51 coisa nenhuma

Por Aninha Franco

  • D
  • Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2018 às 03:32

- Atualizado há um ano

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O Brasil está profundamente chato! Dividido entre petistas e antipetistas, mestiços e racistas reais ou imaginários, LGBTS e heteros, corruptos e honestos, elites e zelites, ele não consegue construir nada porque divisão é a operação matemática inversa à multiplicação. 

Essa obsessão divisória deve ser sequela do lulopetismo, que assim que chegou no poder, em 2003, começou a discutir tudo em seminários, sem jamais concluir coisa alguma. Mas dividindo todxs. Por isso, quando Lula discursando para sua seita, domingo, 8 de abril, disse que ele agora era uma ideia, a representação mental de algo concreto, abstrato ou quimérico, e muita gente viu uma água ardente 51, eu vi o Brasil dividido, brega, velho, sem projetos, mal-humorado e triste que Lula idealizou. Então, nada de 51 como espalharam por aí.  

Há muito tempo o Brasil não tem a alegria de uma boa ideia. Com Dilma, entre uma pedalada e outra, pós prisão de João Santana, ouvindo loucuras, o Brasil não foi feliz, mas deu suas últimas gargalhadas. Quando não se tem uma boa ideia, um caminho é fazer o povo rir. É a lógica do teatro. Porque é impossível manter seriedade diante das ideias de Dilma.  Temer, que parece sem ideias, bem que poderia nomear Dilma porta-voz de sua presidência, com autonomia para dizer o que quisesse. Executar não, que ela é capaz de fazer o peão levitar! Só dizer! Saudar a mandioca, orgulhar-se da mulher sapiens,  propor o estocamento de vento e acrescentar coisas novas, Dilmices inéditas para alegrar o Brasil que a cada noticiário chora. 

É uma grande injustiça que Dilma atualmente distraia a imprensa internacional com esse papo de golpe, chatíssimo, patrocinada por nós, e nós tenhamos que suportar Gleisi Hoffman ao quadrado, como presidente do PT e como porta-voz de Lula, que parece adorar uma loura...

Por que Lula, o tutor de Dilma Rousseff, o cara que fez sua seita eleger a “mulher de Lula” em 2010 e em 2014, não fez dela sua porta-voz? Por que a “Ideia” só tem péssimas ideias? Porque é uma ideia obtusa da “Ideia” fazer de Gleisi sua voz. Uma “Ideia” condenada a 12 anos por corrupção e lavagem de dinheiro com uma porta-voz acusada de se eleger superfaturando taxa de administração cobrada de funcionários públicos, pensionistas e aposentados endividados que recorreram a empréstimos consignados é a desmoralização do Brasil. 

Disso a imprensa internacional não é informada. Que o PT, segundo a PF, arrecadou mais de 100 milhões de reais em cinco anos aplicando esse estelionato, e elegeu Gleisi senadora com ele a imprensa internacional não recebeu notícia. E Gleisi é a Voz da “Ideia”!

Além de escorchar velhinhos – Lula da Silva que se cuide, mas os dois são brancos e eles que se entendam –, Gleisi é “uma ideia” esganiçada. Gleisi fala e, imediatamente, pensa-se (...) Deixa pra lá! Os tempos estão repletos de ideias bizarras, mas elas não durarão para sempre. 

Minha mestra Hannah Arendt me ensinou que “o poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo e existe somente enquanto o grupo se conserva unido.” Como há tudo no Brasil, menos união, os tempos sombrios estão por um fio.