quando elas ocorrem. Se os pontos fossem para a CNH de Ferreira, o caminhoneiro profissional há 21 anos teria o direito de dirigir suspenso por seis meses. Ele afirma que nunca teve um ponto sequer registrado na carteira.

“Na ponte tem dois radares próximos às cabeceiras. Nessas três vezes eu passei devagar pelo primeiro radar. Depois acelerei um pouco para subir a ladeira e acabei flagrado com velocidade de uns 48 km/h. A tolerância é de 10% do permitido (44 km/h), aí fui multado”, contou, informando que agora está mais cauteloso. O caminhoneiro Leslie Ferrreira foi multado três vezes em trecho da BR-116 (Foto: Divulgação) Liderança A BR-116, cujo eixo Sul, entre Feira de Santana e a divisa entre Bahia e Minas Gerais, está sob concessão da ViaBahia desde 2009, é a rodovia do estado com maior número de registros, com 192.097 autos de infração. Em segundo vem a BR-324 (Salvador-Feira de Santana), também sob concessão da ViaBahia, com 181.247 registros.

Os dados da Seinfra apontam que houve 247.892 infrações neste ano nas estradas estaduais, o que mostra redução em relação a 2016, quando foram registrados 265.869 autos de infração. Os dados estaduais não estão separados por rodovias.

A Seinfra informou que possui 39 radares nas estradas baianas, todos em funcionamento, e que de 2012 a 21 de dezembro de 2017 registrou 532.866 autos de infração por excesso de velocidade na Bahia.

Tipos de radares Para atuar no combate aos excessos de velocidade nas rodovias federais, a PRF informou que dispõe na Bahia de duas tecnologias de radares: os fixos e os estáticos.

Nos trechos sob concessão da ViaBahia há 49 radares na BR-324 (16 deles instalados pela concessionária) e outros 7 equipamentos na BR-116, também colocados pela ViaBahia. A operacionalização dos equipamentos é feita pela PRF.

Os radares fixos são os que ficam em pontos de cruzamento de vias ou em perímetros urbanos, antes de curvas acentuadas, etc. O objetivo deles é reduzir a velocidade em um trecho específico e ter um alcance de poucos metros, sem necessitar de operador.

Os radares estáticos/fotográficos, por outro lado, operam na velocidade máxima permitida pela via como um todo, e seu alcance pode chegar a 1 km. Eles podem ser facilmente mudados de posição, permitindo ao operador fiscalizar vários pontos em um mesmo dia.

Os fixos estão apenas na BR-324 e na BR-116 Sul. “Nas demais rodovias dispomos de 12 radares estáticos/fotográficos, que são empregados em pontos definidos de acordo com a probabilidade de acidentes provocados pelo excesso de velocidade”, comunicou a polícia.

Os radares fixos, de acordo com a PRF, foram implantados no final de 2016, e por isso não há dados anteriores. Já os estáticos realizaram 87.255 autuações em 2015, com grande redução em 2016, indo a 56.148 e um novo aumento em 2017, passando a 92.267.

Dados incompletos A quantidade de infrações federais pode ser maior, pois nos demais trechos federais, a responsabilidade pelas instalações, manutenção e encaminhamento das multas aos motoristas que excedem velocidade é do Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito (Dnit).

Na Bahia, porém, o órgão federal, segundo o registro no site oficial, possui apenas dois radares, ambos na BR-101: um em Eunápolis e outro em Itabuna, no Sul do estado.

E não há dados disponíveis sobre as infrações de excesso de velocidade registradas por eles durante todo o ano de 2017 nem sobre os outros anos, apenas referente ao mês de outubro e até o dia 11 de novembro. Nesse período foram 18.170 infrações de motoristas que excederam os 44 km/h.

Recentemente, o Dnit havia suspendido o funcionamento de parte de seus 3.005 radares de velocidade instalados nas rodovias federais no Brasil, inicialmente por questão de restrição orçamentária, o que já foi resolvido, segundo o órgão.

“Foram mantidos os redutores instalados nas travessias urbanas, que são aqueles com display que mostra a velocidade ao passar pelo equipamento. Assim, a maior parte dos radares de velocidade continuava funcionando”, diz o órgão em nota oficial.

Com o recurso garantido, o Dnit informa que autorizou, na última quarta-feira (20), o retorno do serviço prestado pelas empresas. “Lembramos que, pelo contrato válido até 02/janeiro/2017, as empresas recebem pela faixa (de trânsito) fiscalizada/mês. Não há mais restrição ao funcionamento dos radares, no momento”, completa o comunicado.