SSP vai pedir correção dos dados do Atlas da Violência

Em nota, o Ministério da Saúde diz que os números de mortes na Bahia podem ser maiores do que o que foi divulgado na pesquisa

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  • Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2017 às 21:01

- Atualizado há um ano

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que vai acionar os organizadores do Atlas da Violência 2017 para que eles corrijam os dados relacionado ao estado da Bahia. O estudo foi divulgado nesta segunda-feira (5) e apontou que nove cidades baianas estão entre os 30 municípios mais violentos do Brasil. Em nota, o Governo disse que os números da pesquisa vão de encontro aos registros do estado.

"Após análise dos dados apresentados pela pesquisa e a realização do comparativo com os números oficiais foi constatado que os índices apresentados pelo estudo estão longe de representar a realidade dos municípios baianos citados", diz a nota.As nove cidades citadas são: Lauro de Freitas, Simões Filho, Eunápolis, Teixeira de Freitas, Porto Seguro, Barreiras, Camaçari, Alagoinhas e Feira de Santana. Jovens de 15 a 29 anos são as principais vítimas de homicídio no Brasil (Foto: Agência Brasil)Segundo a SSP, o município de Lauro de Freitas registrou 65,8 mortes por 100 mil habitantes, e não as 97,7 mortes apontadas pelo Atlas. Simões Filho teria apresentado 87,8 mortes por 100 mil e não 92,3 como divulgado. O governo afirmou que existe diferença também na contabilidade de mortes em Teixeira de Freitas, que apresentou 72,2 de taxa e não 88,1.

Os outros números também foram questionados. Porto Seguro (Atlas: 86 X SSP:77), Barreiras (Atlas: 78 X SSP:56,5), Camaçari (Atlas: 77,7 X SSP:77), Alagoinhas (Atlas: 75,7 X SSP:64,7), Eunápolis (Atlas: 75,1 X SSP:57,4) e Feira de Santana  (Atlas: 68,5 X SSP:53,3). O titular da SSP, secretário Maurício Barbosa, informou que os dados divulgados no Atlas prestam um desserviço à sociedade e que a Bahia é um exemplo na divulgação das informações. "Sejam elas positivas ou não", disse. A Bahia é classificada no grupo A – seleção de estados que apresentam maior cobertura e melhor qualidade dos dados criminais - pelo Ministério da Justiça.

Ele afirmou que a transparência dos dados será mantida e disse também que essa não foi a primeira vez que pesquisas abordam a realidade da segurança na Bahia e no nordeste de maneira distorcida. “O nordeste é a única região do país que alimenta de maneira transparente o banco de dados nacional sobre violência e por isso sempre é vista de região mais violenta do Brasil na realização dos rankings”. O outro ladoQuestionado pelo CORREIO sobre como faz a contagem das mortes no país, o Ministério da Saúde, responsável pelos dados do Atlas da Violência, disse que as informações são colhidas com o IML. Em nota, o Ministério disse também que os números de homicídios na Bahia podem ser maiores do que o que foi divulgado. Confira a nota:

O Ministério da Saúde esclarece que as causas de mortes externas, registradas no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), tem como base informações provenientes do Instituto Médico Legal (IML), órgão vinculado ao Ministério da Justiça. É importante informar que, no SIM, dentre a classificação de causas externas, existem as de ‘intenção indeterminada’. Quando a morte foi por causa externa, mas não é possível classificar como homicídio, acidente de transito, suicídio ou acidente. A Bahia é o estado com maior proporção de intenções indeterminadas, só perde em número de óbitos de causas externas para São Paulo. Assim, os dados sugerem que as taxas de homicídios podem ser ainda mais elevadas, pois há muitos eventos de causas externas com causas não definidas.