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Aos 60 anos de carreira, Cauby Peixoto iniciou carreira no rádio e se tornou um dos maiores da MPB

Como quase todos de sua geração, foi no rádio que deu início à carreira, num período em que as vozes femininas dominavam

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 17 de maio de 2016 às 14:20

 - Atualizado há 2 anos

Para Cauby, a vida perderia o sentido se não pudesse cantar. Tanto que, mesmo bem debilitado, aos 85 anos, ele fez questão de exibir sua voz até os últimos dias de vida. Ultimamente, ele vinha se apresentando sentado, ao lado da amiga Ângela Maria, na turnê que celebrava os 60 anos de carreira dos dois artistas. O último show da dupla, na turnê 120 anos de Música, foi há apenas duas semanas, no Theatro Municipal do Rio.Gigante vocal, Cauby gravou clássicos da MPB como Bastidores e Conceição (Foto: Marco Maximo/ Divulgação)Dali em diante, a saúde do cantor piorou, o que o levou à internação no dia 9, no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. Morreu anteontem, às 23h50, devido às complicações de uma pneumonia. 

RádioNascido em Niterói, em 10 de fevereiro de 1931, Cauby Peixoto foi estimulado pelo irmão, Moacyr, a investir em sua voz. Recebeu dele o conselho para baixar o tom, já que cantava alto demais, acostumado ao coral da escola.Como quase todos de sua geração, foi no rádio que deu início à carreira, num período em que as vozes femininas dominavam, com destaque para Emilinha Borba (1923-2005) e Marlene (1922-2014). Com seus sambas, marchas, toadas e foxes, Cauby foi um dos poucos a concorrer com as rainhas. Foi contratado pela Rádio Nacional, onde se tornou um fenômeno de popularidade, comparável a Orlando Silva (1915-1978). A consagração definitiva foi em 1956, com o samba-canção Conceição, que elevou a sua popularidade ao máximo. Na época, teve a carreira administrada pelo empresário Di Veras, responsável pelo repertório e pelo figurino.

Àquela altura, Cauby já era um galã, que levava as meninas à loucura. Diz-se até que suas roupas eram propositadamente frágeis, para que fossem rasgadas com facilidade pelas fãs histéricas.Cauby Peixoto em show realizado em Salvador, na década de 1990(Foto: Marcio Costa e Silva/ Arquivo CORREIO)Já muito famoso no Brasil, Cauby ambicionou conquistar o mundo. E decidiu começar nos Estados Unidos, onde usava o nome Ron Coby. Gravou até uma versão em inglês de Maracangalha, de Dorival Caymmi (1914-2008), que se chamou I Go. A carreira internacional não vingou e ele voltou para o Brasil, onde gravou clássicos como Blue Gardenia, Mil Mulheres, New York, New York e Nada Além.BastidoresNos anos 70, Cauby viu sua popularidade diminuir  e quase foi ao ostracismo. Mas em 1980 veio uma virada em sua carreira: naquele ano, quando comemorava um quarto de século de carreira, ele lançou Cauby! Cauby!, um álbum com diversas canções feitas para ele. A música de Caetano Veloso batizou o disco.O maior sucesso do álbum foi Bastidores, de Chico Buarque, que, na verdade, havia composto a canção para a irmã, Cristina. Mas a música caiu tão bem na voz de Cauby que parecia também ter sido feita para ele. Há até quem diga que Bastidores teve, para sua carreira, tanta importância quanto Conceição. Nos últimos anos, apesar de não ostentar mais o mesmo vozeirão de antes, Cauby fazia questão de cantar regularmente no Bar Brahma, em São Paulo, toda semana. No ano passado, lançou dois álbuns: Cauby Sings Nat King Cole e A Bossa de Cauby. Em 2012, Cauby foi personagem do documentário Começaria Tudo Outra Vez. No filme, o cantor falava sobre um assunto que foi um tabu em sua carreira: a homossexualidade. Embora não se assumisse gay, Cauby falava sobre suas experiências sexuais com homens: “Eu brincava com os garotos nessa coisa de sexo, ia para os morros transar com os... viados, né? (...) a gente brincava, mas era tudo brincadeira”.Cauby e Ângela MariaEm algumas ocasiões, Cauby Peixoto referia-se a Ângela Maria como “quase namorada”. “Adoro ela, a voz dela, a família dela, a comida dela”, disse em  entrevista de 2014. 

Em uma participação no programa Altas Horas, de Serginho Groisman, há dois meses, ao lado da cantora, Cauby declarou: “Eu era tiete da Ângela, corria atrás dela”.Ângela Maria e Cauby cantaram juntos até o dia 3 de maio, no Rio (Foto: Jardiel Carvalho/ Divulgação)Os dois lançaram o primeiro LP juntos, em 1976: Ângela Maria & Cauby Peixoto no Canecão. O álbum seguinte da dupla foi lançado em 1982, com canções como Começaria Tudo Outra Vez (Gonzaguinha) e Meu Bem Querer (Djavan). 

Ainda gravariam juntos mais quatro discos, um deles com um terceiro participante, Agnaldo Timóteo. Muito emocionada, a cantora chegou ao velório do amigo, na Assembleia Legislativa de São Paulo, e deu uma breve declaração à imprensa: “Esperava que ele continuasse ao meu lado por muitos e muitos anos. Perdi não só um amigo, mas um irmão de muitos anos”.

Nas redes sociais, a morte do cantor repercutiu. O presidente Michel Temer escreveu no Twitter: “Recebi com tristeza a notícia da morte de Cauby Peixoto, uma figura exponencial da música e canção brasileiras”. No velório, Jerry Adriani falou: “Cauby foi e será sempre o nosso eterno professor. Mais que um professor, um mestre. Desde que eu era garoto, Cauby era uma de nossas referências; ele e o Elvis”.