Rodoviários voltam a entrar nas cinco estações de ônibus

Mobilização durou cerca de 3 horas 

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  • Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2017 às 08:31

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Os ônibus de Salvador voltaram a entrar nas cinco estações de transbordo e integração com o metrô por volta das 8h desta quarta-feira (8). O serviço ficou interrompido desde 5h, quando as estações de transbordo são abertas. Por conta do protesto, pontos de ônibus foram improvisados fora das estações de Mussurunga, Acesso Norte, Lapa, Pirajá e Rodoviária.

A decisão dos rodoviários foi em protesto às empresas de ônibus que, segundo a categoria, não estão cumprindo o acordo coletivo em relação ao vale-transporte dos trabalhadores. A integração entre ônibus e metrô, que funciona para os passageiros, em geral, não contempla os rodoviários.

"Não temos interesse de manter o caos. É lamentável que as coisas aconteçam dessa forma. Quem alimenta o metrô são os rodoviários, mas não temos acesso ao metrô. Voltamos logo, foi apenas um ato simbólico", afirmou Pedro Celestino, diretor de Saúde e Segurança do Sindicato dos Rodoviários. 

Uma reunião foi marcada na Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob) para tratar do assunto na manhã desta quarta-feira (8), mas não houve resultado. Por meio de sua assessoria, a Semob informou que uma nova reunião entre representantes dos empresários, do governo e prefeitura foi marcada para segunda-feira (13). O horário não foi divulgado.

Durante a entrega de uma Unidade de Atendimento Odontológico (UAO), no Dique do Tororó, nesta quarta (8), o prefeito ACM Neto comentou o assunto e afirmou que está à disposição para intermediar um acordo com a categoria.

“Sempre dialogamos com os rodoviários. No entanto, é preciso saber os limites de cada um. Aproveito para chamar a atenção de que o nosso sistema urbano está vivendo momentos difíceis. A prefeitura impôs uma série de situações; a última foi a integração, sem que isso significasse aumento de tarifa ou concessão de subsídios. Além disso, a definição de tarifa e gratuidade do metrô cabe ao governo do estado, que é o poder concedente, não cabe à prefeitura", disse Neto.

"Vamos ouvir, recolher sugestões e intermediar o diálogo entre as partes, mas não temos a solução no nosso poder. Os rodoviários sabem que a prefeitura é parceira deles e sempre esteve ao lado dos seus interesses”, completou o prefeito.

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O Governo do Estado se posicionou sobre o caso em nota. Segundo a Secretaria Estadual de Comunicação (Secom), atualmente os rodoviários urbanos acessam os ônibus utilizando a farda como identificador, substituindo o vale ou cartão de transporte. O governo disse também que a emissão dos cartões deve ser feita pelos empresários, e que cabe à prefeitura cobrar.  

"Em reuniões na Casa Civil, o Sindicato dos Rodoviários Urbanos apresentou a pauta e o encaminhamento da agenda foi solicitar aos empresários de ônibus e à Prefeitura de Salvador, responsável pelos concessionários, a emissão dos cartões de transporte dos rodoviários, direito de todo trabalhador. Assim, como todo trabalhador, teria acesso à integração entre modais de mobilidade. O Governo da Bahia é solidário com a pauta dos rodoviários urbanos e até o momento nenhuma agenda nos foi solicitada", diz a nota.

Atrasos O produtor cultural Silvio Silva, 56 anos, disse que, embora tenha se atrasado quase meia hora para um compromisso, é a favor da reclamação dos rodoviários. "Me atrasei, mas acho que a argumentação deles é válida. São pessoas que trabalham com a coletividade, mas não têm o direito da integração com o metrô, é absurdo", disse Sílvio. Para ele, o ato de os ônibus não entrarem nas estações hoje teve um impacto reduzido. "Foi pequeno, porque não deixaram de circular, apenas mostraram que o serviço fica melhor quando eles entram e como seria se não tivesse eles", completou.

A atendente Hellen Pourk, 32, também se atrasou para o trabalho. "Me atrasei, porque como acabou juntando os ônibus todos, acabou engarrafando, mas faz parte. Dos males, o menor. Importante é que estão rodando", ponderou.

Quem também precisou esperar alguns minutos a mais foi a estudante Luiza Santos, 26, que aguardava ônibus para a faculdade. "Ainda bem que minha primeira aula começa às 9h30, não tive problema. Mas quem trabalhou cedo é que deve ter sofrido esperando", pontuou. Para Luiza, a reivindicação da categoria é legítima. "Eu acho que eles devem ter, sim, acesso ao metrô, se há uma integração pra todos, tem que ter pra eles também".