A genitália do presidente

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  • Malu Fontes

Publicado em 8 de janeiro de 2018 às 08:09

- Atualizado há um ano

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Desde que Fernando Collor de Mello anunciou, em 1991, que era valente porque tinha o saco roxo, nunca mais a imprensa brasileira tinha voltado a falar dos órgão genitais de um presidente da República. É verdade que o ex-presidente Itamar Franco também foi parar nas capas dos jornais por causa de uma genitália, mas não era a sua. A genitália que levou Itamar para as manchetes e capas de revistas era alheia, da modelo Lílian Ramos. 

A modelo foi para o camarote presidencial no carnaval de 1994 e a imprensa a flagrou sem calcinha, sambando ao lado de Itamar usando apenas uma camiseta branca grande, mas não longa o suficiente para esconder a vagina da moça, que apareceu na imprensa tão desnuda e cabeluda quanto a de Eva no paraíso. 

Pênis ilustrativo Cerca de duas décadas após os testículos de Collor serem pauta do jornalismo brasileiro, entra em cena o pênis ilustrado de Michel Temer. Já estampado em mais de um veículo em forma de infografia ou de arte visual, no caso da televisão, para explicar a uretra infectada e entupida, o pênis de Temer tornou-se motivo de chacota nacional. Primeiro porque, por razões óbvias, nenhum veículo de comunicação vai apresentar ao leitor um pênis avantajado ou ereto se a razão é tão somente didática. Nesse caso, explicar ao leitor ou telespectador o que é a doença do presidente da República e como ela está sendo tratada, com a introdução de uma sonda e outras profilaxias. 

Ou seja, um pênis ilustrativo para explicar a localização e o tratamento da uretra é, convencionalmente, um pênis pequenininho, encolhido, em estado de repouso, como bem explicaria a moça que responde questões sexuais à molecada no Altas Horas. Também se recomenda que os testículos estejam murchos em um desenho dessa natureza e com esse objetivo. 

Peitinho   Piadas com os documentos do presidente, que de resto já é mesmo muito mal-diagramado, com aquele peito de pombo estufado e agora com peitinho no lugar de um peitoral, tornaram-se febre nacional. De memes a comentários em redes sociais, debocha-se de tudo: do tamanho do órgão sexual do presidente e até das razões que a primeira-dama, Marcela Temer, teria para nunca ser vista sorrindo. Como se fossem poucas as razões para tripudiar do assunto, sendo Temer impopular como é, vem o ex-deputado Roberto Jefferson e joga gasolina na fogueira da zombaria. 

Num sintoma explícito de homofobia, Jefferson elogiou na semana passada a doença do presidente. Disse que estava feliz por, “nesses tempos conturbados”, termos um presidente que tem uma doença na uretra, uma doença que só “homem viril" tem. Oi?! Primeiro, todo mundo tem uma uretra capaz de adoecer, até os eunucos e os quimicamente castrados. Mulher, homem, hétero, bi, homo, trans, pan. Enfim, a arca sexual de Noé toda. Depois, se há coisa que impede a virilidade é um canudo de plástico enfiado num pênis. Uma ereção ou tentativa de penetração, seja em uma mulher ou em outro homem, com uma sonda no meio deve doer mais que enfiar um piercing no prepúcio. Com ou sem prótese peniana, se é que me entendem.