Salvador sediará evento que apresentará panorama de Cidades inteligentes

Evento ocorrerá no Senai Cimatec na próxima quinta-feira (15) das 9h às 17h

Publicado em 13 de março de 2018 às 13:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/CORREIO

O Encontro Connected Smart Cities Regional Nordeste que discutirá práticas sobre cidades inteligentes no Brasil será sediado em Salvador nesta  quinta-feira (15) das 9h às 17h no Senai Cimatec, em Piatã. O evento, realizado pela Sator em parceria com a prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria da Cidade Sustentável e Inovação (Secis), busca encontrar soluções inovadoras para cidades mais inteligentes e conectadas e faz parte do Connected Smart Cities, principal evento do setor no Brasil, que conta com a participação de empresas, entidades e governo.

De acordo com o Ranking Connected Smart Cities, realizado pela Urban Systems em parceria com a Sator, Salvador está na primeira posição na categoria Urbanismo, segunda colocação entre as cidades do Nordeste e terceira em Meio Ambiente e educação na classificação regional.

"A beleza de Salvador, naturalmente, já proporciona à cidade um destaque entre os outros municípios do país. Além disso, nos últimos anos, a capital baiana vem conquistando um espaço importante nos cenários nacional e internacional em assuntos que, em um passado recente, seriam impossíveis de imaginar, como empreendedorismo, meio ambiente, urbanismo, saúde, educação e mobilidade. Tudo isso fruto de muito planejamento e de uma relação próspera e transparente entre poder público e sociedade", destaca ACM Neto, prefeito de Salvador.

Fortaleza, Teresina, João Pessoa e Recife também irão apresentar suas iniciativas relacionadas à cidade inteligente no evento. "O nosso objetivo é que o encontro em Salvador, seguindo o mesmo propósito da edição 2016 realizada em Recife, permita traçar um panorama de cidades inteligentes focado na Região Nordeste. Abordaremos, por exemplo, temas relacionados ao papel da tecnologia da informação, da inovação, das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e das organizações de fomento no desenvolvimento de Smart Cities", explica Paula Faria, diretora executiva da Sator.

Compondo a grade de programações do evento estão os palestrantes Thomaz Assumpção, presidente da Urban Systems e sócio do Connected Smart Cities; Luciana Xavier de Lemos Capanema do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES); André Gomyde, presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas (RBCIH); Guilherme Naves, da Radar PPP; Américo Tristão Bernardes, diretor do Departamento de Inclusão Digital da Secretaria de Telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; e Rodolfo Ribeiro, fundador da Spinafre e parceiro do Connected Smart Cities.

Os Encontros Connected Smart Cities são realizados paralelamente ao evento principal, que este ano acontece nos dias 4 e 5 de setembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo/SP. Os eventos regionais buscam debater soluções para o desenvolvimento das cidades com base em informações e necessidades de cada região.

Iniciativas de Salvador Nos últimos três anos, Salvador avançou 14 posições no ranking Connected Smart Cities, da Consultoria Urban Systems, empresa especializada em análise de dados e levantamento de tendências em mercados. No primeiro levantamento, de 2015, Salvador ocupava a 31ª posição, saltando, em 2017, para 17ª colocação na tabela geral de capitais mais inteligentes do Brasil.

“Uma definição predominante entre pesquisadores é que a Smart City é a aplicação de tecnologia por empresas e governos dentro do espaço da cidade para melhorar a gestão da urbe e a vida das pessoas”, explica Raniê.

Saber pelo celular em que horário o ônibus vai chegar no ponto mais próximo de casa já é uma realidade cotidiana dos soteropolitanos, viabilizada pelo aplicativo CittaMobi, em operação desde 2015.

E esta possibilidade é apenas uma amostra das soluções que ajudam uma cidade a alcançar essa posição.

Fibra ótica De acordo com a engenheira de aplicação Christiane Suemy Okiishi Koyama, da Furukawa Electric LatAm, o grande pilar de uma cidade digital e inteligente é a fibra ótica. Quando instalada, ela permite que projetos inovadores sejam postos em prática, como a instalação de semáforos inteligentes, centros de monitoramento de trânsito e de prevenção contra catástrofes naturais - tecnologias também presentes em Salvador.

“É preciso ter uma base de dados boa para, a partir daí, fazer a convergência de todos os serviços. Com a fibra ótica, a cidade começa a conectar escolas, hospitais e órgãos públicos”, explica a engenheira, que ressalta ainda o baixo custo desta tecnologia, embora muitos municípios ainda a considerem cara.

“O acesso à fibra tem crescido muito, apesar desse paradigma. Um metro de cabo de fibra ótica chega a ser mais barato que um metro de varal”, afirma. Um ponto de acesso à dados em fibra ótica pode custar R$ 1,5 mil.

No entanto, mais do que ter tecnologia, é preciso de uma boa rede de transmisão. Hoje, Salvador conta com uma malha de fibra ótica de 250 quilômetros. Para se ter uma ideia, Recife (PE) ainda planeja instalar 140 quilômetros de fibra. “Não adianta ter tecnologia se a comunicação não é boa”, resume Cláudio Maltez, diretor técnico da Companhia de Governança Eletrônica do Salvador (Cogel).

A instalação de redes de alta velocidade em Salvador e RMS é concebida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e fruto de parceria da prefeitura municipal com o governo do estado e com instituições de ensino.

Parcerias Em Salvador, parcerias com hospitais e universidades possibilitam ratear os custos com as redes. “Conectividade é a base da pirâmide de tecnologia e nós tentamos dar mais a todos. Através de parcerias, conseguimos alternativas viáveis para expandir as tecnologias de conexão de dados para a população carente”, diz Maltez.

Na caminhada para se firmar como cidade inteligente, Salvador também se uniu à Ufba e à Associação Fraunhofer para desenvolver inteligência para a Defesa Civil. Hoje, a capital conta com 100 sensores e uma estação total robotizada, instaladas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, e que monitoram as condições do tempo e alertam sobre riscos de deslizamento.

Sem papel e caneta A redução do tempo de resposta é uma das vantagens das inovações. Uma iniciativa da Transalvador aposentou o papel e a caneta dos fiscais. Agora, o Núcleo de Operação Assistida (NOA) recebe informações de GPS, rádio e internet 4G, que permitem acompanhar o tráfego em tempo real.

O secretário municipal de Mobilidade, Fábio Mota, diz que o uso da tecnologia no transporte está avançado. Os coletivos da cidade contam commonitoramento 24h por GPS e quatro câmeras cada.

“A transmissão da câmera externa pode ajudar muito na mobilidade. O próximo passo é receber essas imagens em tempo real para poder monitorar a via e intervir imediatamente”, explica Mota. Além disso, há 88 semáforos inteligentes, cujo tempo de abertura e fechamento varia conforme a demanda.

O papel também ficou de lado na hora de pedir obras. O app Ouvindo Nosso Bairro recebeu 73 mil votos de moradores e 159 obras serão feitas em dois anos.

Na rede privada também há iniciativas para facilitar a vida do consumidor. O Sensor de Falta Inteligente da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), empresa do Grupo Neoenergia, conseguiu reduzir o tempo de resposta no atendimento de quatro horas para 12 minutos. “Quando o sensor detecta, ele sinaliza imediatamente um problema de rede”, conta o gerente do Programa de P&D da Coelba, José Antonio Brito. Em Salvador, 150 sensores do tipo estão em funcionamento e 250 em outros municípios da Bahia.