Uma nova Defesa Civil

Sosthenes Macêdo é diretor-geral da Defesa Civil de Salvador

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  • Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2017 às 03:41

- Atualizado há um ano

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O risco faz parte do cotidiano humano. Risco zero é um objetivo inalcançável. Factível, portanto, é desenvolver nos indivíduos uma cultura de percepção de riscos que lhes permita uma margem de ação voltada para a redução de acidentes.

A cultura de segurança implica na construção de valores e, de uma maneira geral, significa a forma como as questões ligadas a ela são tratadas no ambiente familiar, na escola e pelos poderes públicos. Parcela dessa árdua tarefa cabe à Defesa Civil.

Atuando em uma cidade topograficamente acidentada e com significativo contingente populacional vivendo nessas áreas, a Defesa Civil de Salvador vem lidando com desdobramentos de situações de risco ao longo de sua história de mais de 40 anos que, infelizmente, resultaram – em algumas situações – em perdas de vidas.

A partir das chuvas de 2015, o prefeito ACM Neto decidiu mudar os rumos na condução da política de defesa civil. Antes, o órgão limitava-se a dar resposta nos instantes que se seguiam aos acidentes, provendo a avaliação de risco nas áreas atingidas e o atendimento social às populações atingidas.

Passou-se a focar na prevenção, decisão que exigiu da gestão municipal pesados investimentos e envolveu a contratação de novos engenheiros, assistentes sociais, geólogos, pedagogos, entre outros, de modo a reforçar a atuação em campo. Investiu-se cerca de R$ 8 milhões na instalação de um moderno centro de monitoramento de riscos meteorológico, hidrológico e geológico, o Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec).

A unidade é dotada de computadores interligados a 38 pluviômetros automáticos, instalados em bairros e ilhas, para aumentar a capacidade de monitoramento do volume de chuvas na cidade e antecipar a possibilidade de escorregamentos de encostas. Seis sistemas de alerta e alarme foram implantados em áreas de maior perigo. Esses dispositivos sinalizam no instante de que o volume de chuvas indica para a necessidade de evacuação.

Integram a lista de inovações o Sistema Georreferenciado de Riscos, a informatização e georreferenciamento das vistorias técnicas com a utilização de tablets que permitem o envio imediato das informações, além da implantação de alerta para moradores de áreas de risco via SMS. Reforçando as ações, foram colocadas 70 geomantas em regiões de maior risco, dispositivo que permite a proteção do talude de rápida instalação.

Paralelamente, o programa de formação dos Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil foi reestruturado e passou a contribuir para a mudança da cultura de percepção de risco, estimulando o protagonismo voluntário.

Em acréscimo, o Programa de Defesa Civil nas Escolas busca incutir nos jovens nova mentalidade de preservação ambiental. A série de atividades engloba exercícios simulados de desocupação das áreas de risco, ação continuada de informação e conscientização da população.

Para 2018, nosso objetivo é fortalecer e ampliar as nossas atividades voltadas à preservação de vidas, mas, para o sucesso da empreitada, a participação colaborativa da sociedade é indispensável.