‘1984’ chegou antes de 2021 nos EUA

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  • Andreia Santana

Publicado em 9 de janeiro de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

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A invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, tomado de assalto na quarta, 06, por apoiadores de Donald Trump e por grupos racistas e de extrema-direita, fizeram com que boa parte das pessoas que acompanhavam a situação se sentisse em ‘1984’. Não o ano, mas o livro de George Orwell que descreve um futuro sombrio onde o mundo vive uma ditadura. 

Não à toa, desde 2016, quando Trump foi eleito presidente, as vendas de ‘1984’ dispararam em diversos países. No Brasil, de 2018 para cá, o livro consta nos rankings de mais vendidos. No ano passado, 65 mil exemplares foram comercializados por aqui, segundo o site Publishnews, do mercado literário. 

Nos EUA, o Congresso foi invadido 30 minutos depois do começo da sessão de reconhecimento da vitória de Joe Biden nas últimas eleições. A sessão foi paralisada, cinco pessoas morreram, mais de 50 foram presas, houve tiroteio na sede do parlamento do país que se considera o mais democrático do planeta. Cenas de barbárie, com homens vestidos de modo tribal, dominaram as capas dos principais sites de notícias do mundo. Mais parecido com uma distopia, impossível. Membros do QAnon, grupo de supremacistas e adeptos de teorias da conspiração, participaram do ataque ao Capitólio (Foto: Saul Loeb/AFP Apesar da pressão dos admiradores de Trump, na madrugada de quinta, 07, o Senado reconheceu  a vitória de Biden por 306 votos dos delegados de colégios eleitorais. Ele assume  em 20 de janeiro. Trump corre o risco de sair antes de passar a faixa ao sucessor. 

A Câmara dos Deputados, que já havia aprovado o impeachment do presidente, tornou a pedir que ele seja retirado do poder por representar ameaça ao país. Nancy Pelosi, a líder democrata na Câmara, apelou para a Emenda 25, que permite afastar presidentes doentes ou ‘problemáticos’ do poder. 

Trump discursou na quarta e estimulou os apoiadores a tomarem o Capitólio. Na quinta, condenou o ataque, que chamou de ‘odioso’. Nem o ministro da verdade de ´1984’ mudaria o discurso tão depressa. No livro de Orwell, o Ministério da Verdade é o órgão do governo do Grande Irmão, o ditador da história, responsável por fabricar ‘fake news’. Se a verdade da derrota eleitoral não agradou Trump, com a ajuda de seus admiradores, ele tentou fabricar outra à força.

O atentado ao Capitólio repercutiu no Brasil. O presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que em 2022 algo semelhante poderia acontecer aqui se o voto não passasse a ser impresso. O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), advertiu para o perigo  à democracia do país, se os bolsonaristas decidirem imitar os americanos.

‘1984’ tem 72 anos, é de 1949, escrito após a II Guerra e os horrores do nazifascismo. Orwell mostra como a democracia é delicada e só se sustenta por um pacto social em nome da justiça e da liberdade. Joe Biden, essa semana, lembrou o quanto ela é frágil e corre risco de morte se não for tratada com zelo. P!nk se manifestou contra ataques ao Capitólio (Foto: Divulgação) Frase:“Como cidadã dos Estados Unidos, filha de veteranos e irmã de outro, eu estou envergonhada do que está acontecendo em Washington. Hipocrisia, vergonha, embaraço... Este é um dia triste para a América”, P!nkA cantora, que assina P!nk (assim mesmo com uma exclamação no ligar do i) postou em seu perfil oficial no Twitter (@pink), na quarta-feira, 06, várias críticas aos grupos que promoveram a invasão do Congresso dos EUA durante a sessão de reconhecimento da vitória do democrata Joe Biden na última eleição presidencial.

Imagem da semana: Banho de folha é tradição da primeira segunda-feira do ano em São Lázaro (Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO) São Lázaro: vírus altera tradição da 1ª segunda do ano

Missas com metade do público, banho de pipoca e de folha com máscara e distanciamento social fizeram parte do ritual de visita à  igreja de São Lázaro, na Federação, na primeira segunda-feira do ano novo. A pandemia  alterou a rotina dos devotos do santo católico e do orixá Omolu, mas não diminuiu a fé de quem foi à igrejinha pedir paz e, principalmente, para que a vacina chegue.

Outros destaques do noticiário

Quebrado e recuperado em 24h

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a um grupo de apoiadores que o aguardavam na saída do Palácio da Alvorada que o Brasil estava 'quebrado' e que a pandemia vem sendo 'potencializada pela mídia'. "Chefe, o Brasil está quebrado e eu não consigo fazer nada", afirmou o presidente, na terça, 05. Na quarta, 06, o discurso de Bolsonaro mudou de tom e ele afirmou que o "Brasil está uma maravilha". A questão é que a fala anterior sobre a falência do país repercutiu muito  mal no mercado financeiro.

Mais de 200 mil para chorar

O Brasil passou de 200 mil mortos por covid-19 na quinta, 07, e chegou a quase oito milhões de casos confirmados da doença em todo o país no mesmo dia. O dado foi confirmado pelo consórcio de veículos de imprensa que desde o começo da pandemia reúne informações das secretarias estaduais de saúde. Sem estabelecer calendário de vacinação, o Ministério da Saúde se limitou a emitir nota lamentando as mortes e se solidarizando com as famílias em luto.

Tiros e mortes em Jaguaribe

Três pessoas morreram, na terça-feira, 05, após bandidos promoverem um tiroteio na faixa de areia da praia de Jaguaribe. O alvo principal da ação era Lucas Santos da Cruz, de 27 anos, que morreu na hora. As outras duas mortes foram a da estudante de biomedicina Juliana Celina da Santana Silva Alcântara, de 20 anos, e do adolescente Igor Oliveira Lima Filho, 16. Segundo a Polícia Militar (PM), homens armados chegaram de moto e dois deles desceram até a praia, onde iniciaram os disparos.