Um respiro que vem do interior

Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos

  • Foto do(a) author(a) Elton Serra
  • Elton Serra

Publicado em 30 de julho de 2017 às 05:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Por incontáveis vezes, escrevi colunas sobre o nível de qualificação profissional dos nossos dirigentes. A qualidade dos campeonatos disputados na Bahia está ligada diretamente à capacidade dos cartolas em administrar seus clubes. Gestões quase amadoras, sem planejamento definido e atitudes que põem em risco a integridade das instituições. Porém, toda regra tem a sua exceção: existe uma luz no fim do túnel.A Confederação Brasileira de Futebol, através de um projeto chamado “CBF Academy”, criou um curso de qualificação de gestores em 2015. Com oito módulos ministrados por diversos profissionais do futebol, os alunos estudam questões como gestão técnica, planejamento, Direito, marketing esportivo, finanças, recursos humanos, dentre outros elementos importantes no esporte. De acordo com a entidade, 167 profissionais receberam certificados – gestores de clubes e federações, agentes de atletas, ex-jogadores e até profissionais de imprensa participaram do curso nos últimos dois anos. Uma terceira turma deve se formar até o final deste ano. Dentre eles, dois dirigentes de clubes do interior baiano.Felipe Sales, presidente da Jacuipense, foi o primeiro a investir em sua carreira e participar do curso da CBF. Ederlane Amorim, mandatário do Vitória da Conquista, esteve recentemente no Rio de Janeiro para acompanhar um dos módulos, e deve receber seu certificado em dezembro. Dois jovens dirigentes, de clubes capazes de fazer boas campanhas no estadual, de cidades importantes no mapa político e econômico da Bahia. Felipe, 34 anos, e Ederlane, 50, ainda são dois dos dirigentes em que todos depositam esperanças de dias melhores no futebol do interior baiano.Em algum momento, concordaremos que o diploma não significa atestado de competência. Entre ter a qualificação teórica e a perspicácia de colocar as ideias em prática, pode existir um abismo muito grande. Outros elementos alheios à administração, como a dependência do poder público para gerenciar um estádio, ou a falta de apoio do comércio local, que não enxerga nos clubes de futebol um potencial divulgador de suas marcas, atrapalham de certa forma o trabalho dos gestores. Existe também a possibilidade dos “alunos” não absorverem corretamente as informações e não transformá-las em conhecimento. No entanto, só o fato de buscar esta qualificação, os cartolas já ganham uma vantagem competitiva num mercado tão carente de bons projetos.VitóriaNão adianta criticar os gestores das equipes do interior e isentar os grandes da capital – neste caso, os cartolas do rubro-negro. Há algumas semanas, o Vitória sofre com um processo de desmanche de liderança que coloca em xeque o futuro do clube. Presidente pedindo afastamento, diretor de futebol, técnico, integrantes de comissão técnica e jogadores sendo dispensados em meio a uma temporada difícil. Entendo os motivos das mudanças, mas é preciso ponderar o alto risco que se corre. No final das contas, o atestado de um mau planejamento e de escolhas equivocadas em todos os níveis gerenciais do Leão.

Novos heróis apareceram. Agenor Gordilho, presidente; Cleber Giglio, gestor de futebol; Vagner Mancini, treinador; e até experientes jogadores, como o lateral Juninho e o meia Danilinho, se apresentam como elementos de mudança no Vitória. Mais uma tentativa de tornar o clube mais profissional – algo que deveria ser regra há anos.Elton Sera é jornalista e escreve aos domingos