Tributo a Ederaldo Gentil terá BaianaSystem

Evento acontece dia 20 de março, no TCA e integra o Projeto Acervo Ederaldo Gentil, que conta com site e relançamentos

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Paulo Neves/arquivo correio

Há cerca de 30 anos, o músico e produtor Luisão Pereira recebeu do tio Ederaldo Gentil a responsabilidade de guardar uma caixa de fitas com gravação de estúdio e outros cassetes. Na época, ele pensava em fazer algo sobre a obra do sambista baiano, mas foi só depois da morte de Gentil, em 2012, aos 68 anos, que o desejo se concretizou e ele e a prima Sandra (filha de Ederaldo) começaram a organizar a produção do músico.

No próximo dia 20 de março, o público poderá acompanhar uma parte do projeto Acervo Ederaldo Gentil, durante a realização de um show no Teatro Castro Alves, que contará com a participação dos cantores  Larissa Luz e Zé Manoel e do grupo BaianaSystem.  Durante o espetáculo, os clássicos do sambista baiano ganharão novas versões. “Essa é uma forma de apresentar o trabalho de Gentil para uma nova geração”, conta Luisão. 

Vale salientar que, além do show, que deve viajar para outras capitais, o projeto – que integra o  Natura Musical - contempla ainda um site com a vida e obra do autor de O Ouro e a Madeira (www. ederaldogentil.com.br) e um álbum de raridades reunidas por Luisão Pereira. 

  

“A morte prematura de meu tio  pegou a família de surpresa, quando começamos a organizar o que tínhamos e o que estava com a gravadora, percebemos que havia uma falta de controle em relação aos direitos autorais, uma desorganização muito grande sobre o que havia sido produzido e até mesmo de informações incorretas sobre a biografia divulgada de Gentil”, conta Luisão. A partir daí, recorda, ele contou  com o auxílio dos músicos  Paquito e Lucas Cunha  para realizar uma  pesquisa profunda sobre a produção e o que havia sido publicado sobre Ederaldo.    Para um futuro próximo, a família pensa também na produção de um documentário, a abertura de um canal no Youtube e outros projetos que possibilitem uma maior publicização da vida do sambista - que foi gravado por artistas como Clara Nunes, Alcione e Jair Rodrigues.   

“Descobrimos coisas surpreendentes, que nossa família sequer sabia”, conta Luisão. Uma dessas descobertas foi o fato de, na década de 60, quando a Bahia ainda contava com escolas de samba no Carnaval, Ederaldo ter brigado com o diretor da Filhos de Tororó, onde era parte da ala de compositores, e ter composto os sambas de todas as outras nove escolas concorrentes (1969). 

No final da década de 60, Ederaldo deixa Salvador e vai ao Rio de Janeiro, começar uma carreira fora dos limites do Estado. Em 1970,  Tião Motorista grava a música de Ederaldo Gentil “Esquece a tristeza”, parceria com Nelson Rufino, no álbum Samba & Talento. O baiano também consegue emplacar duas músicas no LP  Talento e Bossa de Jair Rodrigues: Bereketê e a parceria com Edil Pacheco, Alô Madrugada.  Em Fevereiro desse mesmo ano, ele vence o concurso de sambas-enredo da Escola de Samba “Juventude do Garcia” com Samba, canto livre de um povo, parceria com Edil Pacheco.

Imbatível, Ederaldo leva o título do Carnaval de 1973 e realiza a apresentação do Showro como despedida de Salvador e vai para São Paulo em busca de reconhecimento. Nesse ano, o sambista assina contrato com a gravadora paulista Chantecler e lança o primeiro disco: um compacto simples com Triste Samba e O ouro e a Madeira. Em 1983, Ederaldo volta a morar em Salvador e inicia a gravação do terceiro disco Identidade, depois de um intervalo de sete anos sem gravar. Ó último álbum de Ederaldo Gentil foi  gravado na década de 80. Depois disso, ele viveu recluso até o falecimento em 2012, em virtude de uma infecção generalizada (Foto: Reprodução)  “A Bahia nunca tratou bem os seus sambistas, Batatinha só teve reconhecimento depois que Bethânia o apresentou ao Brasil. Riachão precisou de Cássia Eller. Existem nomes maravilhosos como Roque Ferreira, Walmir Lima, Edil Pacheco e o próprio Nelson Rufino que mereceriam mais espaço”, completa Luisão. Ele lembra que embora a caixa lançada pelo projeto não seja comercializada, pois os fonogramas são da Warner e foram preparadas apenas mil exemplares, a expectativa é que outros nomes possam regravar o material de Ederaldo.