Saiba como dominar sua raiva no trabalho e na prova de concursos

É preciso saber o que impulsiona a emoção para poder usá-la de forma positiva

Publicado em 25 de setembro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ilustração/Morgana Miranda

Riley estava bem, até que uma mudança importante aconteceu na vida dela e a sala de controle das suas emoções - ou sistema límbico, termo científico, se tornou uma bagunça. O dilema de Divertida Mente, animação da Pixar, pode muito bem existir fora das telas, afinal, com o descontrole emocional muitas vezes a raiva (no filme, personagem cuja cabeça se incendeia) toma conta de tudo e atrapalha a tomada de decisões. A boa notícia é que, na vida real, dá para conviver com essa emoção e até convertê-la em algo positivo.

Mas, afinal, qual a função da raiva? Para Tália Jaoui, especialista comportamental e coach, a emoção “tem uma importante função comunicativa e permite expressar algumas emoções negativas” que podem ter origem na frustração, insatisfação, eventos irritantes - a furadeira na casa do vizinho às 7h da manhã -, ou sentimento de injustiça. Para quem procura o mapa para nunca mais sentir raiva, Tália adverte: “Deixar de sentir uma emoção é impossível, deixa de ser humano”.

Gilberto Cury, presidente da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística (SBPNL), acrescenta que há emoções “renovadoras e desgastantes”. A raiva se enquadra no segundo grupo e geralmente afeta  nosso funcionamento de forma negativa. “Raciocinamos com menos clareza; tomamos decisões eventualmente erradas, ou não tomamos; não estudamos direito e podemos não ter bom desempenho na hora de uma entrevista ou prova”, diz. 

Por outro lado, existe a possibilidade de transformar as explosões em coisas boas. Segundo Marcela Claro, doutora em Psicologia Organizacional e do Trabalho, apesar da raiva ser considerada algo negativo, trabalhando do ponto de vista da inteligência emocional é possível mudar esse cenário a nosso favor. “Com a raiva,  você tem a impulsão para uma ação e é possível usar essa energia para fazer o que é precisa ser realizado, para ter motivação para transformar”, explica. Não à toa, Raiva, do Divertida Mente, é quem monta um plano de fuga para tirar Riley de uma realidade de insatisfação.

Conversão

Para Marcela, o primeiro passo para converter a raiva em algo positivo é identificar qual foi o estímulo para isso. “O sentimento é sempre a resposta a um estímulo. É preciso identificar o que está me levando a ter isso e como o meu corpo está respondendo”, diz.  Para ter essa consciência, eis que entra em jogo o autoconhecimento. Como facilitadores podem estar a psicologia, a programação neurolinguística ou sessões de coaching. De todo modo, não vale parar por aí. “Autoconhecimento sem ação não é nada. Sei que fico com raiva toda vez que alguém me xinga, mas, e aí? Às vezes isso é uma justificativa para arrebentar o outro. É preciso ter atitude”, acrescentou Tália.

Identificação e cuidados

Ataque ou fuga: Acontece um evento e você tem vontade de partir para cima ou sair correndo para não fazer besteira? Pode ser a raiva em ação. Não confunda com medo ou tristeza.

Estímulo: Ninguém acorda com raiva. Para o sentimento existir, é preciso algum estímulo. Desrespeito e injustiça são alguns detonadores.

Desgastante: A raiva é uma emoção que pode causar o nosso mal funcionamento. Nos estudos, trabalho ou em qualquer outra situação, ela sempre pode atrapalhar.

Impulso: Às vezes, o sentimento é tão forte que algumas pessoas não conseguem se controlar e podem fazer coisas das quais se arrependerão logo em seguida.

Transforme a sua raiva 

Autoconhecimento: Com ajuda de profissionais ou sozinho, o autoconhecimento é o primeiro passo para poder transformar a raiva em algo positivo.

Reflita: Passou por um momento de raiva? Reflita se essa seria a melhor maneira de ter enfrentado a situação.

Eventos repetidos: Às vezes temos contato com algo e sentimos raiva. Algum tempo depois, algo semelhante acontece e a raiva volta. Identificar o que te levou a isso pode ajudar.

Impulsão: A energia que a raiva dá pode ser transformada em algo positivo. Se o motivo é insatisfação, por que não fazer algo para mudar? Parta para o ataque (o bom).