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Nelson Cadena: 100 anos da Revista Renascença

  • D
  • Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2016 às 03:34

 - Atualizado há 2 anos

Há um século estreou em Salvador uma das melhores revistas já publicadas na Bahia em todos os tempos, Renascença, uma iniciativa dos pioneiros do cinema Diomedes Gramacho e Rodolfo Lindemann, este, além de cineasta, também destacado fotógrafo francês que morou entre nós por meio século e é o responsável pelo maior acervo de fotos antigas de nossa cidade. O título Renascença não era novo na imprensa baiana, antes circularam com esse nome duas publicações, uma de pequena monta e uma outra literária e de grande prestígio, dirigida por Egas Muniz Barreto de Araújo, nome artístico: Pethion de Villar  Lindemann já militara na imprensa como diretor artístico de O Pantheon, em 1894. Não sabemos como passou de empreendedor para empregado. O fato é que desde 1909, o seu estúdio fotográfico pertencia a José Dias da Costa. Este associou-se a Gramacho, constituindo a firma Costa & Gramacho, proprietária da revista. O nome de Lindemann, contudo, era referência de um acervo fotográfico imenso e sinônimo de qualidade. Parte dele desapareceu, milhares de metros de rolo de filmes de cinema e milhares de fotos, num incêndio ocorrido em 1920. 

O acervo estava em negociação para ser exposto na grande Exposição Comemorativa do Centenário da Independência, a ser realizada no Rio de Janeiro, em 1922.Renascença, não podia ser diferente, era uma publicação que priorizava a imagem, destacando fotos de arquivo e fotos produzidas durante o mês para ilustrar a maioria das matérias. As capas eram ilustradas pelos melhores desenhistas da época, o pintor Alberto Valença era um deles. Mas também alguns estreantes, um desses novatos chamava-se Assis Valente, autor de algumas capas em 1927. Na década seguinte, ele já era reconhecido como um grande compositor brasileiro, autor de clássicos interpretados por Carmem Miranda e Dorival Caymmi, dentre outros. O seu talento artístico como ilustrador, porém, até hoje não mereceu um estudo.Renascença surge em julho de 1916. Estreou num momento em que o mercado se ressentia de uma boa revista genérica, não especializada. A Revista do Brasil, uma excelente publicação, deixara de circular em 1912. E de lá para cá nada de novo surgira de interessante no gênero magazine. Fotografia era o seu forte, em torno de 60 por edição, com o que se tornou uma das melhores fontes para a pesquisa de imagens da vida social da Bahia.Na sua fase inicial, Renascença, sob a direção intelectual de Antônio Garcia, contou com um corpo de colaboradores dos mais qualificados: o crítico Carlos Chiachio; o poeta Pethion de Villar; o historiador Afonso Ruy; o jornalista e poeta Altamirando Requião; o escritor Xavier Marques, dentre outros. Contava regularmente com seções de teatro e cinema, de esportes, crônica mundana, seção de humor com o título de “Marteladas”, notícias literárias e uma cobertura de oportunidade, fatos ocorridos durante o mês, ilustrados com imagens. As festas populares e o Carnaval sempre mereceram uma atenção especial.O incêndio de 1920 provocou um sério abalo financeiro, além da perda de arquivo, pois a revista nunca mais foi a mesma. Gramacho ficou deprimido e consta que, abalado, teria se desfeito de outros milhares de metros de película de sua autoria, jogando-os no fundo do mar, segundo depoimento seu, já octogenário. Em julho de 1928, Derval Gramacho assume a direção da revista, mas não por muito tempo. Deixa de circular para reaparecer na segunda metade da década de 1940. Diomedes Gramacho, o fundador, ainda figurava no expediente como diretor-proprietário, junto com João Silva de Araújo, e eram seus redatores principais Arthur Gantois e Mendes de Aguiar.