Ribeira: ônibus voltam a circular; moradores reclamam de insegurança

O bairro amanheceu sem ônibus. Isso porque os motoristas e cobradores se recusam entrar por causa da violência

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  • Bruno Wendel

Publicado em 15 de junho de 2017 às 14:28

- Atualizado há um ano

Tiros. Morte. Ônibus incendiados. Pânico. As últimas horas de quem mora no bairro da Ribeira têm sido pavorosas. Isso porque a violência vem atormentando quem mora e trabalha em uma das regiões mais populares de Salvador. Nesta quinta-feira (15), o bairro amanheceu sem ônibus. Isso porque os motoristas e cobradores se recusam entrar por causa da violência. Após a morte de um adolescente de 15 anos, depois que ele saiu da 3ª Delegacia (Dendezeiros) nesta quarta-feira, três ônibus foram incendiados.

A circulação de veículos coletivos só voltou ao normal no final de linha do bairro por volta das 12h depois que a polícia reforçou o policiamento. Quem precisou dos ônibus para sair nesta quinta-feira, penou. Logo no início da manhã, o Sindicato dos Rodoviários recomendou aos motoristas e cobradores para que os ônibus não chegassem ao final de linha e fizessem horário no Largo do Papagaio. “Foi a solução que encontramos para tamanha insegurança”, declarou Itamar Santos, diretor executivo do Sindicato dos Rodoviários. (Foto: Saulo Miguez/CORREIO) A feirante Margarida Pádua, 47, andou aproximadamente um quilômetro do final de linha até o Largo do Papagaio para pegar um ônibus no intuito de ir ver a filha. “Como se não bastasse toda essa tensão, sofremos com a falta de transporte”, disse. 

O produtor de audiovisual Alex Ramos, 23, pretendia encontrar os amigos no Parque da Cidade. “Fiquei surpreso. Não vi um ônibus sequer passado. As pessoas têm o direito de protestar, mas sem envolver outras pessoas que não têm nada a ver”, avaliou.  

Clima de feriadoApós a tensão iniciada na noite de ontem e que perdurou até a manhã de hoje, a Ribeira voltou a viver um clima feriado. Por volta das 11h, o comércio já funcionava normalmente, os ônibus circulavam e a população aproveitava o dia de Sol.

O pequeno empresário Pedro Ciriano Rodrigues dos Santos, 65, foi um dos poucos comerciantes da região que abriu as portas nas primeiras horas do dia. Às 5h30 a Banca da Ribeira já estava funcionando. "Tinha pouca gente na rua, não tinha ônibus e o clima era de medo. Graças a Deus a situação normalizou", lembra seu Pedro.(Foto: Saulo Miguez/CORREIO) No início da tarde, filas já se formavam nos restaurantes, na tradicional sorveteria do bairro e nas barracas de brinquedos dos vendedores ambulantes. Jane Sales, que todos os feriados e finais de semana vende balões na calçada da praça conta que quando montou a banca o clima já era de tranquilidade.

"Cheguei aqui por volta das 14h e já estava tudo normalizado. Eu não moro na Ribeira, mas soube o que aconteceu e fiquei assustada. Quando soube que a situação estava tranquila, vim trabalhar. Espero que permaneça assim pelo resto do dia", disse Jane.  Insegurança“A Ribeira hoje deixou de ser um bairro de lazer, onde era tranquilo passear com a família, receber amigos em casa, pegar uma praia ou simplesmente papear com os vizinhos”, declarou a dona de casa Regina Braga Montenegro, 45. Também morador do bairro, Evandro Silva e Santos, 55, reclama que a violência acontece em vários horários. “Os assaltos eram restritos à noite. Agora, não tem hora ruim para a malandragem. Batem carteira toda hora de moradores e trabalhadores nos pontos de ônibus”, diz. O mecânico Marivaldo Steifer, de 55, reclama do tráfico no bairro. “O bairro hoje é ruma região perigosa, por que os assaltos e arrombamentos entraram na rotina. Muitos galpões abandonados estão servindo de moradia para usuários de crack, que, para  conseguir a droga, acabam roubando”, disse.