Taxistas protestam contra o Uber e travam trânsito em Salvador

Categoria pede que justiça impeça o funcionamento de aplicativos

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  • Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2017 às 10:50

- Atualizado há um ano

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Cerca de 1,5 mil taxistas, convocados pela Associação Geral dos Taxistas, fizeram uma carreata na manhã desta terça-feira (19)  até a sede do Tribunal de Justiça (TJ-BA), no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Os manifestantes, que saíram na frente do Shopping da Bahia por volta das 10h, reclamam da concorrência do que eles consideram como transporte clandestino a exemplo de aplicativos como Uber e 99 Pop, recém lançado.

De acordo com a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), eles passaram pela Avenida Tancredo Neves, seguindo para a Paralela - o órgão de trânsito informou que não faz o cálculo de veículos no protesto. A quantidade de manifestantes foi informada ao CORREIO pela categoria.

Foram registradas retenção no fluxo de veículos desde avenida ACM até a Paralela. 

"Estavamos fazendo manifestação contra as liminares que estão dando direito aos aplicativos funcionarem. Não é um protesto contra os aplicativos e sim contra a Justiça de pelo menos 19 cidades que estão liberando o funcionamento. Fizemos uma manifestação ordeira", afirma João Adorno que é porta- voz da comissão dos taxistas da Bahia. 

Em liminar, do dia 24 de feveireiro, o TJ-BA liberou que o aplicativo Uber funcione normalmente em Salvador. Em junho, o TJ votou também a inconstitucionalidade da lei municipal que proibia que veículos fizessem o transporte a partir de aplicativos. A prefeitura recorreu e o processo está com a desembargadora Soraya Moradillo Pinto. "Precisamos reverter isso. Estamos tendo prejuízos sucessivos", afirma  Denis Paim, presidente da AGT.  Dono de táxi há 17 anos, o taxista Jurandi Santos de Oliveira, 55 anos, vê com preocupação a situação de sua categoria. "Pedir que, pelo menos, o TJ reveja nossa situação, que é muito preocupante. Continuamos pagando todos os impostos que a nós são atribuídos, enquanto os clandestinos lucram sem dever nada a ninguém. É lamentável", desabafou.

Para o também taxista Ronaldo Barreto, 31, a situação piorou com o lançamento do aplicativo 99POP, da 99Táxis. "Tão clandestino quanto a Uber. Infelizmente, tem muitos taxistas rodando nesse também, quer dizer, as pessoas estão tão perdidas que acabam recorrendo a isso", defende. Segundo Barreto, a renda mensal dele diminuiu nos últimos três meses. "Há quatro meses, quando já estava ruim, eu conseguia ganhar R$100 em oito horas trabalhando. Agora, trabalho esse tempo e quando faço R$70 já estou no lucro", salienta.

A mesma situação é descrita pelo auxiliar de táxi Marcelo Bastos, 49 anoS, que trabalha fixo em frente a um hotel na orla da Barra. "Eu tenho meus clientes e já estou sentindo a consequência, imagina quem fica solto na praça. Nós precisamos que alguém tome uma providência, vamos acabar morrendo de fome", analisa ele. Marcelo contou ao CORREIO que sua renda semanal gira em torno de R$600. "Mas só o aluguel do carro é esse valor, então não tem como viver só disso", completa o taxista, que pretende deixar a profissão para virar autônomo.  Sem uma segunda opção, Ronaldo Barreto reiterou que aguarda uma solução por parte do TJ. "Nós não vamos desistir, precisamos nos unir mais do que nunca, porque nem todo mundo pode recorrer a outras maneiras de ganhar dinheiro. Eles precisam olhar por nós", conclui.