'Vi a hora de morrer', diz ex-namorada que acusa Fechine de agressão

Ela diz que humorista tem personalidade agressiva; ele nega tudo

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  • Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2018 às 15:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A vendedora desempregada Alexsandra do Nascimento, 43 anos, disse que resolveu denunciar mais uma vez o ex-namorado, o humorista Renato Fechine, porque na última agressão "ele praticamente" a matou. Ela foi nesta segunda-feira (29) à Delegacia de Atendimento Especial à Mulher (Deam), em Brotas, para prestar queixa contra o artista. Segundo a denúncia, Fechine agrediu Alexsandra com socos e murros no rosto no último dia 22. "Eu resolvi continuar com a denúncia porque eu vi a hora de morrer, mas não foi uma atitude fácil", disse ao CORREIO.

"Quando ficou mais grave, eu não estava aguentando mais e vim e dei a primeira queixa aqui na delegacia. Não compareci para audiência, reatamos. Ele me agrediu novamente. Voltei, dei queixa de novo. Não compareci à audiência mais uma vez. A última foi agora. Não teve jeito porque eu não suportava mais. Ele praticamente me mata", afirmou Alexsandra. Ela conta que a primeira agressão foi em março, a segunda entre e setembro e outubro, e a última na semana passada.

"Eu fiquei toda desfigurada (na 1ª agressão). Tanto que fui pro meu interior, passei uns 20 dias lá para dar uma melhorada. Fiquei com vergonha de sair. Por isso dei queixa, a primeira. A segunda ele já não deixou tanto (marcas) porque eu já consegui me defender. Quebrei vaso, joguei coisa no chão, chamei a polícia, consegui sair do apartamento... Aí vim e prestei a segunda queixa. Também não fui adiante. Nisso tudo a gente tinha terminado. Passamos um tempinho terminados. Agora, depois do Réveillon, pensamos em tentar reatar, de uma forma mais devagar, sem pressa, para ver se melhoraria o relacionamento. Foi aí que ele me agrediu dessa forma. Meu olho nem abria. Minha orelha está totalmente... Fiz três tomografias no HGE (Hospital Geral do Estado)", explica.

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Ela diz que Fechine tem uma personalidade agressiva, que é exacerbada por ciúmes e pela bebida. "A maioria sempre foi baseado de ciúmes. Ou álcool junto com ciúmes. Ele é praticamente alcoólatra. Ele começa a beber e não tem dia para parar. E bebe só vodca. E tudo sempre, essas brigas, sempre em cima de ciúmes", relata Alexsandra, que também diz que eram comuns agressões motivadas por frustrações do humorista."Às vezes até tinha briga que não era o motivo comigo. Digamos, ele tentou fechar um negócio, um contrato, não deu certo, ele descontava em mim, que era a pessoa que estava mais perto. É uma pessoa totalmente agressiva. Na rua mesmo ele grita com as pessoas, ele xinga. Já cansei de ficar com vergonha de entrar em lanchonete ele gritando, xingando 'desgraça', e o povo olhando", comenta."E eu considero ele uma pessoa bipolar. Na mesma hora que a gente tá bem, tá rindo, tá namorando. Aí ele muda e já começa a brigar", continua Alexsandra.

Ela diz que vai adiante com o caso agora, mesmo que amigos em comum a tenham procurado para aconselhar a não dar queixa. "Das outras vezes, eu dava queixa, mas continuava porque amava. Eu já tinha perdido meu amor próprio e agora ia perder minha vida". A vendedora afirma que está amedrontada."Eu tô com medo do que vai acontecer, do que ele pode fazer comigo", diz.Alexsandra tem dois filhos, de 22 e 15 anos, de outro relacionamento. Ela conta que conheceu Fechine há cerca de 3 anos, quando ele ainda era casado, mas o relacionamento começou mais recentemente - foram sete meses juntos.

Ela rebate a resposta de Fechine, de que teria feito os ferimentos em si mesma. "Não tenho condição de fazer isso aqui em mim mesma, dar murro em meu olho, meu ouvido... E o prédio dele tem câmeras", indica. Imagem mostra Alexsandra logo após as agressões (Foto: Acervo Pessoal) Outro lado Procurado, Renato Fechine afirmou que teve um relacionamento curto com Alexsandra e negou as agressões. Ele disse que no dia do ocorrido, a mulher teria pedido para ir até a casa dele, dizendo estar com "saudades".

Ele conta que na madrugada em questão, ela teria encontrado amigos e duas mulheres na residência. Quando os convidados foram embora, Alexsandra teria tido uma crise de ciúmes, agredido a si mesma com um copo e uma garrafa de bebida. "Ela pegou o copo e quebrou na própria cabeça", afirma o humorista. 

Ainda segundo Fechine, depois do ocorrido, a mulher usou remédios para dormir. Ele diz que sua única agressão foi jogar um balde de água para acordá-la dois dias depois. "Eu queria que Alexsandra saísse da minha cama e, por isso, joguei um balde de água. Ela acordou e ficou dizendo que ia se matar. Ela saiu de lá de casa dizendo que ia fu... comigo", concluiu o humorista. 

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Está passando por situação de violência doméstica? Veja onde encontrar ajuda em Salvador

CRLV (Centro de Referência Loreta Valadares) – Promove atenção à mulher em situação de violenta, com atendimento jurídico, psicológico e social. Endereço: Praça Almirante Coelho Neto, nº1 – Barris, em frente à Delegacia do Idoso. Telefone: 3235-4268.

Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) – Em Salvador, são duas: uma em Brotas, outra em Periperi. Deam Brotas – Rua Padre José Filgueiras, s/n – Engenho Velho de Brotas. Telefone: 3116-7000. Deam Periperi – Rua Doutor José de Almeida, Praça do Sol, s/n – Periperi. Telefone: 3117-8217.

Gedem (Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher do Ministério Público do Estado da Bahia) – Atua na proteção e na defesa dos direitos das mulheres em situação de violência doméstica, familiar e de gênero. Endereço: Avenida Joana Angélica, nº 1312, sala 309 – Nazaré. Telefone: 3103-6407/6406/6424.

Nudem (Núcleo Especializado na Defesa das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar da Defensoria Pública do Estado) – Atendimento especializado para orientação jurídica, interposição e acompanhamento de medidas de proteção à mulher. Endereço: Rua Pedro Lessa, nº123 – Canela. Telefone: 3117-6935.

1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar – Unidade judiciária especializada no julgamento dos processos envolvendo situações de violência doméstica e familiar contra a mulher, de acordo com a Lei Maria da Penha. Endereço: Rua Conselheiro Spínola, nº 77 – Barris. Telefone: 3328-1195/3329-5038.