A capoeira de Mestre Bimba ajudou a socializar as diferenças

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  • Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2018 às 14:00

- Atualizado há um ano

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Filho de Luís Cândido Machado e de dona Maria Martinha do Bomfim, Manoel dos Reis Machado nasceu em 23 de novembro de 1899, na Freguesia de Brotas, Engenho Velho na cidade de Salvador, Estado da Bahia. Ele foi registrado em 1900. Por isso, há duas datas do seu nascimento.

Sua trajetória na capoeiragem iniciou-se em 1912, pelas mãos de um descendente de africano de nome Bentinho e em 1918 cria a Luta Regional Baiana ou a Capoeira Regional, fundindo a capoeira com o batuque, modalidade  na qual seu pai era campeão. Segundo Bimba, nesta época, a capoeira estava em decadência, encontrando-se apenas com alguns golpes, não mais que nove,  e a ginga. Talvez, sem esta iniciativa, a capoeira teria o mesmo rumo que teve a luta batuque, que desapareceu. Hoje, os movimentos do batuque (os movimentos desequilibrantes) são encontrados na Capoeira Regional.

No ano de 1932, fundou a primeira academia especializada na rua do Bângala, no Campo da Pólvora. Nessa época, ensinava também em sua residência, na Roça do Lobo. Em 9 de junho de 1937, é registrada a sua escola de capoeira na Secretaria de Educação Saúde e Assistência Pública, tornando-se, assim, a primeira academia de capoeira oficializada.

Em 1938, ensinava a Regional no quartel do CPOR. Instalou a sua segunda academia em 1942, no Centro Histórico. Em 23 de julho de 1953, quando o Presidente Getúlio Vargas assistia no Palácio da Aclamação, juntamente com o Dr. Régis Pacheco, então Governador da Bahia, uma apresentação da Capoeira Regional pelo Mestre Bimba. O presidente afirmou que a capoeira era o único esporte verdadeiramente nacional.

Em 1968, ele reúne seus discípulos na sede no Nordeste de Amaralina, palco das celebrações da Capoeira Regional para comemorar os 50 anos.

O presidente Médici o assistiu em Goiânia no ano de 1971, durante a Expo / Goiás. Em 1972/3 transferiu-se para Goiânia, onde veio falecer vítima de derrame cerebral, seguido de parada cardíaca no dia 5 de fevereiro de 1974. Seus restos mortais foram trazidos para Salvador em 1978, sendo depositados em jazigo de n. 194 da Ordem Terceira do Carmo, no Centro Histórico, em 5 de fevereiro de 1994.

Em 12 de março 1996, a Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia o reconhece como Doutor Honoris Causa. Mestre Bimba foi o primeiro mestre de capoeira a ser reconhecido pela universidade com o este título acadêmico.

Em 2005, o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, admite Mestre Bimba na Ordem do Mérito Cultural, na classe de Grã Cruz.

Considerando que ele iniciou a criação da Regional em 1918, neste ano, os urucungos do mundo afinam-se em uma só nota em comemoração ao centenário deste legado.

Mesmo desprovido de recursos financeiros, nem ter sido alfabetizado pelos códigos do mundo acadêmico, mas sim pelos versos da sabedoria da cultura popular, dentre os aspectos que chamam a atenção no trabalho do meu pai, eu destaco dois.

O primeiro é o protagonismo que ele assumiu na descriminalização da capoeira, contribuindo para modificar o significado de uma prática marginalizada em veículos de educação. O segundo é a forma democrática e igualitária que ele desenvolvia seu trabalho. Diferente de outras formas de diferenciação social presentes no cotidiano e assentadas em raça, sexo, religião ou renda, seu trabalho oportunizava a socialização do preto com o branco, o homem com a mulher, o religioso com o ateu, o pobre com o rico, todos irmanados pelo gosto da capoeira.

Mestre Nenel é mestre de capoeira e filho de Bimba

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