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Rede Nordeste, JC
Publicado em 22 de dezembro de 2023 às 11:29
A defesa do homem acusado pelo assassinato da menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, interpôs recurso na Justiça para que ele não vá a júri popular. Com o início do recesso forense, a partir deste sábado (23), a decisão judicial a respeito do assunto só será tomada em 2024. >
O recurso em sentido estrito, como é chamado, foi apresentado à Justiça nessa quarta-feira (20) pela defesa de Marcelo da Silva, réu confesso do crime que tirou a vida de Beatriz, durante uma festa de formatura no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, em 10 de dezembro de 2015.>
A garota, que morava com a família em uma chácara em Juazeiro, na Bahia, foi encontrada em um depósito de material esportivo desativado, que fica ao lado de uma quadra de esportes onde acontecia a solenidade de formatura. >
Ela foi esfaqueada 42 vezes no tórax, membros superiores e inferiores.>
O réu responde pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima).>
A informação sobre o recurso da defesa de Marcelo da Silva foi confirmada à coluna Segurança pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).>
Agora, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) será intimado e terá prazo de cinco dias para a oferta de contrarrazões em relação ao recurso em sentido restrito. Depois, será a vez da assistência de acusação, com mais três dias. >
"A intimação eletrônica do MPPE foi ordenada nesta quinta-feira (21) e o prazo só passa a ser contado 10 dias após essa intimação; iniciando também essa contagem no primeiro dia útil subsequente à expedição da intimação pela unidade judiciária, ou seja, em 2 de janeiro de 2024, devido ao recesso forense", pontuou a assessoria do TJPE.>
Após as manifestações das partes, o processo retorna para a apreciação do Juízo da Vara do Tribunal do Júri de Petrolina. A juíza Elane Brandão Ribeiro vai avaliar, possivelmente em fevereiro do ano que vem, se mantém ou não a decisão de levar o réu a júri popular. >
"No caso de mantida a decisão de pronúncia no 1° Grau, os autos seguirão para análise do recurso no 2° Grau do TJPE", pontuou a assessoria do tribunal. >
Pronúncia>
Marcelo da Silva foi identificado em janeiro de 2022, por meio do cruzamento de DNA, a partir das amostras coletadas na faca usada para matar Beatriz. Ele, que já estava preso por outro crime, confessou à polícia que matou a menina para que ela parasse de gritar. O réu contou que havia entrado no colégio para conseguir dinheiro e que ela teria se assustado ao encontrá-lo. >
Na decisão de pronúncia, publicada em 5 de dezembro deste ano, a juíza destacou que foram identificadas "escoriações no corpo da ofendida (Beatriz), o que pode indicar que a conduta foi motivada pela recusa da vítima em anuir (consentir) com os interesses sexuais do acusado, conforme indicado na denúncia".>
Sobre a qualificadora do emprego de meio cruel, a magistrada citou que perícias indicaram que a criança "teria sido atingida, em diversas regiões do corpo, por reiterados golpes". Ao todo, segundo laudo, havia 68 lesões na menina, sendo 51 provocadas por arma branca.>
Processo>
Na fase de audiências de instrução e julgamento, anterior à decisão de pronúncia, 15 testemunhas foram ouvidas, sendo oito de acusação e sete de defesa. O réu, interrogado por último, optou pelo silêncio por orientação da defesa. >
Pedido de liberdade negado>
A magistrada negou, no início do mês, o pedido da defesa para que Marcelo respondesse ao processo em liberdade. E pontuou que há necessidade da permanência da prisão para "assegurar a ordem pública, considerando a gravidade concreta da ação, já evidenciada no decreto preventivo e nos próprios autos".>
Sobre o pedido da defesa para que ele fosse encaminhado para um presídio federal, a juíza disse que há "ausência de prova (documental ou testemunhal) de que o réu tenha sofrido ou esteja sob a ameaça de sofrer risco à sua integridade". As informações são do Jornal do Commercio.>