Tesouro a redescobrir: Baía de Todos os Santos completa 516 anos

Capital da Amazônia Azul retoma importância na atração de investimentos

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  • Priscila Natividade

Publicado em 2 de novembro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Valter Pontes/ Divulgação

A Baía de Todos os Santos (BTS) completou  516 anos desde que foi “descoberta” pela expedição portuguesa comandada por Gaspar de Lemos e acompanhada pelo italiano Américo Vespúcio, que lhe deu o nome atual. Entre os presentes que lhe foram dados está um mapa e quebra-cabeça produzido pelo Observatório da Baía de Todos os Santos. Dois mil exemplares serão distribuídos nas escolas dos 18 municípios banhados pelas águas de Kirimurê, como os índios a chamavam antes de Vespúcio e que em português quer dizer ‘grande mar interior’. 

O produto também será entregue em feiras nacionais e internacionais de turismo. Trata-se de uma ação que visa, por meio do lúdico, levar o olhar das crianças para a BTS, em uma tentativa de reavivar a convivência com a baía, esquecida depois que Salvador passou a orientar seu crescimento  para o vetor norte. Cafezeiro criou um mapa e um quebra-cabeça que valoriza a Baía de Todos os Santos (Foto: Marina Silva/ CORREIO) “A gente vê que ainda tem muita gente que nem sabe o que é a Baía de Todos os Santos, muito menos a importância que ela tem. (O quebra-cabeça) É uma forma de educar através do lúdico. A nossa proposta é justamente voltar esse olhar para a Baía de Todos os Santos. É isso (a convivência com a baía) que queremos resgatar”, afirma o gestor do Observatório, Moysés Cafezeiro.

O lançamento do mapa se soma a outras iniciativas que buscam a redescoberta econômica, ambiental, cultural e histórica da BTS. No próximo domingo (5), a  13ª edição da regata Transat Jacques Vabre  sai da França   para refazer em sete dias o mesmo trajeto dos portugueses.  A Bahia estará representada pelo piloto Leonardo Chicourel,  na categoria Class 40. 

Uma outra iniciativa nesse sentido é a realização, no proximo dia 13, da III Edição do Fórum de Baías, que acontece no dia 13 de novembro,  mais uma ação que estimula a retomada do protagonismo da BTS nos campos turístico, logístico e de serviços. O evento vai trazer a portuguesa Maria das Dores Marques Banheiro Meira, presidente do Clube das Mais Belas Baías do Mundo. 

“Queremos usar essas articulações para mostrar ao mundo todo o potencial da sede da Amazônia Azul e, com isso, atrair investidores para garantir o seu desenvolvimento sustentável, buscando novas governanças que possam reordenar suas atividades econômicas”, diz Eduardo Atahyde, um dos organizadores do fórum e diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil e da Associação Comercial da Bahia . 

Com  perspectivas de investimentos,  a BTS está no centro das políticas públicas que devem ser incrementadas em Salvador a partir da criação do Comitê de Economia Náutica. “O prefeito ACM Neto já criou, por decreto, o comitê, que  vai ser lançado este mês. A intenção é desenvolver ações na atração de eventos e qualificação de serviços. Ampliar o calendário de recepções internacionais de regatas na Baía de Todos os Santos”, destaca o secretário municipal de Cultura e Turismo (Secult), Cláudio Tinoco. 

História recontada

Não só as potencialidades da BTS estão sendo redescobertas, mas também a sua própria história. Segundo o engenheiro civil e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Adinoel Motta Maia, os portugueses chegaram bem antes por aqui e ela pode ser ainda maior do que se pensa e se documenta na atualidade.

O especialista estuda a baía desde a década de 1970, quando se apaixonou pela Baía de Todos os Santos. Ele conta que quando a Nau de Alimentos, comandada por Gaspar de Lemos,  saiu de Porto Seguro rumo a Portugal levando a carta escrita por Pero Vaz de Caminha para o rei D. Manuel I , o navegador passou pela BTS. 

“Cabral veio pelo meio do oceano porque os ventos eram favoráveis, mas na volta Lemos foi bordeando pela costa e não podia ir por fora por conta dos ventos e das correntes. Foi ele que descobriu a Baía de Todos os Santos, mas não deu o nome nem explorou com profundidade, pois tinha que chegar o mais rápido possível em Portugal”, acredita. 

Outra hipótese estudada pelo professor diz respeito ao tamanho da BTS,  que não terminaria na Ponta do Garcês, na cidade de Jaguaripe, no Recôncavo, mas sim no Rio Una, perto de Morro de São Paulo, município de Cairu, no Sul do estado. “Em todas as terras que os portugueses descobriam, eles construíam um forte de um lado e do outro para demarcar o território e impedir invasões.  O Forte de Santo Antônio da Barra, em Salvador, e na outra ponta a Fortaleza do Morro de São Paulo é uma prova. Outra   é que o fim da capitania hereditária da Baía de Todos os Santos também termina lá. Tudo isso torna a BTS muito maior do que já é”, defende ele. 

O III Fórum Internacional Gestão de Baías é uma realização do Correio Sustentabilidade, que conta com o apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, apoio de Mais Belas Baías do Mundo, Marinha do Brasil, Lide, Associação Comercial da Bahia, Fecomércio-BA e WWI.