A democrática bola baiana

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  • Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2017 às 05:04

- Atualizado há um ano

Para um desavisado pode até não parecer, mas a verdade é que esses dias em que estamos de 2017 são simbólicos para o futebol baiano. Num intervalo de menos de uma semana, Bahia e Vitória vão passar por eleições diretas e democráticas. Os caminhos de cada um até este momento foram distintos, é verdade, mas o destino (ou a incompetência) tratou de aproximar os eventos dos dois clubes.

Do lado tricolor, onde a democracia já tem alguma consolidação, Marcelo Sant’Ana deixa para o próximo presidente um cenário bem diferente daquele que encontrou há três anos.

Os erros na condução do futebol da diretoria que se despede foram latentes, repetidos e já bem discutidos, mas de forma nenhuma invalidam o trabalho de estruturação administrativa encapado por Marcelo e sua equipe.

Diminuição de dívidas, reconstituição de patrimônio e comunicação com norte definido, ainda que soem como obrigação, são fatores positivos que não podem ser desprezados num universo em que boa parte dos dirigentes usa as agremiações apenas em proveito próprio.

É difícil cravar uma relação de causa e efeito, mas é possível dizer que, talvez, os bons alicerces da parte administrativa tenham ajudado o Bahia a superar os problemas de campo quando as falhas da própria diretoria levaram o time às cordas, como no meio da Série B em 2016 e no meio da Série A este ano.

Neste contexto, duas missões estão claras para o próximo presidente tricolor: manter – e melhorar – os ganhos administrativos e, efetivamente, fazer uma gestão em que  “a vez do futebol” seja mais que um slogan.

Do lado rubro-negro, onde a democracia ainda dá seus primeiros passos, o primeiro presidente a ser escolhido diretamente pela torcida vai encontrar uma instituição que, ao menos até agora, parece fadada à autofagia.

Há um ano, ainda sob o velho estatuto, o grupo que assumiu o Vitória ganhou as eleições com belos discursos sobre democracia e profissionalização em todas as áreas. A parte da democracia começa a ganhar corpo agora, mas o paradoxo é explícito: essas eleições repentinas só vão ocorrer porque não houve profissionalização em área nenhuma.

O Departamento de Futebol, por óbvio, o mais sensível e que merece mais atenção, certamente foi o mais maltratado. No ano, foram três diretores (ou quatro, ou cinco, a depender da contagem de quantos postos Petkovic ocupou) e contratações, em sua maioria, injustificáveis. Resultado: dinheiro jogado no ralo e o rebaixamento, literalmente, a um gol de distância.

Para além do campo, o mesmo mangue: a comunicação é lamentável, o programa de sócios mudou de mãos e afundou na bagunça - tanto do ponto de vista operacional quanto de informações – e um buraco foi aberto no caixa do clube. A renúncia do presidente (?) Ivã de Almeida é apenas o desfecho de uma gestão pífia em todos os sentidos.

Neste contexto, uma missão está clara para o próximo presidente rubro-negro: começar do zero a profissionalização que deveria ter começado há um ano.

No meio disso tudo, qual a missão dos sócios tricolores e rubro-negros? Votar conscientemente no nome que acreditar ser o melhor para o clube. O futuro depende disso.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados