A leitura de um trabalho de arte vai do simbólico

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  • Cesar Romero

Publicado em 20 de maio de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Na Paulo Darzé Galeria, Corredor da Vitória, mostra individual de Florival Oliveira, intitulada Plano Fértil, com temporada até 15 de junho. O artista iniciou-se em xilogravura, e parecem por intuição que as sobras de madeiras retiradas da matriz foram formas que lhe interessavam. Em outro contexto atual as sobras das oficinas de marcenaria do sertão baiano, servem de módulos para as obras de agora. São 40 peças, esculturas, painéis e objetos com montagem em processo de instalação sobre plano horizontal e vertical da galeria feito em madeira, aço inox, alumínio plotado e MDF com jato de tinta.

Florival Oliveira realiza suas esculturas, numa matemática sensível, quando soma, subtrai, divide, multiplica seus módulos que avançam no espaço como formas orgânicas, que trazem uma sensualidade marcante. As esculturas serpenteiam pela galeria, às vezes se tornam casulos quando ocorrem metamorfoses, planos oníricos, para ganhar e criar devaneio, na fantasia. Há em suas peças um refinado cuidado artesanal, torções bem pensadas, uma liberdade ilimitada.

As madeiras utilizadas vêm das sobras das oficinas de marcenaria do sertão baiano, onde vive. São arcos em meia lua, semi – arcos, retas, refugo das portas e janelas dos marceneiros, feitos pela serra de fita. Florival pesquisa, estuda as formas e seleciona o que lhe parece adequando para seu trabalho. Estas escolhas já indicam um caminho a trilhar e as diferentes cores da madeira, criam um novo ritmo no produto final. Há um contraste proposital entre o duro, o sólido da madeira e a fluidez das formas que marcam a conclusão dos trabalhos. Florival Oliveira sabe como poucos elevar suas peças pesadas como matéria e fluente, espontânea, límpida como resultado final.

O artista na busca de maior leveza às suas peças cria os módulos vazados em aço inox, que traz as esculturas maior leveza, quando o ar, ocupa espaço. Há uma sugestão levíssima de um vento que sopra nas articulações. A leitura de um trabalho de arte vai do simbólico, da atmosfera que passa a quem escreve. O texto da expo é de Carolina Paz, artista e cientista social, sobre o título Plano Fértil, que discorre com desenvoltura, sobre o trabalho do artista.

Na expo ainda, objetos e painéis escultóricos em MDF coberto de branco com tinta automotiva, relevos recortados de papel cartão colorido com tinta acrílica de várias cores. Estas experiências parecem uma volta ao bidimensional, de onde saiu com suas xilogravuras. Hoje o artista apresenta uma excepcional mostra solo, gerada no cuidado e na reflexão.