Vitória: corpo e mente sem sincronia

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  • Elton Serra

Publicado em 15 de outubro de 2017 às 05:19

- Atualizado há um ano

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O Vitória entra em campo amanhã, contra o Santos, e a esperança do torcedor é que o rubro-negro conquiste mais três pontos como visitante. A campanha do time longe do Barradão impressiona e contrasta com os números do Leão jogando em casa – algo que também desperta curiosidade, afinal, a equipe baiana sempre foi temida em seu santuário. A torcida põe a culpa no estádio, nos membros da diretoria que ainda trabalham no clube e até neles próprios, alegando que o Vitória não vence quando o Manoel Barradas recebe um público considerável. Os resultados, porém, vão muito além das crenças.

Contra o Sport, na quinta-feira passada, o rubro-negro baiano teve 53% de posse de bola. O número é absolutamente natural quando analisamos os times que jogam em casa, mas para o Vitória esse tem sido um grande problema. Para se ter uma ideia, a média de posse de bola do time de Vagner Mancini no Campeonato Brasileiro é de pouco mais de 49%. Os jogadores do Leão se acostumaram a jogar de maneira vertical, com poucos toques, aproveitando o mínimo de tempo em que seus adversários concedem espaços na defesa. O Barradão parece ficar menor quando os visitantes entram em campo, provocando o Vitória a jogar de forma pouco confortável. Quando os espaços não aparecem, entra o fator psicológico.

No atual elenco rubro-negro, ainda restam fragmentos da época em que o time foi treinado por Argel Fucks, Dejan Petkovic e Alexandre Gallo. Não no aspecto tático, totalmente diferente desde que Vagner Mancini voltou à Toca do Leão, mas na questão anímica. O grupo parece não ter força psicológica para sair de situações adversas, como sofrer um gol e apresentar frieza suficiente para reagir. Nas últimas quatro partidas em casa, saiu atrás no placar em três – quando conseguiu abrir o marcador contra o Fluminense, sofreu a virada e conseguiu o empate apenas nos acréscimos. Mancini, logo após a derrota para o Avaí, na 20ª rodada, afirmou que havia identificado o grande problema do time quando joga em seus domínios. Não conseguiu solucioná-lo justamente porque não é psicólogo.

Parece bobagem para muitos, mas a psicologia hoje exerce papel fundamental no futebol. Como os atletas vivem num ambiente de constante pressão, precisam ser acompanhados por profissionais capazes de auxiliá-los em situações de estresse. Apesar de não ganhar jogos, pois o esporte é executado por seres humanos suscetíveis a falhas, o aspecto psicológico é importante em momentos cruciais do jogo. O Vitória, nitidamente, ainda possui fraquezas herdadas da primeira parte do Campeonato Brasileiro.

A excelente e histórica campanha do Leão como visitante precisa ser exaltada, mas o fracasso como mandante é do mesmo tamanho. Os jogadores rubro-negros se sentem mais à vontade longe de Salvador, e parece que o Barradão tem se tornado um pesadelo para eles. O time que entra em campo nas duas situações é praticamente o mesmo. Se o aspecto tático tem funcionado na maioria dos jogos, fica claro que o problema vai muito além das quatro linhas. A esperança do torcedor será renovada no jogo contra o Santos, mas ganhará tons de ceticismo quando a equipe enfrentar o Atlético-PR, na quinta-feira. Tudo isso antes do Ba-Vi, clássico que exige muito do psicológico do atleta. Nessa gangorra de emoções, o Vitória tenta se equilibrar numa das competições mais desgastantes do planeta.

*Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos