A Cor do Som lança álbum com clássicas e inéditas para comemorar trajetória

O disco traz cinco canções inéditas, conta com vários convidados especiais e só está disponível nas plataformas de streaming

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  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 31 de março de 2018 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Daryan Dornelles/divulgação

Surgido nos anos 70, o grupo A Cor do Som sempre foi sinônimo de música de qualidade, composta por instrumentistas de primeira linha. Fez muito sucesso e arrebatou gerações. Nesse tempo, os músicos se separaram, partiram para carreira solo, mas nunca se afastaram definitivamente.

 De vez em quando, se reecontravam. Até que, agora impulsionados pelo saudosismo dos mais velhos e curiosidade dos mais jovens, que descobriram a banda, eles se reuniram para comemorar 40 anos de carreira. E o melhor, com a formação original. Armandinho (guitarra), Dadi (baixo) Mú (teclados) Ari Dias (percussão) e Gustavo (bateria) se reuniram no álbum A Cor do Som - 40 Anos, lançado somente nas plataformas de streaming. 

Uma comemoração desse nível  não poderia deixar de fora nomes importantes. O disco conta com as participações especiais de Gilberto Gil, Roupa Nova, Samuel Rosa, Lulu Santos, Djavan, Moska, Flávio Venturini e a banda Natiruts. Para o crítico Antonio Carlos Miguel, que escreveu o texto de apresentação do CD,  a banda é um caso raro de grupo que se mantém unido e criativo em quatro décadas de carreira: “A Cor do Som comemora o feito com um disco certeiro e vigoroso”. O repertório de 40 anos tanto aponta para o futuro, com cinco canções novas, quanto reafirma o passado original da banda, em sete regravações de clássicos tirados de seus primeiros álbuns.  A Cor do Som em foto dos anos 80: o grupo é dono de vários hits, que ganharam releituras (Foto: Arquivo Correio)  O resultado é vintage, fiel ao estilo criado pelo quinteto, mas também contemporâneo, em refinada produção do Roupa Nova Ricardo Feghali (que participou no piano ou nas programações e dividiu os arranjos com  a banda). A Cor do Som - 40 Anos terá também uma versão lançada em vinil. Convidados

Em conversa com a reportagem do CORREIO, Mú Carvalho, que hoje trabalha na Rede Globo, comentou: “A gente começou a pensar nesse disco há algum tempo. Ia se encontrando no estúdio quando dava... Chegamos a gravar sete a oito bases, mas não conseguíamos finalizar. Aí, chamamos o Ricardo Feghali para produzir. E o encontro terminou dando certo, porque há uma admiração mútua entre nós da Cor do Som e os meninos do Roupa Nova”, diz Mú.  O disco tem as participações de Gilberto Gil (voz e violão em Abri a Porta), Roupa Nova (em Alto Astral), Samuel Rosa (voz em Zanzibar), Lulu Santos (voz em Swingue Menina), Djavan (voz em Alvo Certo), Moska (violão e voz em Magia Tropical), Flávio Venturini (órgão e voz em Eternos Meninos) e Natiruts (em Semente do Amor).

Também muito contente com o resultado final do trabalho está Armandinho Macêdo: “Esse nosso encontro é sempre bom. O público vive querendo esses revivals e nós quando nos encontramos é sempre uma festa”. Armandinho também reconhece que só agora, com o passar dos anos, tomaram consciência da importância do grupo na difusão da música instrumental.

E cita experiências pessoais: “Nós influenciamos toda uma geração e ficamos felizes quando ouvimos nomes como Yamandu Costa e Hamilton de Holanda citando a gente. Kiko Moreira disse ter ouvido muito a mim e Pepeu Gomes. E hoje ele é um dos maiores guitarristas do mundo”, revela Armandinho.  Antonio Carlos Miguel é enfático em sua apresentação: “A Cor do Som foi a grande surpresa da música brasileira em fins dos anos 1970, antecipando o rock que iria imperar na década seguinte.” O grupo, na verdade, começou a nascer no primeiro álbum solo de Moraes Moreira, em 1975, recém-saído dos Novos Baianos, banda que integrava desde 1969. 

Estavam nessas gravações Dadi (o jovem baixista carioca que tinha entrado para a comunidade musical dos Novos Baianos e também tocava com Jorge Ben), Armandinho (o mestre da guitarra baiana e do bandolim, filho do Osmar, um dos inventores do trio elétrico), Gustavo (outro carioca, baterista que veio do grupo A Bolha e também músico de Jorge Ben) e  Mú (pianista e tecladista, irmão caçula de Dadi), estreando profissionalmente  e, logo em seguida, incorporado à banda.

Já Ary Dias (percussionista baiano que veio da Banda do Companheiro Mágico) tocou no disco de estreia d’A Cor do Som, mas só entrou oficialmente, completando a formação clássica, a partir do segundo álbum. Quando surgiu, no fim da década de 70, A Cor do Som experimentava novos padrões de som e valeu-se das vivências anteriores de seus integrantes com  artistas como Moraes Moreira e Pepeu Gomes. Por isso, era considerado um movimento pós-tropicalista. 

Entre as músicas inéditas está  Alvo Certo, gravada com Djavan, que está também no clipe já disponível. Embora lançada em 2008 por Alexia Bomtempo, a canção ganha, pela primeira vez, o registro de Dadi, que compôs a faixa com o filho André Carvalho: “Mostramos algumas músicas para o Djavan e ele escolheu essa. Ele cantou lindamente, melhorou a música. Fiquei até sem graça de cantar com ele, porque eu falava que  nunca fui cantor e ele me repreendia. Dizia: ‘você é sim’. Aí eu acreditei”, diverte-se Dadi.

FICHA

Disco: A Cor do Som - 40 anos

Artista : A Cor do Som

Produção : Ricardo Feghali

Gravadora:  Boogie Woogie Music

Disponível  Nas plataformas de streaming