A caça - sem sucesso - por gasolina mais barata em Salvador

Preço mais caro após o reajuste chegou a R$ 4,59

  • Foto do(a) author(a) Nilson Marinho
  • Nilson Marinho

Publicado em 3 de maio de 2018 às 15:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Não tem adiantado sair por aí procurando o posto mais em conta para abastecer. Essa, talvez, seria a solução para o motorista economizar já que o combustível está mais salgado nos postos em Salvador. Os preços deram uma virada logo após o feriadão do Dia do Trabalhador nesta quarta-feira (2) pegando muita gente de surpresa.

Levantamento feito pelo CORREIO na manhã desta quinta-feira (3) mostra que o preço mais caro após o reajuste é de R$ 4,59 no posto Shell perto da Unijorge na Avenida Paralela. A variação no preço da gasolina, dizem os motoristas, é mínima, quase não há muita diferença de um posto pra outro. Então, se a premissa é economizar, não vale a pena sair por aí, esvaziando o tanque a procura da bomba mais generosa. 

E se os preços estão em alta, fica difícil não cair na tentação de abastecer em um posto que oferece gasolina de origem duvidosa - aqueles que não apresentam bandeira. Mas essa acaba sendo, às vezes, uma das alternativas do vigilante Márcio Souza, 34.

"Sabemos que a longo prazo isso é ruim porque acaba estragando o carro. A gente abastece em postos bem mais baratos, sem bandeira, com um pé atrás", conta Márcio, que já chegou inclusive a passar o maior perrengue logo após abastecer em um estabelecimento sem bandeira. "O carro começou a fumaçar, deu o maior problema", lembra.

Antes do aumento, o vigilante abastecia por semana algo em torno de R$70. Agora, não passa de R$40. Foi o que ele fez na manhã desta quinta-feira (3), quando, dessa vez, escolheu um posto com bandeira Shell, na Avenida Vasco da Gama. Por lá, a gasolina aditivada custa R$3,99 e a comum R$4,52.

O motorista particular Renato de Jesus, 43, só coloca o carro para rodar se for um compromisso importante, ou algo que ele não possa fazer a pé. Passeios e viagens nem pensar a partir de agora. Sai por aí procurando gasolina barata, fora de cogitação também.

"Um exemplo: eu saio daqui e ando cerca de 1km, 2 km em busca de um posto mais barato. Chegando lá, a diferença vai ser pequena, de R$0,10, R$0,20. Colocando no lápis, gastei muito mais procurando", ilustra o motorista.

Com as bombas vazias, funcionários do posto de combustível conversavam entre si.  “É a resenha do final de semana”, disse o caixa de pista Gemarcos Santos, 40 anos.  Questionados se o motivo era p valor do combustível – um dos mais altos da cidade –, um deles respondeu: “É, mas isso é questão de horas. Daqui a pouco todos os postos estarão com o mesmo preço da gente. A tendência é essa”, disse o frentista Alex Jesus dos Santos, 34    

Reclamações Um frentista que trabalha em um posto da Avenida Bonocô, que preferiu não se identificar, conta que a maioria dos motoristas, sem saber de onde vem o aumento, coloca a culpa nos donos dos postos.  "Eles se aproximam e quando olham os preços tomam um susto, colocando a culpa no patrão, até de ladrão eles chamam", conta. 

A alta significativa nos preços, tem a ver com o repasse dos aumentos sucessivos praticados pela Petrobras e acabam pesando, no final das contas, nas bombas dos postos e, claro, no bolso do consumidor. É aquele ditado: "Me ajuda que eu te ajudo". Nesse caso, cada um por si. 

Em Salvador, segundo levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço de venda das refinarias aos postos foi de R$ 3,61 a R$ 3,711 entre os dias 18 de fevereiro e 28 de abril, data do último relatório disponibilizado. Já nos postos, o valor cobrado do consumidor foi de R$ 4,34 a R$ 4,038.

De acordo com o site da Petrobras que trata de relacionamento com os consumidores, o preço de venda da gasolina pela petroleira para as refinarias variou, entre os dias 21 de março a 3 de maio, de R$ 1,5960 para R$ 1,7893, em nível nacional. 

* Com a supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier