A consciência negra me fez continuar

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  • Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2018 às 05:05

- Atualizado há um ano

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Diversos momentos pensei em desistir. Ser um jovem negro, gay, interiorano e ter a pretensão de projetar a carreira tendo como fio condutor de produções essas subjetivações, foi uma escolha árdua e corajosa. As vezes nos perguntamos se, realmente, valerá a pena insistir. Se não fomos ousados demais em querer desobedecer o destino social dado. Por nossas existências não serem consideradas relevantes, muitas vezes o nosso conhecimento é descredibilizado. Mesmo perseverando, essas possibilidades abertas, são concessões limitadas. Parece uma ilusão!

Porém, no mês da Consciência Negra, assisti uma mesa sobre trajetórias de vidas brasileiras racializadas. Tive a oportunidade de ouvir histórias de enfrentamento a imposição do destino do fracasso ou subalterno, conhecido como racismo. Experiências que me motivaram a continuar pelejando. Não era uma mesa com temática culturalista, onde instituições convidam pessoas negras notáveis para fazerem palestras genéricas sobre preconceito, dançar ao som de uma banda afro e fazer oficina de turbante. Era uma mesa sobre representação, trajetórias e histórias de vida de pessoas negras reais, como eu.   Aquela experiência me fez acreditar que meu sonho deve valer a pena. Não é possível o contrário. Ter referências negras e representações positivas valeu a pena naquela manhã. Apropriar-se do espaço é importante, pois podemos ser referências para outros que também pensaram em desistir pela violência das estruturas racistas. Eu escolho resistir! Por mim e por outros que me seguirão, não tenho outras alternativas a não ser continuar pelejando. Não vou me boicotar!   Aquelas consciências negras inspiraram a minha consciência, que fará mudar outras consciências. Não há luta contra o racismo que não perpasse os espaços que legitimam o poder. Por isso, precisamos tornar mais acolhedoras e solidárias as vivências negras nas disputas desses espaços, entre nós. Negro não vive como outros brancos, negro disputa para continuar vivo. A prática diária de combate ao racismo, primordialmente, é abraçar e inspirar os nossos para nos manter vivos e fortes.  

A consciência negra me fez continuar.

Vinícius Zacarias é pesquisador, ativista, gestor cultural e “um homem que questiona”