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Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2018 às 02:33
- Atualizado há 2 anos
Mesmo estando localizadas dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA Joanes-Ipitanga), as dunas de Jauá e Abrantes, em Camaçari, frequentemente são alvos de infratores. Moradores da região já se cansaram de denunciar a extração ilegal de areia das dunas e o descarte irregular de entulho e até lixo industrial na área. Conforme essas denúncias, algumas caçambas saem tão carregadas que a areia vai sendo derramada no calçamento com os solavancos.>
As investidas contra as dunas não têm hora para acontecer. Muitas vezes, ela acontece à luz do dia. Outras, no calar da noite. Acontece durante a semana, nos fins de semana, nos feriados. E esse não é o único desafio encontrado pelos defensores da área ambiental. A APA também é alvo da ação de grileiros. Mesmo em área pública, as dunas de Jauá e Abrantes são invadidas com estacas e arame farpado. E isso acontece devido à pouca ou quase nenhuma fiscalização.>
As dunas são caracterizadas pela vegetação de restinga que, no passado não muito distante, podia ser vista em quase toda orla atlântica de Salvador. A vegetação está adaptada a suportar altas temperaturas, salinidade e baixa disponibilidade de nutrientes no solo, mas apesar da aparente robustez, é um ecossistema considerado bastante vulnerável à ação humana.>
A retirada de areia ou qualquer outra movimentação nas dunas, como um passeio de jipe por exemplo, destrói a vegetação fixadora causando grandes danos ao meio ambiente. Sem essa proteção, a areia passa a se movimentar, provocando o assoreamento de lagoas e outros problemas.>
Não é por outro motivo que moradores da região, e do Litoral Norte, criaram o SOS Dunas e estão unidos no firme objetivo de implantar o Parque Municipal das Dunas de Abrantes, criado há 41 anos, pelo Decreto-Lei nº 116/77. Pelo fato de não ter sido implantado, fato que deveria ter ocorrido num prazo máximo de 5 anos após o decreto de criação, sem plano de manejo e demais ferramentas que o protegesse, ficou entregue à sanha destrutiva que se abateu sobre a área. Degradação que ocorre mesmo com todas as instituições e órgãos ligados à proteção ambiental cientes dos crimes contra este patrimônio público ambiental. >
Governos que nada fizeram, deram, e dão vazão a caminhões-caçambas para roubar a areia das dunas, grileiros para queimar mata nativa, cercar, invadir e construir, em sucessivos atos ilegais.>
No próximo dia 5 de maio, uma Audiência Pública será a primeira oportunidade real que as comunidades do Litoral Norte da Bahia terão de instalar o Parque Municipal das Dunas de Abrantes. O evento será na Associação Beneficente de Jauá, na Rua Direta de Jauá, s/n, antepenúltima quadra antes da praia, junto à lagoa da escultura do papagaio, com início às 8h.>
Essa audiência será o momento oportuno para mudar essa situação e garantir a preservação do belíssimo e diversificado patrimônio natural do Litoral Norte, tão importante para o desenvolvimento autossustentável do turismo em nossa região. Importância hídrica e uma rica biodiversidade no Corredor Ecológico Busca Vida - Abrantes - Jauá, Zona Costeira da Apa Joanes-Ipitanga. >
A proposta é que o Parque Dunas de Abrantes tenha a sua poligonal ampliada, de forma que abranja toda a região entre a foz do Rio Joanes e Jauá, ou seja, o corredor citado acima. São mais de 1.200 hectares, ou seja, o equivalente a 1.200 campos de futebol ou 12 milhões de metros quadrados. O turismo, como sabemos, é uma fonte limpa de novos recursos, que ficam e são reinvestidos na região, gerando postos de trabalho e um sem-número de atividades paralelas, como esportes, artes, culinária, cultura em geral.>