'A mulher pode empreender onde quiser', diz dona da Magazine Luiza

A empresária Luiza Helena Trajano conversou com o CORREIO sobre empreendedorismo feminino e como alcançar o sucesso do negócio

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  • Priscila Natividade

Publicado em 20 de agosto de 2018 às 05:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Elas são cada vez mais donas do próprio nariz e do próprio negócio. Dados mais recentes do Serviço de Apoio a  Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que só no último ano eram 35 milhões de mulheres empreendedoras no país. Em empresas em fase inicial, elas superam os homens - são 20,7  contra 19,9 milhões. 

Entre as empreendedoras brasileiras estão mulheres como Maria Luiza Helena Trajano - que está há 25 anos à frente do Grupo Magazine Luiza e também é presidente do Grupo Mulheres do Brasil. A segunda organização lançou este mês um núcleo de atuação na Bahia, somando, até o momento, 100 mulheres inscritas em todo o estado.  Uma das frentes de atuação da entidade é justamente o estímulo ao empreendedorismo feminino.

Em entrevista exclusiva ao CORREIO, a empresária destacou o papel da mulher enquanto protagonista no negócio e como esse movimento vem ganhando força. “A mulher pode empreender onde ela quiser”, afirma. Com maior capacidade de resiliência, mulher não tem medo de arriscar nos negócios, afirma Luiza Helena Trajano (Foto: Divulgação) De que maneira você enxerga o empreendedorismo feminino em um momento em que, cada vez mais, a mulher está disposta a conquistar seu espaço?  

No geral, eu vejo o Brasil como um país de empreendedores por natureza, tanto faz homem como mulher. Porém, através do empreendedorismo, a mulher consegue produzir um país melhor e ter uma emancipação econômica, e até pessoal, muito maior. Cada vez mais, ela vem se lançando a ter o seu negócio próprio, seja pequeno ou médio, que se torna grande.A mulher pode correr mais risco. Ela não foi colocada dentro de uma sociedade encaixada como o homem foi. Ela também tem esse lado de fazer muita coisa ao mesmo tempo e partir para a prática. Ela tem menos medo do erro. Qual o diferecial que ela traz e agrega ao negócio? 

O momento das mulheres protagonizarem vem crescendo e não é de hoje. Isso é uma tendência natural, até porque quem consome no mercado é a mulher. Ela quem decide o carro, o que comprar em casa. Então, cada vez mais, ela quem assume essa posição de protagonista no consumo. O perfil da mulher e do homem empreendedor não muda muito. Ela tem a mesma vontade de ser, de transformar problema em  solução. Ela paga alguns preços por conta disso, não reclama muito e faz acontecer.  Mas o diferencial que ela agrega enquanto gestora e dona do negócio é a capacidade de redirecionar com mais velocidade quando erra e a sensibilidade dela. Tudo isso é muito importante para o negócio dar certo. E qual o potencial da mulher baiana para o empreendededorismo?    

Ela é ousada, alegre. Ela é fazedora. A nordestina tem todas as características do empreendedor. A baiana é interativa, ela se comunica muito bem. São fatores fundamentais para o negócio dar certo. 

Como tirar essas ideias do papel e apostar na sua vocação empreendedora? 

É realmente ter mercado. Não adianta empreender sem ter mercado. O empreendedorismo é uma coisa boa. Agora, o que ela tem de fazer é acreditar nela. E, se não der certo  o negócio, ela fecha e monta outro. É ter resiliência. Sempre. 

O que ainda é desafio para a mulher empreendedora e de que forma essas barreiras podem ser superadas? O preconceito ainda existe com as mulheres que comandam uma empresa ou ocupam cargos de chefia?   

O primeiro é descobrir o que ela quer fazer.  Segundo é como ela vai conciliar a vida familiar sem culpa. Quanto ao preconceito, ele ainda é uma realidade, sim.  Mas, pra mim, isso é uma questão de caneta, não deveria existir de jeito nenhum. Não é nem questão de mentalidade. Isso só continua acontecendo porque somos pouco firmes nisso.  Como a mulher é quem está consumindo mais, as empresas inteligentes têm que pôr mulheres. Lógico que ainda tem preconceito em cargos altos de chefia, mas é muito menos do que há cinco anos. A gente viu esse salto em um prazo muito curto. Muito se fala em inovação quando o assunto é negócios que deram certo. O que sua experiência  tem a ensinar às mulheres que são empresárias? 

Eu costumo dizer que em uma empresa que não muda de ciclos se torna a mais perigosa possível. Você precisa tentar sempre inovar, mesmo que a necessidade ainda não tenha batido na sua porta. A mulher pode empreender onde ela quiser. 

QUEM É

Luiza Helena Trajano  Aos 12 anos, a empresária trabalhava nas férias como balconista na loja fundada pelos seus tios Luiza Trajano e Pelegrino José Donato. Luiza assumiu os negócios quando a Magazine Luiza só era uma rede de lojas localizada  no interior de São Paulo. Após 25 anos à frente do grupo, a empresa hoje conta com 885 lojas físicas. Na Bahia, são 63 unidades, 16 delas em Salvador. Em 2017,  a ‘Magalu’ faturou R$ 14,4 bilhões.