Saia foi feita para mulher...

Sérgio Belleza é administrador, empresário, consultor e autor dos livros, Caminhando com Walkyria e  Ascensão e Queda de um Império Econômico. [email protected]/ www.sergiobelleza.com.br

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  • Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2017 às 03:20

- Atualizado há um ano

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E calça para homem. No início dos anos 70, no auge da minha juventude em Jaguaquara, o Planeta Terra sofre mutações e tudo vira pelo avesso! O rumo das coisas no mundo, especialmente no Brasil e na Bahia, mudam, assustadoramente. É a década da alternativa, do fazer, de ser diferente. A minha cidade exagera no consumo do novo, do moderno, sobretudo da liberdade e da extravagância!

Aí aparece a minissaia e cai no gosto das meninas! A moda pega e os jovens e os adultos ficam todos boquiabertos! Desde que vi uma garota desfilando com uma minissaia, nunca mais deixei de admirar uma “belezura”, como se dizia, usando saia, sobretudo com 5, 7cm acima do joelho. Com o passar dos anos, aprendi a contemplar a beleza de uma mulher de saia e a sentir pequenos detalhes que proporcionavam um espetáculo de ilusão aos meus olhos. Compreendi também que me embevecer com a beleza de uma mulher na minúscula saia era a capacidade de desejá-la sem perder a ternura e respeito pela obra divina do Criador!

O ilustrador, cartunista e pintor francês Jean-Albert Carlotti (1909-2003) definiu a beleza da mulher como “o somatório de todas as partes a trabalharem em conjunto de tal forma que nada necessite ser acrescentado, retirado ou alterado… e isto és tu: a Beleza”. Carlotti certamente tinha visto naquele momento uma linda mulher com uma saia acima do joelho. Para mim, o belo não passa despercebido! Não admirar uma mulher com um corpo harmonioso, belas pernas e de saia curta é olhar um lindo jardim e nada sentir! É como ver o infinito do mar, o nascer do sol, o recuar do entardecer, o canto dos pássaros, o sorriso de uma criança sem sentir um aperto no fundo do peito. Mesmo porque, a beleza das coisas existe no espírito de quem as contempla de todo o seu coração!

Alguns admiram, outros apenas enxergam a beleza das coisas, a beleza de uma jovem de minissaia, de uma mulher de saia curta, ou uma senhora de saia. Quando meus olhos e minhas palavras deixarem de expressar o que o meu coração sente, prefiro morrer. Bob Marley dizia que alguns sentem a chuva, outros apenas se molham. Sentir é vibrar, admirar, viver com intensidade, mas com naturalidade, maturidade, e saber identificar os desejos ardentes do coração.

Saia foi feita pra mulher e calça para homem. Calça para homem dispensa comentários. Para a mulher, a calça também fica muito bem, porém requer imaginação. Saia é outra coisa.

A saia em seus diversos estilos traduz elegância, sensualidade e beleza. Algumas em destaque há anos - a “plissada” que dá um ar de vintage aos looks, a de “prega” um ar fetichista; a “drapeada” mais ajustada ao corpo. E ainda a de “babados” para as  longevas. A “evasê” é ícone da Vanguarda dos anos 60, utilizada por jovens e senhoras. A saia godê, típica dos anos 1950 e 1980 e usada nos dias atuais, é sinônimo de romantismo e feminilidade. Ou a minissaia para desestruturar ainda mais o já combalido macho latino-americano.

Num shopping, na rua, em qualquer lugar, quando uma mulher passa de saia desfilando no palco da vida, ela expõe por inteiro sua simetria entre a arte e o belo, é a própria extensão do sublime. Em tempo, ressalto - não devemos admirá-la ou elogiá-la por partes, é necessário a harmonização circunspecta de todo o seu ser.