A CBF continua em silêncio...

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  • Miro Palma

Publicado em 12 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O relógio já marcava os 40 minutos do segundo tempo entre Bahia e Grêmio, no último sábado, quando o atacante do tricolor gaúcho, Marinho, tentou mais uma jogada.  O volante Gregore acompanhava toda a movimentação do rival na grande área. Na disputa pela bola, a mão de Gregore triscou em Marinho e o jogador foi ao chão. O juiz Rodolpho Toski Marques, que estava de frente para o lance, ainda recebeu uma pesca do auxiliar de fundo que, também, estava bem posicionado: “Não, não, não!”. Ainda assim, marcou o pênalti. E o time gaúcho empatou em 2x2 com Bahia...

Uma semana antes, no dia 30 de setembro, o meia do Internacional, Camilo, cobrou uma falta aos 36 minutos do segundo tempo. O atacante do Vitória, Lucas Fernandes, estava dentro da área para compor a barreira, mas se adiantou para fora antes da bola chegar até ele e ser cortada com a mão. O árbitro Sávio Pereira Sampaio estava perto da jogada e, mesmo sem ter olhado para o local da cobrança ou demonstrado a menor convicção, marcou a penalidade máxima. O Internacional ganhou o jogo por 2x1 contra o rubro-negro.

Os dois episódios se juntam à coleção de erros grotescos da arbitragem brasileira que, nos últimos tempos, têm se tornado cada vez mais frequentes. Além disso, os dois exemplos possuem mais uma coisa em comum: o fato de os erros terem favorecidos times do eixo Sul-Sudeste, em detrimento a clubes nordestinos.

Antes dos polêmicos pênaltis nas duas partidas, era visível a resistência dos árbitros em apontar faltas em favor dos clubes baianos e o mesmo não aconteceu com os times do Sul. No jogo mais recente, por exemplo, depois que o gol marcado pelo volante do Grêmio, Cícero, foi anulado corretamente por causa de um impedimento, os jogadores foram todos em cima do juiz e o camisa 8 Maicon, em especial, chegou com bastante agressividade, apontando o dedo no rosto de Toski diversas vezes. Porém, nada foi feito. Momentos depois, quando Juninho Capixaba seguia em uma jogada, interrompida pelo carrinho do zagueiro tricolor Jackson, que tocou apenas na bola, o juiz apitou falta e ainda deu o segundo amarelo para o zagueiro, que culminou com a sua expulsão. Impossível entender o critério. 

Além de Sávio, Daniel Henrique da Silva e Ciro Chaban Junqueira, todos do Distrito Federal, responsáveis pelo jogo entre Vitória e Inter, foram punidos pela CBF na semana passada. Outros seis também entraram na lista da confederação. O castigo: um rebaixamento para apitar jogos da Série B, onde passarão por um “período de reavaliação”. Pobre da Série B que, além de todas as dificuldades que já enfrenta, vai ter que lidar ainda mais com o amadorismo da arbitragem. Isso não resolve, meus caros, só enfraquece o campeonato.

Quanto a Rodolpho Toski, ainda não sabemos o seu destino. A CBF não se pronunciou sobre o tema e, mesmo que o fizesse, seria com alguma posição descabida como esse “rebaixamento”. Enquanto eles tratarem a arbitragem como um acessório em todo o espetáculo do futebol, vamos ter essas discrepâncias. Ouvi tanto, quando mais novo, que em certos jogos a “camisa pesava”. Custei a acreditar que, em 2018, com a profissionalização tão avançada do esporte, isso ainda acontecesse por essas bandas, especialmente no maior campeonato do país. Mas parece que não mudamos muito. Os árbitros continuam sem a preparação adequada e a CBF, por sua vez, fecha os olhos para o problema. Enquanto isso, o espetáculo só fica mais pobre e sem credibilidade.  

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras