Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Estadão
Publicado em 19 de julho de 2024 às 21:13
Pesquisadores norte-americanos apresentaram resultados promissores para o desenvolvimento de uma vacina universal contra a gripe. O imunizante tem o potencial para oferecer proteção vitalícia contra o vírus, que tem constante mutação, eliminando a necessidade de vacinas anuais contra diferentes cepas. Em estudo publicado nesta sexta-feira (19), na Nature Communications, eles mostraram a eficácia do imunizante contra o vírus da gripe aviária H5N1, considerado o mais provável de desencadear a próxima pandemia.>
O estudo ainda é inicial. Desenvolvido pela Universidade de Saúde e Ciência de Oregon (OHSU, em inglês), dos Estados Unidos, a pesquisa fez testes em macacos. Entre os primatas, os cientistas observaram uma resposta imune potente contra uma cepa do vírus da gripe aviária.>
Os pesquisadores relataram que seis dos 11 primatas vacinados sobreviveram à exposição ao vírus H5N1, considerado de alta patogenicidade. Em contraste, os seis primatas não vacinados e expostos ao vírus morreram.>
Mas a novidade não acaba aí. Embora os macacos tenham apresentado imunidade contra a doença, a vacina injetada neles, na verdade, não foi criada especificamente baseada no H5N1, vírus contemporâneo; em vez disso, o imunizante dos pesquisadores foi feito para combater uma versão do vírus H1N1 responsável pela gripe espanhola de 1918 - uma das últimas pandemias de influenza e que matou milhões de pessoas no mundo todo.>
Isso significa que a mesma vacina pode ter o potencial de proteger contra todas as cepas da gripe, inclusive aquelas que ainda nem surgiram.>
Tal feito foi possível graças ao diferencial dessa vacina: o seu alvo. Os imunizantes comuns são projetados para induzir uma resposta de anticorpos que têm como alvo a evolução mais recente do vírus, diferenciada pelo arranjo de proteínas que cobrem a superfície externa do microrganismo.>
Já a plataforma criada pelos cientistas envolve um tipo específico de célula dos pulmões, chamado de célula T de memória efetora, e tem como foco proteínas estruturais internas do vírus, que permanecem relativamente inalteradas ao longo do tempo.>
"O problema com a gripe é que não é apenas um vírus", disse Sacha. "Como o vírus SARS-CoV-2 (da covid-19), ele está sempre evoluindo para a próxima variante, e sempre somos deixados para perseguir onde o vírus estava, não onde ele estará.", explica o autor principal da pesquisa, Jonah Sacha, em comunicado à imprensa.>
Embora o estudo ainda seja inicial, os pesquisadores acreditam que, em pouco tempo - para os padrões científicos - teremos o imunizante pronto. "É emocionante porque, na maioria dos casos, esse tipo de pesquisa científica básica avança a ciência muito gradualmente. Isso pode realmente se tornar uma vacina em cinco anos ou menos", disse Sacha.>
A abordagem utiliza uma plataforma de vacina desenvolvida anteriormente por cientistas da OHSU que já está sendo usada em um ensaio clínico, ou seja, com teste em humanos, contra o HIV, e os cientistas acreditam que ela possa ser útil contra outros vírus mutantes, incluindo o SARS-CoV-2.>
"É uma mudança radical em nossas vidas", disse Sacha. "Não há dúvidas de que estamos à beira da próxima geração de como lidamos com doenças infecciosas.">