'Tudo leva a crer que teve canibalismo', diz delegada sobre morte de casal

Partes de corpos não foram encontradas; dupla foi presa e adolescentes apreendidos

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  • Milena Hildete

Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 20:58

- Atualizado há um ano

Área em quintal de casa onde corpos de Juvenal e Cristina foi encontrado (Foto: Reprodução) A delegada Maria Tereza dos Santos, titular da 4ª Delegacia de Homicídios (DH), em Camaçari, Região Metropolitana Salvador, apresentou a conclusão do inquérito do caso da tortura e morte do casal Juvenal Amaral Neto, 57, e Cristina Amaral, 44.

Ela remeteu o inquérito ao Ministério Público (MP-BA) e indiciou os dois adultos envolvidos no crime, Daniel Neves Santos Filho e Carlos Alberto Neres Júnior, por diversos crimes, entre eles: estupro, homicídio, carcére privado, ocultação de cadáver e porte ilegal de arma. Ainda segundo ela, há indícios de prática de canibalismo no crime, que também teve participação de três adolescentes. 

Para os rapazes de 13, 14 e 16 anos, a delegada pediu internação por três anos. De acordo com a Maria Tereza, o perito legal e o médico legista, que participaram do inquérito, descobriram que Kelly teve o braço amputado quando ainda estava viva. 

Ainda segundo Maria Tereza, a perícia constatou que partes do corpo da mulher não foram encontradas.“Ela foi queimada fora da cova e órgãos da região pélvica não foram achados. Eles também retiraram a mandíbula. A gente chegou a pensar que foi 'magia negra', mas tudo leva a crer que eles praticaram canibalismo", reforçou a delegada.A outra vítima também sofreu tortura. De acordo com a delegada, os indiciados retiraram parte do tecido das costas, quando Juvenal ainda estava vivo. “Ele sofreu menos que a mulher, mas também sofreu”, informou. Maria Tereza define o caso como uma “barbárie”.“Nunca trabalhei em um caso como esse", disse a delegada ao CORREIO. Frieza Durante os interragatórios, a delegada disse que a dupla presa foi fria. Segundo ela, os envolvidos não demonstraram arrependimento em nenhum momento. "Eles são cruéis e todos assumem que estupraram a mulher", relatou.

A mãe do garoto de 13 anos, que está apreendido, trabalhava como zeladora na casa do casal - foi lá que Juvenal e Cristina foram encontrados, enterrados no quintal.

A delegada disse que um dos presos chegou a dizer que utilizou uma faca de serra para obrigar Juvenal a dizer onde estava uma quantia de R$ 70 mil, que ele teria recebido de uma suposta indenização - a delegada ainda investiga essa informação. Os acusados disseram ter usado cocaína enquanto praticavam os crimes. 

Relembre o caso Daniel e Carlos Alberto foram capturados pela polícia no último dia 9. Eles invadiram a residência do casal, no bairro Santo Antônio, no dia 5, e teriam passado a extorquir as vítimas por conta da suposta quantia. Os corpos foram descobertos também na tarde do dia 9, após vizinhos acharem estranha a movimentação na casa e denunciar o caso à polícia.  Daniel e Carlos Alberto ao lado de um dos adolescentes envolvidos (Foto: Divulgação/Polícia Militar) A delegada Maria Tereza Santos informou, logo após a detenção dos cinco suspeitos, que eles teriam planejado o crime para roubar o casal.“Ele [um dos adolescentes] conhecia a rotina das vítimas e premeditou o crime. Mas o pior foi não foi só ter planejado. Eles queriam o dinheiro, queriam estuprar e matar”, comentou Maria Tereza, na ocasião.Após manter o casal em cárcere privado, os cinco envolvidos estupraram a mulher e, na sequência, torturaram os dois com golpes de faca. Ainda segundo Maria Tereza, no sábado (6), Carlos enforcou as vítimas. Já na madrugada de domingo (7), o grupo enterrou o corpo do casal no fundo da residência.

Vídeo em delegacia Depois da prisão, os adultos envolvidos no crime foram obrigados a praticar sexo entre si na cela da 18ª Delegacia, onde ficaram custodiados inicialmente. As imagens foram divulgadas através de um vídeo e, no mesmo dia da gravação, a Polícia Civil identificou os quatro autores do crime, também considerado estupro pelo fato de a dupla ter sido obrigada a praticar o ato.  (Foto: Divulgação) Os quatro presos foram ouvidos e autuados em flagrante. Além disso, foi instaurado um inquérito para investigar o crime e como o celular foi colocado em posse dos detentos. 

O Ministério Público do Estado (MP-BA) decidiu apurar se houve omissão dos policiais na situação em que o vídeo foi gravado. Já a Ordem dos Advogados do Brasil - seção Bahia (OAB-BA) emitiu uma nota de repúdio sobre o caso, sustentando que as autoridades deveriam fiscalizar e garantir a integridade dos presos.

Daniel Filho e Carlos Alberto Júnior foram transferidos para o Centro de Observação Penal (COP) da Mata Escura. Procurada pela reportagem do CORREIO, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) não respondeu quando os detidos iriam ser levados da unidade de triagem para uma unidade prisional. Também não foi dito se a dupla foi colocada em cela isolada por causa do risco de novos ataques.