A conta não bate; algo está errado

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Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Bahia 0x1 Botafogo-PB, dia 18, primeiro jogo do Esquadrão em casa na temporada: 11.343 torcedores pagantes. Arrecadação bruta na Fonte Nova: R$ 192.489,50. Renda líquida: R$ 40.644,12, equivalente a 21% do total.

Vitória 2x2 Juazeirense, primeiro jogo do Leão em casa no ano: 3.749 pagantes. Arrecadação bruta no Barradão: R$ 40.134. Renda líquida na conta do Vitória: pasme, R$ 4.768,85, equivalente a 11,8% do total. Isso sem contar os R$ 3.467,20 negativos da preliminar entre Atlântico e Vitória da Conquista, já que todas as receitas da rodada dupla realizada no estádio rubro-negro foram registradas no borderô do jogo de fundo. Se contasse, seriam apenas 3,2%.

Parece inacreditável, mas é verdade que 88,2% do valor arrecadado na partida entre Vitória e Juazeirense, no domingo, foi parar na rubrica “despesas”. 

Tem de tudo que o torcedor pode imaginar e também o que ele nem imagina: 2,5% de impostos e taxas locais, 5% para a Federação Bahiana de Futebol (FBF), mais 5% de INSS, outros R$ 10.369,80 destinados ao Fundo Especial de Aperfeiçoamento dos Serviços Policiais (Feaspol) e ainda R$ 4.282,80 referentes ao lanche da Polícia Militar em serviço, além de R$ 1.100 gastos com logística de credenciamento da imprensa, entre outros.

A taxa da Feaspol obriga os proprietários de clubes esportivos e estabelecimentos comerciais e industriais a contribuir com o Estado na modernização de equipamentos para as polícias Civil e Militar. A cobrança é anual. Ainda assim, sem ela no borderô, o Vitória arrecadaria só 37% do total. E a Arena Fonte Nova ficaria com 28%.

É muita “gente” fatiando um bolo que nem é grande, considerando a realidade do futebol. E não é de hoje. Mas não vejo os clubes se organizarem para mudar esse cenário.

Saindo de quem produz o espetáculo, agora o olhar está para quem consome, o torcedor. Férias escolares, termômetros a 33º C, ensaios do Harmonia, Olodum, Parangolé, Psirico, Léo Santana, Jau preenchendo a agenda, fora as demais possibilidades envolvendo música (algumas gratuitas), praia e sol que a cidade oferece no Verão.

Em campo, os times iniciam a temporada com elencos ainda em formação, com jogadores recém-chegados e à espera de outros que só chegarão dentro de um a três meses. Há raros ídolos para ver, e o nível técnico da primeira fase tanto do Campeonato Baiano quanto da Copa do Nordeste também deixa a desejar.

Eis a outra banda do problema: verdade seja dita, o futebol não é um programa atraente para o torcedor em janeiro. Nem será na primeira metade de fevereiro, com Iemanjá, Fuzuê e Furdunço aquecendo até o ápice, no Carnaval.

Se os clubes não arrecadam e os torcedores pouco se interessam, é nítido que há um problema. O desafio é encontrar a solução. É inconcebível existir tanto penduricalho que comprometa a maior parte da renda dos jogos, então o que pode ser mudado? O que levaria o torcedor do Vitória para o Barradão, o do Bahia para a Fonte Nova e o do Fluminense de Feira para o Joia? A FBF poderia usar melhor esses 5% que arrecada em todas as partidas do estadual? As perguntas não alteram a realidade, mas se servirem para encontrarmos as respostas, já terão ajudado.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.