Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.
Publicado em 4 de novembro de 2017 às 05:44
- Atualizado há um ano
Esta semana, circulou por aí a informação de que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) demitiu seu diretor financeiro e secretário-geral, Sergio Lobo. Homem de confiança de Carlos Arthur Nuzman, o executivo estava na entidade desde 2002 e, dizem, era o grande responsável pelo funcionamento da engrenagem administrativa do desporto olímpico nacional.
Até agora, Sergio Lobo não é investigado por nenhum crime. O que chama atenção mesmo é o salário que ele recebia para cumprir suas funções. Sabe quanto? Coisa de R$ 88 mil por mês, apontado como o maior entre todos os funcionários do COB.
Todos sabemos que isso pode ser até pouco no mundo dos grandes executivos, onde a grana circula num volume impensável para a maioria da população brasileira. Entretanto, vale apontar aqui o abismo existente no próprio universo desportivo.
Até o ano passado, no período de preparação para os Jogos Olímpicos do Rio, um atleta brasileiro com boas chances de ganhar uma medalha recebia do COB, no máximo, R$ 15 mil por mês. Este era o teto do Bolsa Pódio, uma categoria do Bolsa Atleta voltada para os esportistas de alto rendimento.
Veja bem: o cara ou a mulher treina a vida toda - quase sempre com estrutura inadequada -, abre mão de quase todas as horas de lazer, convive diariamente com dores e com a cobrança (dele mesmo e do público) e no final do mês ganhava, se muito, R$ 15 mil, enquanto um engravatado matava R$ 88 mil para controlar um elefante administrativo cuja maior finalidade era (é) enriquecer seus gestores.
Além disso, alguém aí acha que Sergio Lobo, na condição de secretário-geral do COB, não conhecia todas as falcatruas em que Carlos Arthur Nuzman estava envolvido? Só sendo muito bobo.
Revelações deste tipo ajudam a dimensionar a quantidade de dinheiro controlado pelos nossos cartolas. Ajudam também a solidificar, no campo desportivo, a mesma certeza que todos já temos do campo político: aqui nunca faltou dinheiro. O que sobra, porém, é o mau uso e a corrupção.
Nuzman, ex-presidente do COB, ficou apenas 15 dias preso e agora espera julgamento no conforto de seu luxuoso lar no Rio de Janeiro. Como conseguiu comprar tão valorizado imóvel – entre muitos outros bens – se, em tese, não recebia um tostão para estar à frente do esporte brasileiro? O cartola-réu nunca explicou.
Agora, as investigações da Polícia Federal mostram que toda a vida nababesca de Nuzman, cheia de viagens, restaurantes caros e muitos imóveis adquiridos, era custeada com dinheiro em espécie.
Do salário de seus funcionários particulares até as mensalidades dos mais caros clubes sociais cariocas, passando por um condomínio mensal superior a R$ 3 mil da casa onde vive, tudo era pago com dinheiro vivo.
Para a PF, essa grana parava na mão de Nuzman graças a desvios e propinas, pois quando valores muito elevados circulam somente em espécie, é mais difícil rastrear o caminho do dinheiro.
A pergunta da vez é: se o funcionário que estava imediatamente abaixo de Nuzman no COB recebia R$ 88 mil por mês, oficialmente, quanto será que o ex-presidente recebia de forma não oficial? Pode chutar um valor bem alto. Fica mais perto de acertar.