Talisca não é invisível

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  • Clara Albuquerque

Publicado em 13 de março de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Lembro de uma das primeiras vezes que vi Talisca subindo as escadas, do Fazendão, após o treino, e passando pela área onde estavam os jornalistas, num longínquo 2012 (quando ainda nem treinava com os profissionais). O bicho era tão magrinho que chamamos ele algumas vezes de ‘cambitinho’, por conta das pernas finas. O que tinha de franzino, no entanto, tinha de promissor. E de ousado. Foi com essa característica que deu certo na Europa e conquistou uma chance na última convocação da Seleção Brasileira antes da Copa do Mundo.

Talisca teve uma carreira meteórica no Bahia. Em 2013, estreava com o time principal e, no ano seguinte, já estreava pelo Benfica. Na primeira temporada na Europa, Talisca surpreendeu muita gente. Especialmente, porque os clubes europeus têm receio de contratar brasileiros direto do Brasil (jornalistas e torcedores já me deram depoimentos parecidos) justamente porque já imaginam um tempo necessário de adaptação. Clubes italianos, por exemplo, evitam a todo custo esse tipo de contratação. Pois Talisca foi um dos destaques no título português do Benfica, na temporada 2014/2015, marcando 11 gols e com três assistências.

O baiano de Feira de Santana, atualmente no Besiktas, da Turquia, merece a convocação. Na temporada, são 16 gols marcados e quatro assistências, além de ter entrado na seleção da Uefa de revelações da Liga dos Campeões no fim de 2017. No meio, Talisca pode atuar tanto mais centralizado, quanto mais aberto, seja no esquema 4-2-3-1 ou no 4-1-4-1 e faz bem o papel de falso 9. Como disse Tite, finaliza de média distância e é bom na bola aérea. É um jogador versátil (e abusado, que não tem medo de desafios) e que pode desempenhar um bom papel nos testes e variações que o técnico pretende fazer nos próximos amistosos. 

É claro que é mais difícil pro torcedor brasileiro enxergar por que Talisca foi convocado e Luan, do Grêmio, por exemplo, não foi. Não que um necessariamente tenha que dar lugar ao outro, mas é preciso abrir o leque em certas ocasiões. Turquia e a Ucrânia, que cedeu Fred e Taison nesta convocação, podem até ser longe do Brasil, mas não estão num mundo tão distante daquele que o centro do futebol mundial joga. A verdade é que, na Europa, o futebol brasileiro é que está distante e não os países onde jogam Talisca, Fred e Taison. Não há nenhum problema em ter preferências por um ou outro jogador (eu, por exemplo, gosto da convocação de Fred, mas entendo as ressalvas na convocação de Taison), mas é preciso enxergar os contextos. Talisca, garanto, não é invisível.

Às claras Dos 25 chamados, a ausência que me chamou a atenção, entre os jogadores que atuam na Europa, foi a do lateral Alex Sandro. O jogador da Juventus passa por ótima fase e estaria na minha lista final, mesmo com toda a experiência de Filipe Luís. Talvez, Tite queira dar uma última chance ao lateral do Atlético de Madrid, antes de bater o martelo da mudança. A ver.*Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa.