Violência no Nordeste de Amaralina: 15 escolas estão sem aula

Passa de 4,1 mil número de estudantes impactados após confrontos com PMs

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  • Bruno Wendel

Publicado em 22 de setembro de 2017 às 15:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/CORREIO

Agora são 4.150 alunos da rede municipal sem aula no Complexo do Nordeste de Amaralina, em Salvador. Na manhã desta sexta-feira (22), a Secretaria Municipal de Educação (Smed) acrescentou à lista a 15º instituição de ensino: Escola Municipal Amália Paiva, que fica no bairro de Nordeste de Amaralina.

Até ontem, 3.859 estudantes estavam sem estudar por conta da insegurança na região, formada pelos bairros de Nordeste de Amaralina, Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho - onde moram 76.087 pessoas de acordo com o censo de 2010. As primeiras escolas fecharam na quarta-feira, um dia após moradores do Vale das Pedrinhas protestarem pelas mortes de dois rapazes baleados por policiais militares. 

Cinco pessoas foram assassinadas na região nos últimos três dias. Segundo a polícia, as mortes aconteceram durante confronto com policiais militares. O transtorno para a população da região, que compreende quatro bairros, se estende também para o transporte público - o itinerário da frota foi alterado por conta da violência. 

Na manhã desta sexta-feira, o CORREIO percorreu algumas escolas municipais. Na Escola Municipal Teodoro Sampaio, na Rua Doutor Armando Colavope, no final de linha de Santa Cruz, apenas o porteiro estava na escola. “Tem dois dias que ninguém vem aqui. Foi ordem da Secretaria por causa do que está acontecendo nos últimos dias no bairro. A insegurança tem aumentado”, declarou. 

Um porteiro foi quem também atendeu a equipe do CORREIO na Escola Municipal Sociedade Beneficente Cultural de Amaralina, na Rua Onde de Novembro, em Santa Cruz. “Pouquíssimos pais ligam para saber se vai haver aula. Mas desde ontem que não vem ninguém aqui da diretoria e do quadro de professores", disse o porteiro. Já na Escola Municipal Artur de Sales, na Rua Antônio Carlos Magalhães, ainda em Santa Cruz, apenas um cadeado e o silêncio davam o tom do clima dentro da instituição. “Não tem ninguém aí. Nem o porteiro. Todo mundo com medo. Está assim há três dias”, contou uma dona de casa que mora em frente à escola. 

Procurada, a Secretaria Estadual da Educação informou que nenhuma das quatro escolas no Nordeste de Amaralina e Santa Cruz suspenderam as aulas. O CORREIO passou em três delas, que estavam funcionando. As unidades escolares do estado ficam ao lado da Base Comunitária da PM e da 40ª Companhia Independente da PM (CIPM/Nordeste de Amaralina). 

Boqueirão Titular da 28ª Delegacia (Nordeste de Amaralina), delegado Deraldo Damasceno, disse que a polícia vem atuando no complexo, mas reconheceu que em algumas localidades é preciso ter cautela, como no caso da localidade do Boqueirão, em Santa Cruz.

“Se uma viatura entrar sozinha, é capaz de os policiais ficarem encurralados. Para entrar no Boqueirão tem que ter muita cautela, até porque sabemos que os traficantes costumam fazer de escudo mulheres, idosos e crianças”, disse o delegado 

A localidade abriga o Comando do Boqueirão (CB), que é um dos braços do Comando da Paz (CP), facção que controla todo o complexo do Nordeste de Amaralina. Ainda de acordo com o delegado, a mancha criminal do Boqueirão é a maior do complexo.“É uma região bastante problemática. É sabido que os bandidos circulam com fuzis, metralhadoras, submetralhadoras e outros armamentos de grosso calibre. A mancha criminal é a mais intensa. São confrontos diários com a polícia. E eles são ousados. Partem para o enfrentamento. Diariamente recebemos inúmeras denúncias da movimentação do tráfico. Temos o registro de algumas viaturas atingidas pelos tiros dos soldados que fazem a segurança em vários pontos”, disse o delegado, que no momento não dispunha de dados quantitativos referentes às ocorrências. De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública (SSP), a mancha criminal é feita pelo Centro de Documentação e Estatística da Polícia Civil (Cedep), cruzando as informações de ocorrências, denúncias e registros de pessoas presas (incluindo conduções, como de usuários).     

ESCOLAS MUNICIPAIS SEM AULAS:                                                                                            Cmei Dália de Menezes (Nordeste) 

Escola Municipal Professora Anita Barbuda (Nordeste)  

Escola Municipal Zulmira Torres (Amaralina)

Escola Municipal Artur de Sales (Santa Cruz)

Escola Municipal Sociedade Beneficente Cultural de Amaralina (Santa Cruz)

Escola Municipal José Calazans Brandão da Silva (Santa Cruz)

Escola Municipal Sao Pedro Nolasco (Santa Cruz)

Escola Municipal Teodoro Sampaio (Santa Cruz)

Escola Municipal Centro Social Neusa Nery (Vale das Pedrinhas)

Escola Municipal Santo Andre (Vale das Pedrinhas)

Escola Municipal Vale das Pedrinhas (Vale das Pedrinhas)

Escola Municipal Professora Gabriela Sá Pereira (Vale das Pedrinhas)

Escola Municipal Comunitária Cristo Redentor (Chapada)

Escola Municipal Cristo E Vida (Rio Vermelho)

Escola Municipal Amália Paiva (Nordeste)