Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.
Elton Serra
Publicado em 10 de setembro de 2017 às 04:22
- Atualizado há um ano
O Vitória atingiu um nível de maturidade tática que o permitiu sair da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. O primeiro passo foi dado, e graças à correção do sistema defensivo da equipe: com Vagner Mancini no comando, foram apenas dois gols sofridos em seis partidas – ambos no Manoel Barradas. Este nível de maturidade, agora, é o trunfo do rubro-negro para o restante da competição, ao que parece.
A recomposição rápida na fase defensiva e, principalmente, a compactação das linhas quando o time está sem a bola se transformaram nas principais características do Vitória nos últimos jogos. É claro que o time também sabe jogar com a posse, mas qualificou as transições ofensivas e se transformou numa equipe letal nos contra-ataques que, apesar de velozes, contam um jogo apoiado, sempre com triangulações ou aproximações que permitem uma saída de bola mais qualificada. É um retrato que, em curto prazo, não deve mudar.
O time de Vagner Mancini parece ter adquirido segurança suficiente para jogar de forma reativa. Essa postura, aliás, deve permanecer nos jogos em casa. De certa forma, o Vitória criou uma identidade que é difícil de desfazer nas próximas rodadas: é o caminho que o time achou para, enfim, se equilibrar na Série A. O estilo de jogo terá que ser assimilado pela torcida, que deverá encontrar no Barradão uma equipe bem parecida com a que tem visto pela televisão, nos jogos longe de Salvador. Foge às características históricas do Leão, mas entrega uma sustentabilidade que o rubro-negro precisava.
Ser reativo, não necessariamente, tira o volume ofensivo do Vitória. Contra o Fluminense, Fillipe Soutto, volante mais leve, ocupará a vaga de Ramon, zagueiro de origem. Patric, que assumirá a posição de Yago, é um jogador que gosta de atacar. Com a bola, o time de Mancini terá qualidade na saída do campo de defesa e profundidade no último terço do campo. A diferença é que a posse de bola não é a mola-mestra do esquema tático da equipe. É a eficiência se sobrepondo ao estilo desejado por seu treinador, que está sabendo adaptar o jogo às características dos jogadores e, sobretudo, ao momento que vive o Vitória na Série A.
Outra questão, que desqualifica o conceito de que é covardia jogar de maneira reativa, é a ausência de verdades absolutas no futebol. É claro que muita gente adora aquela partida com posse de bola e troca de passes, mas esse estilo não faz um time vencedor se não for aplicado de maneira eficaz. Por outro lado, é possível ver uma exibição envolvente numa equipe que contra-ataca. Ser reativo impõe desafios ao técnico: saber anular o jogo de posse do adversário e explorar os espaços vazios é uma arte que premia os bons professores. Treinadores como Guardiola, que amava ter o controle do jogo, já reviram seus conceitos e adotaram outras formas de vencer uma partida. Estamos falando de um esporte que vive sob ciclos táticos que apenas se atualizam com o passar dos anos.
Para o Vitória, hoje, o mais importante é ter resultados. Porém, é possível acumular pontos jogando bem – e jogar bem é diferente de jogar bonito. A beleza depende do talento em abundância, algo que poucos clubes no mundo possuem. Para jogar bem, é preciso ter disciplina, organização. O rubro-negro, apesar de todos os percalços vividos dentro do Campeonato Brasileiro, já está chegando a esse estágio.
Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos.