A história de Zé Manoel e de muitos pretos

Cantor compositor e pianista pernambucano lança álbum com várias referências de negritude

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  • Ana Pereira

Publicado em 31 de outubro de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação Máquina 3

Ouvir o álbum Do Meu Coração Nu, do cantor, compositor e pianista pernambucano Zé Manoel, soa como uma alento nestes tempos bicudos. Tanto pela sonoridade delicada e marcante  quanto pela narrativa necessária sobre negritude, dores e curas, da perspectiva de quem precisa e quer contar sua própria história.

Não por acaso, entre as dez canções tem dois prelúdios que fazem a síntese do que ele quer dizer: Escuta Beatriz Nascimento e Escuta Letieres Leite. O primeiro é uma fala da historiadora sergipana, retirada do documentário O Negro da Senzala ao Soul e que fala da invisibilidade do negro e do índio no país; o segundo é um áudio de WhatApp do músico baiano defendendo a matriz afro-brasileira, tanto no baião de Luiz Gonzaga quanto no toque do piano de Antonio Carlos Jobim. 

”Comecei a sentir a necessidade, há alguns anos, de falar destas questões, mas não pretendo ter um lugar de protagonismo nesta história, falo como músico, a partir de coisas que me atravessam”, afirma o artista de 39 anos, que mora em São Paulo, mas no momento passa a quarentena em Recife.

A canção História Antiga resume bem o questão, denunciado um “estado genocida de armas apontadas”  para jovens negros, mas reivindicando  paz e justiça pela ancestralidade e força de Xangô. Esta canção dialoga diretamente com No Rio das Lembranças,  parceria de Zé com o cantor Guitinho da Xambá, que evoca a proteção de Oxum e conta com participação do Grupo Bongar, do terreiro do Xambá, de Olinda.  Zé Manoel conta que não é iniciado no candomblé, mas através de vários amigos, criou uma relação de muito “respeito e interesse” pelas tradições da religião. “Queria trazer para o disco referências da cultura preta de várias frentes”, diz o músico, que conta com várias participações e homenageia o grupo baiano Ticoãs na faixa Adupê Obaluaê, que fecha o álbum.

O título-refrão, conta o artista, o acompanhou durante toda a feitura do álbum, “evocando a cura a todos os nossos traumas e feridas e a todos nós, que nesse momento atravessamos juntos uma pandemia. Uma canção de cura através da dança”, resume. O desejo ganhou mais sentido na esperança de cura do amigo e produtor Luisão Pereira, que descobriu um câncer no meio do processo de produção e chegou a trabalhar no hospital no álbum. 

Além de Luisão e Letieres, outros baianos marcam presença  no projeto, como a cantora Luedji Luna (na romântica Não Negue, que fala de amor entre negros) e o dançarino e diretor Gil Santos, que encarna o orixá e dirige o clipe de Adupê Obaluaê, gravado em Salvador. “Ele me deu a honra de volta a dançar neste trabalho”, comemora. A faixa tem arranjos de sopros de Letieres Leite e bateria de Tedy Santana. “Este é o meu álbum mais baiano”, brinca.

FICHA

Álbum: Do Meu Coração Nu

Artista: Zé Manoel

Gravadora: Joia Moderna

Disponível nas plataformas digitais 

Programa Literário: Um Dia inteiro para Drummond

Criado há dez anos,  o Dia D – Dia Drummond tem objetivo de fazer com que a data de nascimento do mineiro passe a integrar o calendário cultural do país e divulgar sua obrae. Este ano, o evento conta com uma série de atividades promovidas pelo Instituto Moreira Salles, que abriga desde 2011 parte do acervo do escritor e pela editora Companhia das Letras. Confira destaques.

Curso online - A partir de seu ensaio A Maquinação do Mundo (Companhia das Letras, 2019)  o ensaísta, músico e professor José Miguel Wisnik, apresenta em três aulas gratuitas a presença de Itabira nos poemas e textos memorialísticos de Drummond. Disponíveis em diadrummond.com.br  As aulas terão interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e legendas em português.

Filmes - Lançados pelo Instituto Moreira Salles em DVD em 2012 e 2014, respectivamente, os filmes Consideração do Poema e Vida e Verso de Carlos Drummond de Andrade serão disponibilizados gratuitamente no site https://ims.com.br/eventos/dia-d-dia-drummond/.

Sarau - Neste sábado (31), às 17h,  haverá exibição do vídeo O Sentimento do Mundo, uma leitura  de poemas do clássico livro de  Drummond ,   que completa 80 anos de publicação,  com participação de Grace Passô, Lauro Moreira, Luisa Arraes e Mel Duarte. O evento será transmitido no canal do youtube da editora: www.youtube.com/CompanhiaDasLetras>

 

Livros  - Entre os relançamentos da obra do mineiro, a Companhia das Letras destaca a prosa do poeta nos livros Confissões de Minas (seu primeiro livro em prosa) e Passeio na Ilha, com ensaios e crônicas sobre temas variados, sobretudo litearatura. R$ 79, 90 e R$ 39,90 (e-book), cada.

Maratona garantida  Eles vão deixar saudade

Os fãs de Modern Family já estão sofrendo com o fim desta série adorável e divertida, que está se despedindo do público. A 11ª e última temporada estreia no Globoplay neste domingo. Na season finale, o público vai continuar rindo e se emocionando com as histórias das famílias de Jay (Ed O'Neill) e Glória (Sofía Vergara), Claire (Julie Bowen) e Phil (Ty Burrell) e Mitchell (Jesse Tyler Ferguson) e Cam (Eric Stonestreet).    Nesta sequência, Jay e Gloria seguem juntos com o filho mais novo, Joe (Jeremy Maguire), enquanto Manny (Rico Rodriguez), filho de Gloria, partiu para a faculdade para explorar o mundo por conta própria. Enquanto isso, Claire e Phil perdem oficialmente o status de ninho vazio quando a primogênita, Haley (Sarah Hyland), começa a própria família e volta para a casa dos pais com o marido, Dylan (Reid Ewing), e seus bebês gêmeos. 

Ao mesmo tempo, o caçula do clã Dunphy, Luke (Nolan Gould), está pensando no futuro e a filha do meio, Alex (Ariel Winter), está aprendendo como equilibrar a vida pessoal e a vida acadêmica. Além disso, Mitchell e Cam estão se esforçando para entender a talentosa filha adolescente, Lily, enquanto conciliam suas ocupadas vidas profissionais. Juntos, eles dão uma visão honesta e, muitas vezes, hilária da família moderna.  Eles são o terror

O clima de halloween invade o canal Fox, que preparou uma maratona especial para este sábado, a partir das 10 h,  com todos os 31 episódios de terror de Os Simpsons. Intitulados de Treehouse of Horror, os episódios tornaram-se tradição na série, e já são esperados pelos fãs como o grande destaque de cada nova temporada. Na seleção está também Treehouse of Horror XXX, o mais recente episódio temático, que faz parte da 31ª temporada da família amarela, e será exibido às 22h30, fechando a maratona. O enredo faz paródia com a série Stranger Things e o premiado filme A Forma da Água e traz a também a Maggie endemonizada, o resgate de Milhouse de outra dimensão, o espírito do Homer aprontando por aí e Selma encontrando o amor.