3ª medalha olímpica crava o nome de Mayra Aguiar como a maior judoca brasileira da história

Brasileira é a única do país a conquistar três medalhas olímpicas em esportes individuais

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 29 de julho de 2021 às 08:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/COB

Esqueça a raiva, a sétima cirurgia, o medo de ficar fora dos jogos. Nada disso tirou a confiança de Mayra Aguiar. Ela avisou que sabia e confirmou a própria sapiência ao a medalha de bronze e escrever em fontes garrafais que é a maior judoca da história do Brasil. São três bronzes seguidos na carreira: nos Jogos de Londres, em 2012; no Rio, em 2016; e agora, em Tóquio, nesta quinta-feira (29) ao vencer a sul-coreana Hyun-ji Yoon por ippon com imobilização.

O ciclo olímpico dolorido e muito suado acabou justamente no ginásio Budokan, maior templo do judô mundial. Em Tóquio, onde conquistou sua primeira medalha adulta, uma prata no Mundial de 2010. Terra do Judô, o Japão colocou Mayra em dois dos seus seis pódios mundiais, já que ela conquistou um bronze no Mundial de Tóquio em 2019. Agora, a capital japonesa também entra na história olímpica de Mayra - única brasileira com mais de uma medalha olímpica em esportes individuais.

Para fechar os feitos históricos alcançados com o Bronze, Mayra se tornou a primeira brasileira a alcançar três pódios consecutivos num esporte individual. E o faz justamente no esporte que mais deu medalhas ao Brasil em Olimpíadas: agora, são 24 medalhas oriundas do Judô. 

Todo esse tempero deu um molho saboroso à medalha conquistada no Budokan. Para a própria Mayra, foi sua conquista mais importante. Muito emocionada após a vitória, ela falou um pouco sobre a trajetória e aproveitou para agradecer a familiares e comissão técnica que a acompanharam durante o ciclo olímpico."Acho que é a conquista mais importante para mim. Foram difíceis os últimos tempos, bem difíceis, tem que superar, superar de novo e de novo. Não aguentava mais fazer cirurgia, ainda mais no momento que vivemos, tive medo, angústia. Mas continuei. Dar o nosso melhor vale a pena", afirmou.Essa emoção tem justificativa: a judoca sofreu uma grave lesão no ligamento cruzado do joelho esquerdo durante missão do Comitê Olímpico do Brasil (COB) na Europa em setembro de 2020. Foi operada em novembro e logo ali iniciou o processo de recuperação até voltar aos tatames em Junho, no Mundial de Budapeste: pouco mais de um mês antes da Olimpíada. Na Hungria, deu bons sinais de que voltaria a lutar por medalhas em Tóquio, mesmo caindo logo na segunda luta."Não conseguiria nada sem minha família, me apoiaram em tudo e estavam comigo nos momentos mais complicados. Obrigada por me apoiar, por me aguentar, eu sou bem chata às vezes. Energia boa. TPM, cansada, com dor, estava comigo. Meus técnicos, apoio, todos. Que me fazem levantar todos os dias. Obrigada por estarem ali. Beijo para o seu Moacir. Me fez amar luta no chão. Pensei: 'Não vou soltar, tenho potencial para ganhar essa luta'", falou à TV Globo. Mayra emocionada após conquista do bronze (Foto: Júlio Cesar Guimarães/COB) Caminho bronzeado A estreia foi ligeira: Mayra precisou de 40 segundos para dar um ippon na israelense Inbar Lanir e garantir uma vaga nas quartas de final. Ali, Mayra imediatamente manteve acesa a oportunidade de subir ao pódio novamente já que, mesmo em caso de derrota na fase, teria acesso à repescagem para o bronze.

Foi exatamente o que aconteceu. A briga pelo ouro acabou no Golden Score, em derrota para a  alemã Anna-Maria Wagner, atual campeã mundial. A brasileira iria para a repescagem. Mayra imobiliza adversária no tatame do Budokan (Foto: Júlio César Guimarães/COB) Na primeira luta da busca pelo bronze, tomou calor da russa Aleksandra Babintseva e precisou ser firme para controlar o ímpeto da adversária. Foi um combate cansativo, com punições por falta de combatividade (Shido) para os dois lados. Antes do fim, Mayra tomou o controle da luta e quase derrubou Babintseva, que tomou mais duas punições e foi desclassificada.

Enfrentaria na disputa do bronze a sul-coreana Hyun-ji Yoon, derrotada na semifinal para a francesa Madeleine Malonga. Foi uma outra luta com estudo e shidos para os dois lados até que Mayra conseguisse levar a sul-coreana ao chão e vencer por imobilização com um kuzure-kami-shiho-gatame. O golpe de bronze, de Mayra, do Brasil e da história olímpica desse país.