50 anos de Woodstock: três dias de música, paz e amor

Maior festival de música do mundo foi marco da cultura hippie

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  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 15 de agosto de 2019 às 10:40

- Atualizado há um ano

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Realizado entre os dias 15 e 17 de agosto de 1969, na fazenda de Max Yasgur, na cidade de Bethel, Nova York, o lendário Festival de Woodstock, produzido por Michael Lang, representou o auge da contracultura nos anos 60 quando toda uma geração entre 20 e 30 anos pregava pela paz amor e liberdade. O festival chegou no momento certo em que o estilo de vida dos hippies propunha uma nova forma de encarar a vida e protestava contra a absurda Guerra do Vietnã que traumatizou os americanos. Foi uma combinação de música, sexo, drogas e rock and roll. Até hoje, mesmo sem uma comemoração oficial como chegou a ser anunciada, Woodstock ainda está no imaginário daqueles que curtiram os dias de festa e as novas gerações que ouvem falar do impacto que evento causou. The Who (divulgação) Nem os organizadores esperavam atrair tanta gente como aconteceu. Cerca de 500 mil pessoas enfrentaram o desconforto, a falta de infraestrutura, a lama, a falta de água, comida e acomodações. Um verdadeiro caos que engarrafou a estrada que levava a Bethel e contou com a solidariedade de moradores que, vendo aquela horda de jovens naquele caos, resolveram ajudar. Mas quem esteve presente pode testemunhar grandes atrações como Greateful Dead, John Sebastian, Joan Baez, Sly and Family Stone, Jafferson Airplane, Joan Baez, Ritchie Haves, Ravi Shankar, Tem Years After e Creedancve Clearwater Revival, além de de muitos outros.

Mas os que saíram consagrados foram Santana, Joe Cocker (com a fabulosa interpretação do clássico dos Betales, With a Little Help from My Friends), The Who, Janis Jolin e Jimi Hendrix. Como esquecer a performance de Roger Daltrey (The Who) cantando trechos da ópera rock Tommy? E Jannis Joplin com Summertime, dos irmãos George e Ira Gershwin? E Hendrix incendiando a plateia com o hino dos EUA The Star-Sangled Banner? Ou o Soul Sacriface com Santana? Jimi Hendrix e Janis Joplin em Woodstock (divulgação) Documentário, filme e livro

Tudo isso está registrado no filme documentário Woodstock, lançado em 1970, com direção de Michael Wadleigh e edição de Martin Scorsese e Thelma Schoonmaker. Foi indicado ao Oscar de Melhor Trilha-Sonora, Melhor Edição e Melhor Documentário, vencendo este último. Em 1994, foi lançada a versão oficial do diretor, expandida para 225 minutos. Em 1996, a edição original foi selecionada para preservação no Registro Nacional de Filmes da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.

No ano de 2009, o diretor Ang Lee, vencedor do Oscar de Melhor Direção por O Segredo de Brokeback Mountain, lançou o filme Aconteceu em Woodstock. Uma comédia inspirada na história real de Elliot Tiber (Demetri Martin), um rapaz que teve um papel fundamental na criação e na repercussão do famoso festival de música de Woodstock.

E para a data não passar em branco, já que o evento que comemoraria os 50 anos foi cancelado, o produtor Michael Lang está lançando, com Holly George-Warren, o livro A Estrada para Woodstock (Ed. BelasLetras). O livro apresenta 88 fotos, muitas delas inéditas, e todos os setlists das bandas que subiram ao palco. O projeto gráfico foi desenvolvido pela ilustradora e designer Giovanna Cianelli. Os filhos de Woosdstock no Brasil

O festival causou tanto impacto que no Brasil houve algumas tentativas de se realizar uma espécie de Woodstock tupiniquim. Teve o Festival de Saquarema, produzido por Nelson Mota, em 1976, com Rita Lee, Raul Seixas, Angela RoRo. O evento ganhou um documentário Som, Sol & Surf – Saquarema, dirigido e produzido por Hélio Pitanga. Antes, teve outro festival famoso: o de Águas Claras realizado em Iacanga, interior de São Paulo, em 1975. Participaram Os Mutantes, Som Nosso de Cada Dia, O Terço, Moto Perpétuo, Terreno Baldio e Walter Franco, entre outros. A exemplo de Saquarema também ganhou um filme documentário, O Barato de Iacanga, de Thiago Mattar. O festival teve mais duas edições. Em 1981, com Raul Seixas, Alceu Valença, Jards Macalé, Jorge Mautner, Luiz Gonzaga e Gilberto Gil; e, em 1984 ,com uma surpreendente participação de João Gilberto.

Versão baiana

Claro que a Bahia também teria o seu woodstock. Aconteceu primeiro, timidamente no antigo Campo da Graça, em 1975, com Mar Revolto, Banda do Companheiro Mágico, Carlinhos Cor das Águas e Gilberto Gil. “Eu sempre quis fazer o Woodstock baiano”, revelou à reportagem o empresário e produtor Silvio Palmeira. Em 1977, fez o Festival de Música de Itaparica com repercussão na mídia nacional e teve como atrações Luiz Melodia, Novos Baianos, Armandinho Dodô e Osmar, Ricardo Augusto e Marco Antonio Queiroz. Comemoração em Salvador

De amanhã (16) a domingo, irá acontecer em Salvador, no Porto da Barra, o evento Nós Por Exemplo, celebração gratuita no Porto da Barra que irá reviver o festival Woodstock e a Tropicália. Terá a realização de shows acústicos, onde os artistas farão homenagem aos dois acontecimentos históricos.

45 anos depois fui conhecer Woodstock

Numa viagem aos Estados Unidos em 2014, exatamente para New York, onde fui cobrir um evento, aproveitei e fui com o forrozeiro Del Feliz, que estava lá conhecer o local onde aconteceu Woodstok há 45 anos. Tivemos como guia o mineiro Breno Ferrrari, que mora há muitos anos nos EUA e foi nosso anfitrião. Marrom e Del Feliz em visita à fazenda que sediou o lendário destival (foto/divulgação) Durante o dia, percorremos toda a fazenda e em especial o local onde foi montado o palco dos shows. Passados tantos anos, tudo está conservado, foi criado um museu e uma loja onde são vendidos produtos que remetem àquela época. Para mim, que sempre tive o rock na veia, foi emocionante conhecer esse histórico sítio.