Tecnologia: de vilã a aliada

Mariangela Schoenacker é diretora de Operações da Consultoria Lee Hecht Harrison (LHH) Nordeste

Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 02:30

- Atualizado há um ano

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Nunca na história da humanidade vimos as tecnologias avançando tão rapidamente: internet das coisas, computação em nuvem, nanotecnologias, etc. Tais inovações implicarão em mudanças profundas no mundo do trabalho.   Os paradigmas de como trabalhamos nos últimos 50 anos estão mudando. Além        disso, à medida que essas tecnologias vão se entrelaçando, o ritmo das inovações se acelera ainda mais. Quando se muda para um ambiente baseado em informação, o ritmo de desenvolvimento entra em um crescimento exponencial. Empresas como Airbnb e Uber, hoje importantes no cenário mundial, foram criadas faz menos de 10 anos. Das 500 melhores empresas que existiam no ano 2000, 40% não existe mais.   A economia está se transformando rapidamente, passando a ser mais orientada a serviços e ao mundo digital. O tratamento de dados de forma instantânea permite a tomada de decisão em tempo real, há maiores possibilidades de monitoramento remoto e de mais flexibilidade na gestão das tarefas. O relatório sobre o Futuro do Trabalho World Economic Forum diz que 45% do número de postos de trabalho atuais podem ser automatizados pelas tecnologias atuais.   A necessidade de novos conhecimentos e habilidades torna-se premente. Teremos muitos desafios em recrutar, treinar e reter talentos. É fundamental que as empresas, o governo e as pessoas comecem a se preparar já para este novo cenário. Estratégias de treinamento, requalificação e investimento na diversidade da mão de obra e mobilidade serão temas chaves para serem trabalhados pelas empresas e pelos governos de maneira conjunta.   No curto prazo será necessário que a Gestão de Pessoas seja reinventada, o uso de análise de dados nos diferentes negócios e, em especial, no planejamento e desenvolvimento de pessoas seja ampliado e a força de trabalho seja mais diversa. Além disso, as plataformas de colaboração deverão ser disseminadas também nos ambientes corporativos, bem como novas metodologias de aprendizagem, de forma que a troca de experiências e a resolução de problemas complexos sejam potencializadas pela tecnologia.   Vivemos neste momento o dilema da Oportunidade versus Capacidade. Temos uma abundância de problemas complexos a serem endereçados, portanto, um mundo de oportunidades. Sofremos, por outro lado, com a falta de capacidade das pessoas de fazerem uso do que temos disponível. Mudar esse cenário depende do olhar: ficar fixado no problema e no peso da falta de capacidade ou acreditar que existe uma abundância de oportunidades e talentos humanos dispersos que precisam de espaço para empregar seu potencial, aprender e contribuir.   Temos muitos paradigmas a serem quebrados nesse campo, principalmente o da tecnologia como vilã que só veio para tirar emprego das pessoas. Precisamos criar uma cultura que considere que ela e as pessoas juntas geram melhores resultados. Ao entendermos essa falta de capacidade como oportunidade de criar e não como ameaça, talvez possamos fazer mudanças que impactem não só a nossa realidade local, mas toda a sociedade.   Para sustentar todas essas mudanças, há necessidade de revermos nosso sistema educacional, dando maior incentivo à aprendizagem constante e ágil, bem como maior colaboração entre as empresas de diversos setores e o governo. Temos muitas ações sendo realizadas nesse sentido, mas um longo caminho pela frente. Enquanto isso, não podemos deixar de, como indivíduos e empresas, buscarmos novas formas de olhar, aprender e contribuir para potencializar as capacidades, utilizando a tecnologia, arte e a ciência  de maneira integrada.

Mariangela Schoenacker é  diretora de Operações da Consultoria Lee Hecht Harrison (LHH) Nordeste