A invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, tomado de assalto na quarta, 06, por apoiadores de Donald Trump e por grupos racistas e de extrema-direita, fizeram com que boa parte das pessoas que acompanhavam a situação se sentisse em ‘1984’. Não o ano, mas o livro de George Orwell que descreve um futuro sombrio onde o mundo vive uma ditadura.
Não à toa, desde 2016, quando Trump foi eleito presidente, as vendas de ‘1984’ dispararam em diversos países. No Brasil, de 2018 para cá, o livro consta nos rankings de mais vendidos. No ano passado, 65 mil exemplares foram comercializados por aqui, segundo o site Publishnews, do mercado literário.
Nos EUA, o Congresso foi invadido 30 minutos depois do começo da sessão de reconhecimento da vitória de Joe Biden nas últimas eleições. A sessão foi paralisada, cinco pessoas morreram, mais de 50 foram presas, houve tiroteio na sede do parlamento do país que se considera o mais democrático do planeta. Cenas de barbárie, com homens vestidos de modo tribal, dominaram as capas dos principais sites de notícias do mundo. Mais parecido com uma distopia, impossível.
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Membros do QAnon, grupo de supremacistas e adeptos de teorias da conspiração, participaram do ataque ao Capitólio (Foto: Saul Loeb/AFP |
Apesar da pressão dos admiradores de Trump, na madrugada de quinta, 07, o Senado reconheceu a vitória de Biden por 306 votos dos delegados de colégios eleitorais. Ele assume em 20 de janeiro. Trump corre o risco de sair antes de passar a faixa ao sucessor.
A Câmara dos Deputados, que já havia aprovado o impeachment do presidente, tornou a pedir que ele seja retirado do poder por representar ameaça ao país. Nancy Pelosi, a líder democrata na Câmara, apelou para a Emenda 25, que permite afastar presidentes doentes ou ‘problemáticos’ do poder.
Trump discursou na quarta e estimulou os apoiadores a tomarem o Capitólio. Na quinta, condenou o ataque, que chamou de ‘odioso’. Nem o ministro da verdade de ´1984’ mudaria o discurso tão depressa. No livro de Orwell, o Ministério da Verdade é o órgão do governo do Grande Irmão, o ditador da história, responsável por fabricar ‘fake news’. Se a verdade da derrota eleitoral não agradou Trump, com a ajuda de seus admiradores, ele tentou fabricar outra à força.
O atentado ao Capitólio repercutiu no Brasil. O presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que em 2022 algo semelhante poderia acontecer aqui se o voto não passasse a ser impresso. O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), advertiu para o perigo à democracia do país, se os bolsonaristas decidirem imitar os americanos.
‘1984’ tem 72 anos, é de 1949, escrito após a II Guerra e os horrores do nazifascismo. Orwell mostra como a democracia é delicada e só se sustenta por um pacto social em nome da justiça e da liberdade. Joe Biden, essa semana, lembrou o quanto ela é frágil e corre risco de morte se não for tratada com zelo.
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P!nk se manifestou contra ataques ao Capitólio (Foto: Divulgação) |
Frase:
“Como cidadã dos Estados Unidos, filha de veteranos e irmã de outro, eu estou envergonhada do que está acontecendo em Washington. Hipocrisia, vergonha, embaraço... Este é um dia triste para a América”, P!nk
A cantora, que assina P!nk (assim mesmo com uma exclamação no ligar do i) postou em seu perfil oficial no Twitter (@pink), na quarta-feira, 06, várias críticas aos grupos que promoveram a invasão do Congresso dos EUA durante a sessão de reconhecimento da vitória do democrata Joe Biden na última eleição presidencial.
Imagem da semana:
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Banho de folha é tradição da primeira segunda-feira do ano em São Lázaro (Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO) |
São Lázaro: vírus altera tradição da 1ª segunda do ano
Missas com metade do público, banho de pipoca e de folha com máscara e distanciamento social fizeram parte do ritual de visita à igreja de São Lázaro, na Federação, na primeira segunda-feira do ano novo. A pandemia alterou a rotina dos devotos do santo católico e do orixá Omolu, mas não diminuiu a fé de quem foi à igrejinha pedir paz e, principalmente, para que a vacina chegue.
Outros destaques do noticiário
Quebrado e recuperado em 24h
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a um grupo de apoiadores que o aguardavam na saída do Palácio da Alvorada que o Brasil estava 'quebrado' e que a pandemia vem sendo 'potencializada pela mídia'. "Chefe, o Brasil está quebrado e eu não consigo fazer nada", afirmou o presidente, na terça, 05. Na quarta, 06, o discurso de Bolsonaro mudou de tom e ele afirmou que o "Brasil está uma maravilha". A questão é que a fala anterior sobre a falência do país repercutiu muito mal no mercado financeiro.
Mais de 200 mil para chorar
O Brasil passou de 200 mil mortos por covid-19 na quinta, 07, e chegou a quase oito milhões de casos confirmados da doença em todo o país no mesmo dia. O dado foi confirmado pelo consórcio de veículos de imprensa que desde o começo da pandemia reúne informações das secretarias estaduais de saúde. Sem estabelecer calendário de vacinação, o Ministério da Saúde se limitou a emitir nota lamentando as mortes e se solidarizando com as famílias em luto.
Tiros e mortes em Jaguaribe
Três pessoas morreram, na terça-feira, 05, após bandidos promoverem um tiroteio na faixa de areia da praia de Jaguaribe. O alvo principal da ação era Lucas Santos da Cruz, de 27 anos, que morreu na hora. As outras duas mortes foram a da estudante de biomedicina Juliana Celina da Santana Silva Alcântara, de 20 anos, e do adolescente Igor Oliveira Lima Filho, 16. Segundo a Polícia Militar (PM), homens armados chegaram de moto e dois deles desceram até a praia, onde iniciaram os disparos.