Senai diz que 21 cursos técnicos garantem renda até 49% maior

Os cursos técnicos duram em torno de um ano e meio, mas remuneram melhor do que muitas carreiras de nível superior, como a de professor

Publicado em 8 de agosto de 2012 às 08:55

Priscila Chammas/Victor [email protected] uma faculdade nem sempre é sinônimo de ganhar bem. E não cursar uma faculdade também não é sinônimo de ganhar mal. E olhe que não estamos falando de jogadores de futebol nem de cantores de pagode! Uma pesquisa divulgada ontem pelo Senai revelou que o certificado de nível técnico garante salários mais altos do que os pagos a muitos profissionais de nível superior.O técnico em edificações Bruno Calazans conta que não teve nenhum problema para arrumar empregoNo Brasil, a área técnica mais rentável é a de Mineração, que tem salário inicial médio de R$ 8.600 no Rio de Janeiro. Na Bahia, os destaques são para as áreas de Manutenção de Aeronave e Edificações, com salários de R$ 2.750 e R$ 2.500, respectivamente.A média nacional dos salários iniciais de nível técnico é de R$ 2.085,57, 49% a mais que a média dos professores, que recebem em torno de R$ 1.053 por mês, segundo o Senai. O valor também é pelo menos 29% superior ao que recebem profissionais como museólogos, cientistas políticos e designers, que têm salários menores que R$ 1.485.Na Bahia, a média de salário dos profissionais de nível técnico ficou em R$ 1.819 iniciais, valor superior ao dos jornalistas em início de carreira no estado, que ganham em torno de R$ 1.500, segundo o sindicato da categoria.ExplicaçãoO diretor nacional do Senai, Rafael Lucchesi, explica o fenômeno a partir da lei da oferta e da procura. Ele lembra que houve uma mudança no país nos últimos 10 anos e que a expansão da indústria e problemas na qualificação educacional causaram um déficit na oferta de mão de obra. Entre os técnicos mais requisitados estão os das áreas de Edificações, Instalações Industriais, Petróleo, Alimentos e Montagem Mecânica.“É claro que esta escassez está associada ao crescimento, que também cria uma pressão sobre os salários. O brasileiro ainda tem uma memória social que acredita que é a educação superior que vai garantir maiores salários, e já não é mais assim”, diz Lucchesi, que faz uma comparação com o cenário dos países desenvolvidos: “Aqui, 6 milhões de estudantes estão na universidade, 9 milhões estão no ensino médio e apenas 1 milhão vão para a área técnica. Nos países mais ricos, 50% vão para a universidade, e entre 30 e 40% vão para o ensino técnico”.A pouca oferta de mão de obra é vantagem para pessoas como Bruno Calazans, de 22 anos, e Juliana Hipólito, de 19. Os dois têm o certificado de nível técnico em Edificações. No caso de Bruno, ele sentiu isso logo que terminou o curso, em 2010. “Não tive dificuldade em arrumar emprego. Sempre tinha alguém me ligando, oferecendo emprego”, gaba-se o jovem, que até pensou em cursar uma faculdade, mas desistiu antes mesmo de escolher o curso.“Estava no 2º ano (ensino médio) quando surgiu a oportunidade de fazer o curso. Aí achei mais oportuno, porque o mercado da Construção Civil estava aquecido”, diz ele, que hoje trabalha no setor de qualidade de uma construtora. O boom da construção também foi o motivo de Juliana ter escolhido fazer o curso técnico em Edificações, que ela concluiu no início deste ano, e hoje trabalha com orçamento de obras. E acabou pegando gosto pela área. “Estou no terceiro semestre de Engenharia Civil”, conta.QualificaçãoSe a falta de mão de obra qualificada no mercado é uma vantagem para quem adquire um certificado de curso técnico, para a indústria ela é um problema. “De 2006 para 2010, houve um aumento real de 14,8% na média de remuneração da indústria, e a qualificação desses profissionais não acompanhou esse aumento”, conta o gerente de estudos técnicos da Superintendência de Desenvolvimento Industrial da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Marcos Vehine.Segundo ele, o setor que registrou maior aumento de remuneração nesse período no país foi o de Refino (84%). Na Bahia, o de Manutenção e Reparação de Máquinas cresceu 96,5%. O setor de Refino na Bahia também registrou uma alta de 56%. E, segundo Vehine, os números continuam a subir.Confira cursos oferecidos pelo SenaiO Senai abrirá novas vagas no final do ano para cursos iniciados em 2013. Há vagas gratuitas para estudantes de escolas públicas. Mais informações: 3327 8350Pronatec tem vagas reservasAlunos de escolas públicas que desejam fazer os cursos técnicos oferecidos gratuitamente pelo Programa de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do governo federal, ainda podem se inscrever. Até o momento, a maioria das vagas oferecidas em 19 municípios baianos já foi preenchida, mas o Senai, responsável por ministrar os cursos, possui um cadastro de reserva para a formação de turmas.Os interessados devem estar cursando o 3º ano do ensino médio na rede estadual de ensino. Para se inscrever, o aluno deve procurar a secretaria da instituição onde estuda e solicitar a inclusão na lista. Outra opção é procurar o Senai Lapinha, unidade do serviço responsável por efetuar as inscrições no Pronatec. A unidade fica na Rua do Queimadinho, número 17, Lapinha. O telefone para contato é o 3327-5083.Os municípios contemplados com o Pronatec são: Alagoinhas, Barreiras, Brumado, Camaçari, Candeias, Cruz das Almas, Dias D’Ávila, Feira de Santana, Guanambi, Itapetinga, Jequié, Juazeiro, Luis Eduardo, Mucuri, Paulo Afonso, Salvador, Santo Estêvão, Guanambi e Vitória da Conquista.Há cursos oferecidos nas áreas de Petróleo e Gás, Edificações, Segurança, Eletromecânica, Comunicação Visual, Logística, Eletroeletrônica entre outros.