Salvador: 58% dos frequentadores de shoppings não fazem compras

Diagnóstico aponta que 46% dos clientes são da classe C, e 62% são mulheres

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  • Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO

Crise econômica, menor poder aquisitivo e maiores preços. O cenário financeiro enfrentado pelos brasileiros, especialmente a partir de 2015, influenciou diretamente na rotina de quem costumava ser o berço do consumo: o shopping center. Mais da metade dos frequentadores dos shoppings de Salvador durante o ano de 2016 não realizou compras. É o que aponta o Diagnóstico da Relação Lojistas e Shoppings Centers, encomendado pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio), e realizado pela empresa Consulting. O diagnóstico foi apresentado na manhã desta segunda-feira (30), na Casa do Comércio.

Os soteropolitanos que frequentam shoppings são formados em 46% por pessoas da classe C, 42% por pessoas da classe B, e 11% da classe A. Do total, 62% são mulheres e 38% homens. A renda média do público é de R$ 2.083,35 e os visitantes têm, em sua maioria, entre 30 a 44 anos, figurando 37% do público total, seguido de 20 a 29 anos com 35% e até 19 anos e acima de 45 anos, ambos com 14%. A Bahia é o maior estado em número de shoppings centers do Nordeste, com 22 unidades. No estado, 80% dos frequentadores estão entre as classes C e B.

De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), cerca de 45 mil pessoas frequentam os shoppings de Salvador diariamente. A maioria, segundo a pesquisa da Fecomercio, fica cerca de 80 minutos no shopping. Mais da metade dos frequentadores (63%) frequenta os shoppings semanalmente. Já 37% vai aos estabelecimentos quinzenalmente. De acordo com a pesquisa, os usuários de shopping center vão ao estabelecimento para realizar compras, se alimentar, ir ao cinema, pagar contas e encontrar pessoas.“Os shoppings viraram novos centros de convivências. Eles são as novas praças. Cada vez mais as pessoas vão apenas se encontrar nos shoppings, dar um passeio, sem efetivamente realizar compras. Por isso que a pesquisa registrou esse número, apesar de eu achar alto. O shopping irou um lugar de lazer e diversão”, explica o coordenador regional da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio.Na Bahia, 60% têm a localização como fator de escolha. É o caso da designer de interior Vanessa Bitencourt. Ela conta que vai ao shopping que estiver mais perto e que diminui a frequência de ida ao shopping drasticamente desde 2015. "Eu moro do lado do shopping e, por isso, eu vinha todos os dias. Com a crise, eu consumo 80% menos. Passo muito menos tempo dentro do shopping", afirma. As amigas Vanessa e Marília reduziram as idas ao shopping e o consumo (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) A empresária Silvana Ribeira também reduziu as visitas ao shopping e o consumo em mais de 80%. “Eu almoçava no shopping todos os dias. Aproveitava o estacionamento e ficava o dia todo fazendo compras, comia. Hoje em dia, se vai levar menos de 30 minutos, eu entro. Se for levar mais, eu junto tudo o que vou fazer e vou em um dia do final de semana”, contou.

Para além da localização, na Bahia, 36% dos consumidores escolhem o shopping a partir da variedade de lojas e serviços que o estabelecimento oferece. É o caso da designer de interiores Marília Summers, que só vai ao shopping para comprar determinados produtos em lojas específicas. “Também reduzi as minhas compras em 80%, mas eu não venho tanto ao shopping. De qualquer forma, quando eu vinha, acabava comprando muito mais do que compro hoje”, explicou.

Ela conta que se uma determinada loja que ela frequentava acaba falindo, por exemplo, e fechando, isso impacta na frequência de ida ao shopping em que a loja ficava.

Crescimento O coordenador regional da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio, explica que o crescimento real estimado – sem inflação – dos shoppings em 2017 é de 4%, maior do que os últimos 3 anos. O público do shopping também deve aumentar em torno de 10% do ano de 2016.

De acordo com ele, o número é figurado por conta de estratégias realizadas pelos shoppings, além de condições melhores da economia. “Existem atrações dentro do shopping para estimular que a pessoa consuma e passe mais tempo dentro do estabelecimento. Além disso, a inflação foi baixa, houve uma queda no preço dos alimentos, uma redução da taxa de juros e as pessoas tiveram o dinheiro do FGTS para pagar dívidas, o que fez com que sobrasse espaço para voltar às compras”, explicou.