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Policiais faziam patrulhamento pela comunidade na manhã desta segunda-feira (01) quando o confronto começou
Publicado em 2 de janeiro de 2018 às 09:29
- Atualizado há um ano
O Ano Novo começou em clima de guerra na Rocinha, Zona Sul do Rio. É o que afirmam moradores da comunidade. Nas redes sociais os relatos apontavam que era intensa troca de tiros desde o começo da manhã desta segunda-feira (1º). Segundo a Polícia Militar, um homem foi baleado.
“Nove horas da manhã, hein. Trancado em casa, cara, com minha esposa aqui, nove meses [de gravidez], e a Rocinha em guerra, cara. Minha esposa sentindo contração. O que eu vou fazer? Me diz aí? Acabou Rio de Janeiro pra mim”, relatou um morador em um vídeo enviado para a TV Globo.
“É inacreditável o que está acontecendo na Rocinha, maior zona de Guerra que existe hoje no país”, disse outro morador.
“Se a Rocinha não acabar hoje não acaba nunca mais”, completou outro.
“Que absurdo esse tiroteio em pleno ano novo. Rocinha já foi rocinha”, reclamou uma moradora.
De acordo com a Polícia Militar, policiais da UPP Rocinha e do Batalhão de Polícia de Choque faziam patrulhamento pela comunidade quando se depararam com criminosos armados na localidade conhecida como Lajão. O flagrante resultou em confronto.
A PM destacou que um homem baleado deu entrada na UPA de Botafogo, também na Zona Sul. A corporação foi acionada pela unidade médica. Os policiais do 2º BPM (Botafogo) que foram até o local constataram que a vítima era foragida da Justiça.
Contra o homem baleado, segundo a PM, havia dois mandados de prisão em aberto - um deles sob a acusação de ter participado da invasão à Rocinha ocorrida em setembro. A identidade dele e seu estado de saúde não foram informados.
Comunidade em guerra
Em setembro, a Rocinha viu surgir uma guerra dentro da comunidade. O motivo foi a disputa do controle do tráfico de drogas local entre Antônio Bonfim Lopes, o Nem, que estava preso, e Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157.
Ambos começaram no crime como segurança pessoal do líder do tráfico na Rocinha. Nem foi guarda-costas de Lulu da Rocinha, que conheceu em 2000. Após a morte de Lulu e de seu sucessor, Bem-Ti-Vi, Nem assumiu o comando em 2007. Rogério virou seu guarda-costas.
Na manhã de 17 daquele de setembro, homens de Nem invadiram a favela com a missão de expulsar Rogério, que tinha provocado a ira do antigo chefe depois de mandar executar homens do grupo de Nem e também de expulsar da Rocinha a mulher do traficante, Danúbia, que pretendia herdar o poder do marido.
Para tentar acabar com o conflito, as polícias do Rio, com o apoio das Forças Armadas, entraram na Rocinha. Foram dias de intensos tiroteios. Mesmo com o cerco, Rogério conseguiu fugir. Ele teria saído da favela na garupa da moto do funkeiro MC Tikão.
A polícia, então, colocou uma recompensa de R$ 50 mil por infomações que levasse à prisão do traficante. A Polícia Federal chegou a negociar com a família de Rogério 157 a rendição dele, o que não chegou a acontecer.
Rogério foi preso no dia 6 de dezembro ao ser localizado na favela do Parque Arará, que fica colada ao presídio de Benfica, onde está o ex-governador Sérgio Cabral, junto com outros presos da Lava Jato.
A informação é do G1.