Ulisses e o Vitória

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  • Paulo Leandro

Publicado em 9 de outubro de 2017 às 09:50

- Atualizado há um ano

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A guerra estava perdida quando Ulisses teve a ideia: construir um belo cavalo de madeira e deixar na porta de Troia como se fosse presente. Os troianos, certos da vitória sobre os gregos, aceitaram. Tomaram todas e mais algumas para celebrar e foram dormir.

Quando foi de madrugada, os gregos saíram de dentro do cavalo e tocaram fogo em Troia. Vencera Ulisses a guerra graças ao Presente de Grego. Na volta, o problema foi ter cegado o olho do cíclope Polifemo. Seu papai, Poseidon (deus do mar) não curtiu.

Poseidon prometeu acabar com Ulisses, que entre um monstro e outro, teve energia para apaixonar as deusas Circe e Calypso. Mas o que Rei Ulisses queria mesmo era voltar pra sua mulher Penélope e o filho Telêmaco, que o aguardavam, na ilha de Ítaca.

Esta narrativa, fundante do conceito de herói, parece similar à Odisseia contemporânea narrada pelos mitológicos pés rubro-negros: é campanha digna de um Ulisses a coleção de vitórias sobre grandes campeões brasileiros, fora de Ítaca, em duelos consecutivos.

Desafiados pesquisadores daqui e d’além, não houve quem lembrasse sequer uma série com esta mitológica pegada. Ninguém se recorda, nem vagamente, de um Ulisses assim no futebol. Milton Filho acresce: foi o pior início de campeonato da história do Vitória.

Ora, um time que tem tal poder de recuperação está fadado à glória. Não é no final da história que se tem certeza de seu desfecho glorioso, e sim neste meado, na capacidade de mostrar-se forte a ponto de derrotar tais assustadores monstros marinhos da bola.

Vencer estes dragões, apagar-lhes o fogo provisório, tem sido a campanha de nosso Ulisses. Começou pelo Mengo, campeão mimado por árbitros, tabelas e tevê; recebeu o Urubu a fatal mordida do Leão, tal como Polifemo teve sangrada sua amendoada íris.

Na sequência, a profecia de meu sobrinho Gabriel – Laroyeah! – materializou-se na derrubada do líder e ex-invicto Corinthians. Ficara demonstrada a tese do prof. Mancini, nosso Homero que escreve em cantos e poemas épicos: “o Brasil é muito grande!”

Não teve erro diante do Coritiba, outro campeão a entregar seus pontos, em casa, a este incrível herói greco-baiano. Não há notícia, em alcance internacional, de time em luta contra o rebaixamento, que tenha realizado tantas e tais proezas. Venha me desmentir! 

Os portadores de baixa estima teriam dito que já houvera Ulisses investido toda sua sorte, mas foi preciso admitir, uma vez mais, o poderio do bicampeão baiano, ao vencer o Atlético, lá em Minas, e com o placar indesmentível de 3x1. Leão eu, Galo você!

Segue a Odisseia! Quando as forças pareciam escassear, diante da fúria do Poseidon alvinegro, eis que Ulisses vai buscar em si mesmo a energia da virada, ao acertar dois golaços nos minutos finais para derrotar também o Botafogo fora dos domínios da Toca.

Quisera tivéssemos vontade de potência para louvar quem ostenta este dom de lacerar tantos monstros - todos fora de Ítaca! Entre espantados e invejosos, remoemos as dificuldades de dimensionar o Vitória na condição do rei mais valente: Ulisses voltou!

Cabe aos titãs de prof. Mancini tampar a boca dos que agouram o Barradão. Se Ulisses é imbatível, nas Troias por aí, vai voltar a alegrar-se em sua Ítaca, o Monumental Estádio Manoel Barradas, neste dia das crianças, às 17 horas, contra o Polifemo Sport! 

Paulo Leandro é jornalista e prof. Dr. do Centro Universitário Unirb.